tag:blogger.com,1999:blog-87515473829519064482024-03-24T11:40:31.838-01:00Escrita em Dia - José Gabriel Ávilaescrever é revelar quem sou e o que pensoUnknownnoreply@blogger.comBlogger908125tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-10842466593166127192024-03-24T11:39:00.003-01:002024-03-24T11:39:47.666-01:00Novos desafios da União Europeia <p>
</p><p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> <br /></p><br />
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> A 10ª Cimeira Europeia
das Regiões e dos Municípios reuniu nos passados dias 18 e 19 na
Bélgica sob a Presidência do açoriano Vasco Cordeiro, Presidente
do Comité das Regiões da UE, 11 semanas antes das eleições
europeias.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O evento assinalou o
30º aniversário <span lang="pt-PT">do Comité Europeu das Regiões,
instituído pelo Tratado de Maastricht, cuja primeira sessão
plenária teve lugar em março de 1994.</span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span lang="pt-PT"> </span>A
dimensão internacional desta Cimeira congregou, para além dos
<span lang="pt-PT">Comissários europeus Margaritis Schinas, Elisa
Ferreira, Věra Jourová e Dubravka Suica, ministros da Bélgica,
Letónia e França, representantes do poder local e estadual dos
Estados Unidos, Canadá e Brasil e membros dos governos locais e
regionais da Ucrânia, Mauritânia e Gâmbia. Ao todo participaram
3.500 políticos dos cinco continentes que debateram as prioridades
do poder local e regional nos desafios globais e o papel que podem
desempenhar ao nível dos organismos representados. </span>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span lang="pt-PT"> Segundo
Vasco Cordeiro, pretendeu-se analisar “</span><span lang="pt-PT"><i>o
papel dos órgãos de poder local e regional para alcançar uma UE
mais justa, mais forte e mais resiliente.</i></span><span lang="pt-PT">”
pelo que foi “</span><span lang="pt-PT"><i>o momento alto para
afirmarmos as nossas prioridades para o próximo ciclo
político-institucional da vida da União Europeia.</i></span><span lang="pt-PT">"</span></p>
<p align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="margin-bottom: 0cm;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQXrulmvOqDuPEoW4BNVg-jarD3ZGwoRij2juIzXH7BHGUsQk_UK8g3KOxuqIGomCNnPkUfZSWcPiqRfJ8FoHgZVkrHMS2ggv6IQP9iKCxPL3OkThbeXns2Hyoy1Vk8txG8iDDtsSLlroin3cHe5810A3zeK8TKc8r2jabCeTLj5dzo26Ojl45VkN9idY/s1600/Cimeira.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="1066" data-original-width="1600" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQXrulmvOqDuPEoW4BNVg-jarD3ZGwoRij2juIzXH7BHGUsQk_UK8g3KOxuqIGomCNnPkUfZSWcPiqRfJ8FoHgZVkrHMS2ggv6IQP9iKCxPL3OkThbeXns2Hyoy1Vk8txG8iDDtsSLlroin3cHe5810A3zeK8TKc8r2jabCeTLj5dzo26Ojl45VkN9idY/s320/Cimeira.jpg" width="320" /></a></div> Tomei
conhecimento deste evento através da RTP-Açores. Não sei se a
Região esteve representada por dirigentes regionais e locais, dada a
importância das questões abordadas e a dependência financeira que
o orçamento regional tem das transferências comunitárias.
<p></p>
<p align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="margin-bottom: 0cm;"> Devo
referir que a proposta de Plano e Orçamento regional para 2024
previa a dotação de 400 milhões de euros oriundos de fundos
comunitários, países terceiros e organismos internacionais, muito
acima das transferências do Estado estimadas em 325 milhões de
euros. São apoios substanciais que influenciam sobremaneira os
projetos de desenvolvimento em curso no arquipélago.
</p>
<p align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="margin-bottom: 0cm;"> Só muito
raramente a sua proveniência é referida nos apoios de iniciativas
governamentais e privadas. E devia ser essa a prática para que os
cidadãos tivessem a noção dos benefícios de pertencer a uma União
Política, Social e Económica. Por outro lado, a influência
atribuída às instituições representativas dos estados-membros ,
acontece no processo legislativo através do Comité das Regiões,
onde são emitidos pareceres para salvaguardar o objetivo primordial
de coesão das regiões mais atrasadas.</p>
<p align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="margin-bottom: 0cm;"> Em outubro
último o Comité das Regiões publicou o seu relatório anual sobre
o estado das regiões e dos municípios da UE.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span lang="pt-PT"> O
documento apresenta uma panorâmica dos desafios mais urgentes, bem
como das soluções políticas a tomar, para que a “</span><i>UE se
torne mais eficiente, mais legitimada e mais próxima dos</i><span style="font-size: small;"><i>
cidadãos”.</i></span><sup><span style="font-size: small;"><i><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote1sym" name="sdendnote1anc"><sup>1</sup></a></i></span></sup><span style="font-size: small;"><i>
</i></span>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"><i> </i></span><span style="font-size: small;"><span style="font-style: normal;">Na
minha modesta opinião, trata-se de um documento bem elaborado, que
merece uma análise atenta dos nossos agentes políticos regionais e
locais.</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"><i> </i></span><span style="font-size: small;"><span style="font-style: normal;">Seria
exaustivo enunciar as soluções preconizadas pelo referido
Relatório. No entanto, vale a pena referir algumas, esperando que os
responsáveis governamentais as adaptem à situação específica da
região e dos concelhos. Espero que os deputados e autarcas eleitos o
analisem também e dele retirem contributos, na certeza de que os
próximos programas comunitários terão em conta as propostas
apresentadas. </span></span>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"><span style="font-style: normal;"> Uma
delas foi anunciada esta semana por Bruxelas e respeita ao apoio à
retenção de jovens talentos nos Açores. Esse mecanismo visa suster
o abandono dos jovens e o declínio da população em idade ativa. A
UE propõe-se elaborar “</span></span><span style="font-size: small;"><i>análises
pormenorizadas, recomendações políticas e planos de ação
adaptados para enfrentar os seus desafios demográficos, com o apoio
e aconselhamento da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento da Europa </i></span><span style="font-size: small;"><span style="font-style: normal;">(OCDE)”.
</span></span>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"><span style="font-style: normal;"> “</span></span><span style="font-size: small;"><i>As
disparidades regionais continuam a ser elevadas e, em alguns casos,
estão mesmo a</i></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"><i>aumentar.</i></span><span style="font-size: small;"><span style="font-style: normal;">”
afirma o Relatório. “</span></span><span style="font-size: small;"><i>Trata-se não
só de disparidades em termos de PIB per capita, mas também de
assimetrias no acesso aos serviços públicos básicos, às taxas de
emprego e desemprego, à competitividade e à produtividade</i></span><span style="font-size: small;"><span style="font-style: normal;">.“
E continua:”</span></span><span style="font-size: small;"><i>As crescentes clivagens
económicas, sociais e territoriais na UE representam uma ameaça
crescente para o nosso nível de vida e para a nossa democracia.
Lugares que se sentem deixados para trás encontram suas populações
muitas vezes desligadas e descontentes a longo prazo. Se a armadilha
do desenvolvimento não for abordada, o desinteresse e o
descontentamento tornam os cidadãos menos propensos a apoiar uma
maior integração europeia.</i></span><span style="font-size: small;"><span style="font-style: normal;">”
</span></span>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"><span style="font-style: normal;"> Por
outro lado, “</span></span><span style="font-size: small;"><i>O avanço das mudanças
tecnológicas na economia criou uma concentração de empregos
altamente remunerados nas grandes cidades e áreas metropolitanas</i></span><span style="font-size: small;"><span style="font-style: normal;">”
pelo que “</span></span><span style="font-size: small;"><i>O fosso urbano-rural está
a aumentar, com o envelhecimento e a diminuição das populações
nas regiões rurais.</i></span><span style="font-size: small;"><span style="font-style: normal;">”</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"><span style="font-style: normal;"> Importante
é a chamada de atenção para os desafios colocados pelas alterações
climáticas e para os efeitos das catástrofes naturais que
“</span></span><span style="font-size: small;"><i>agravarão as desigualdades
existentes</i></span><span style="font-size: small;"><span style="font-style: normal;">”.
Essas situações “</span></span><span style="font-size: small;"><i>têm uma
influência negativa na coesão económica, social e territorial da
UE.”</i></span><span style="font-size: small;"><span style="font-style: normal;">(...)e
em</span></span><span style="font-size: small;"><i> “muitos processos de transição,
suscetíveis de afetar de forma </i></span><i>desigual os territórios
e as pessoas, com consequências desproporcionadas para os mais
pobres e </i><span style="font-size: small;"><i>vulneráveis.”</i></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"><i> </i></span><span style="font-size: small;"><span style="font-style: normal;">Reconhecendo
que a</span></span><span style="font-size: small;"><i> “coesão social está a
deteriorar-se” </i></span><span style="font-size: small;"><span style="font-style: normal;">que</span></span><span style="font-size: small;"><i>
“O fosso urbano-rural está a aumentar com o envelhecimento e a
diminuição das populações nas </i></span><i>regiões rurais</i><span style="font-style: normal;">”
e que estas </span>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">“<i>tendem a apresentar
riscos mais elevados de pobreza e exclusão social do que as cidades”
</i><span style="font-style: normal;">o documento deveria provocar uma
séria e pública reflexão das instituições públicas e privadas,
da Universidade e de quantos se preocupam como o nosso devir.</span></p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> É
minha convicção de que as questões europeias carecem de um maior
acompanhamento e divulgação das entidades representativas da
sociedade açoriana.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> A
ausência de um ou mais eurodeputados açorianos no Parlamento
Europeu gerou um silêncio desmotivante em relação à Europa e às
medidas de coesão.</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> O
pior que pode acontecer ao projeto europeu é não ser entendido como
um projeto político económico que visa uma Europa desenvolvida,
coesa e solidária.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> Oxalá
as próximas eleições contribuam para os cidadãos se sintonizarem
com os princípios humanistas que, em maio de 1950, no pós-guerra,
levaram Robert Schuman e criar a Comunidade Económica do Carvão e
do Aço e, em 1957, no tratado de Roma a CEE, a que Portugal aderiu,
em junho de 1985.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> Ponta
Delgada, 21-03-2024</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> José
Gabriel Ávila</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> jornalista
c.p. 239 A</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-style: normal;"> </span><span style="color: navy;"><span lang="zxx"><u><a href="http://escritemdia.blogspot.com/"><span style="font-style: normal;">http://escritemdia.blogspot.com</span></a></u></span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<div id="sdendnote1">
<p style="margin-bottom: 0cm;"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote1anc" name="sdendnote1sym">1</a><span style="font-size: xx-small;"><i><b>Relatório
Anual 2023 da UE sobre o estado das regiões e dos municípios</b></i></span><span style="font-size: xx-small;"><i>
(prefácio)</i></span></p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: xx-small;"><i> https://cor.europa.eu/en/engage/brochures/Documents/EU%20Annual%20Report%20on%20the%20State%20of%20Regions%20and%20Cities%202023/4892%20-%202023%20Annual%20Report%20pt.pdf</i></span></p>
</div>
<p><style type="text/css">P { margin-bottom: 0.21cm }A:link { so-language: zxx }A.sdendnoteanc { font-size: 57% }</style></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-33691396116224913842024-03-16T11:42:00.002-01:002024-03-16T11:42:39.136-01:00Ranchos da Quaresma<p>
</p><p style="margin-bottom: 0cm;"> </p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> Sai ano, entra ano e as romarias
continuam a tradição de visitar as casas de Nossa Senhora, como
aconteceu a primeira vez, em 29 de outubro de 1522, na sequência do
terramoto que soterrou Vila Franca do Campo.</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> Esta manifestação penitencial
“<i>realizada pelos moradores da ilha, de correr as casas de Nossa
Senhora a pé e descalços, de dia e de noite</i>”, no dizer de
Frei Agostinho de Monte Alverne<sup><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote1sym" name="sdendnote1anc"><sup>1</sup></a></sup>,
envolvia, inicialmente, crianças, mulheres e homens.
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> Assim aconteceu durante dois séculos,
até que, em 1707, a hierarquia eclesiástica proibiu a participação
das mulheres, a realização de bailes e o uso de instrumentos
musicais, como refere Carlos Vieira no excelente livro/album
“Romeiros de São Miguel Arcanjo -500 anos de História”, editado
em 2022 pelo Município Vilafranquense.</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> Como essa proibição provavelmente
não resultou, em 1743 a autoridade diocesana proibiu pura e
simplesmente as Romarias. Apesar disso elas mantiveram-se, tal a
dimensão da fé e da religiosidade popular.
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> Um século mais tarde, em 1835, a
autoridade máxima da ilha alegando “abusos e escândalos”<sup><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote2sym" name="sdendnote2anc"><sup>2</sup></a></sup>proibiu
também a saída das romarias.
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> Já no século XX, os ranchos de
romeiros foram impedidos de passar pelo centro da cidade de Ponta
Delgada carecendo de autorização administrativa.
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> Manuel Inácio de Melo (MIM) e António
da Silva, ambos Mestres e figuras prestigiadas dessa manifestação
religiosa, em entrevistas publicadas em 1982 na grande reportagem por
mim efetuada na RTP-A, sob o título: “Romeiros de São Miguel”,
declararam que tal decisão fora tomada após a implantação da
República.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz29-RogN80mI-UNI3XFEFjEqB3Du8gENUnku5gfClQcWXYrUEA6jafVYFpq_O5lodtyiO7Y5HTiUjIYnVPWqoVPLlDo7bAQdCkyUfvfXUoAgJ-1-F_a-X8FSe47BGS8fLGMCd1hftfV4QEiv4PsbsemJsFm7TVpv7hPXR-5aNWnTrqNVg1gyNfebnjeM/s1024/Romeiros.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="680" data-original-width="1024" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz29-RogN80mI-UNI3XFEFjEqB3Du8gENUnku5gfClQcWXYrUEA6jafVYFpq_O5lodtyiO7Y5HTiUjIYnVPWqoVPLlDo7bAQdCkyUfvfXUoAgJ-1-F_a-X8FSe47BGS8fLGMCd1hftfV4QEiv4PsbsemJsFm7TVpv7hPXR-5aNWnTrqNVg1gyNfebnjeM/s320/Romeiros.jpg" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> Anos mais tarde, durante a guerra
colonial, as romarias ganharam uma grande projeção. Notava-se,
então, uma importante vontade de reorganizar os ranchos, embora na
opinião pública urbana persistisse uma manifesta descrença sobre
as verdadeiras motivações religiosas.</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> O fato de a hierarquia católica não
ter integrado as romarias nas novas dinâmicas conciliares
colocando-se à margem dos “desvios” registados no passado, levou
a que alguns mestres – devotos desta manifestação popular –
desenvolvessem importantes ações de catequização e formação dos
irmãos durante todo o ano. Tais iniciativas foram bem sucedidas, de
tal sorte que as Romarias masculinas ganharam um novo dinamismo e o
respeito da sociedade, também nas zonas urbanas. Novos irmãos de
diversas classes sociais integraram os grupos, ressurgiram de novo
as Romarias de mulheres e, como presentemente acontece, a tradição
micaelense expandiu-se para outras ilhas.</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> A revitalização desta tradição
secular, nos seus contornos sócio-religiosos merece ser analisada e
estudada. Sobretudo porque hoje o fenómeno religioso não tem
paralelo com os tempos da cristandade, e os atos litúrgicos do culto
religiosos já não cativam os crentes, como acontecia há décadas.
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> Perante isto, por que será que estes
movimentos quase inorgânicos, apoiados em genuínas manifestações
públicas da piedade popular e numa cuidada formação, são mais
apelativos para crentes e devotos que o tradicional e pomposo
cerimonial litúrgico, predominantemente clerical? Que motivações
mobilizam tantos “irmãos” romeiros que as cerimónias oficiais
não conseguem atrair?</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> São questões importantes para serem
analisadas no debate sinodal em curso, tendo em vista encontrar novas
respostas pastorais e novos caminhos para a Fé.</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> A imagem dos ranchos de Romeiros
continua a ser a de gente simples, penitente, crente e fiel aos
valores evangélicos, contrários às regras que a sociedade atual
defende.
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> Armando Cortes-Rodrigues nas palestras
proferidas no Emissor Regional dos Açores, compiladas em dois
volumes do livro “Voz do Longe”(1974), dedica a este tema 3
crónicas. E numa delas define o Romeiro como “um Símbolo e um
Mistério” e acrescenta:
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> “<i>Não é gente faminta,
andrajosa, miserável, revoltada na sua pobreza contra a secura dos
ricos, essa que aí vai: é gente sadia, que conta consigo, que
deixa o amparo do trabalho de cada semana para pedir por todos: Pela
Pátria, pela terra onde nasceram, pelos que trazem no coração,
pelos que nos esperam na outra Vida e por aqueles que nem sequer
sabem rezar...” </i>
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> “<i>São todos irmãos e é assim
que se tratam uns aos outros.</i></p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><i> A massa negra, quarenta, sessenta,
oitenta, cem...que entoa a mais dolorosa e antiga melodia açoriana,
que desperta os ecos dos montes e se confunde com a voz das ondas,
leva consigo o mistério dos que a compõem: vai ali um padre! Vai
ali um médico, um engenheiro, um homem que tem de seu, outro que
tem fome, um que chora pela pena que leva oculta na alma, um que
repõe pelo sacrifício o mal de que abusou...”</i></p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><i> ”Não há distinção alguma:
quem vê um, vê todos! E todos são irreconhecíveis! Quando passam
a cantar com o xaile pela cabeça, chapinhando lama, encharcados,
fustigados da chuva impiedosa, que não consegue calá-los, todos se
volvem num só Homem, que passa misteriosamente...”</i></p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> </p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> Pela ilha do Arcanjo neste tempo
quaresmal, há um cortejo orante com um cantar dolente que desperta a
mãe-natureza para o louvor perene ao criador. São peregrinos de
várias idades, fustigados pela crueza do inverno e pelas agruras da
vida. Durante uma semana eles experienciam a proximidade com Deus, o
valor do silêncio, da oração e da introspeção, a partilha de
problemas, de erros, de dificuldades e até dos bens.
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> A Romaria é um tempo de verdadeira
irmandade evangélica, um tempo de paz.
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> <i>Basta uma fé destas, para
dignificar um Povo! </i><span style="font-style: normal;">comentou
Armando Cortes-Rodrigues.</span></p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> Ponta Delgada, 13
de março de 2024 </p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> José Gabriel
Ávila</p>
<p style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> jornalista c.p.
239 A</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> </p>
<div id="sdendnote1">
<p class="sdendnote" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote1anc" name="sdendnote1sym">1</a><span style="font-size: xx-small;">
Monte Alverne, Frei Agostinho. ((1961).”Crónicas da Província de
São João Evangelista das Ilhas dos Açores”,vol.II, Inst.Cult.
Ponta Delgada</span></p>
</div>
<div id="sdendnote2">
<p class="sdendnote" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote2anc" name="sdendnote2sym">2</a><span style="font-size: xx-small;">PONTE,
Carmen. (2007)”Romeiros de São Miguel. Entre tradition et
innovation. De l'oralité au texte écrit” Dissertaçãode
Doutoramento. Univ.Poitiers,Univ.Açores</span></p>
</div>
<p><style type="text/css">P.sdendnote { margin-left: 0.5cm; text-indent: -0.5cm; margin-bottom: 0cm; font-size: 10pt }P { margin-bottom: 0.21cm }A.sdendnoteanc { font-size: 57% }</style></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-91721215719546414602024-03-05T17:02:00.001-01:002024-03-05T17:02:12.922-01:00Poder incerto <p> <br /><br /> José Manuel Bolieiro foi indigitado pelo Representante da República para formar governo. A notícia óbvia, devido à maioria relativa conquistada pela AD nas eleições de 4 de março, não merece qualquer contestação, nem causa surpresa. A surpresa adveio de líderes da oposição que criticaram Bolieiro de não os ter contatado, contrariando as juras de diálogo democrático com outros partidos parlamentares, visando assegurar a desejada estabilidade política e governativa.<br /> Perante os resultados eleitorais, torna-se evidente que a AD, mesmo que o não reconheça publicamente, terá de lançar a corda ao Chega para salvar-se de uma permanente instabilidade. Não me admira, pois, que não vingando a pretensão de uma vice-presidência parlamentar, outro cargo no sistema autonómico lhe seja concedido. É preço de quem visa manter-se no poder.<br /> Cientes disso, José Pacheco/Ventura conseguirão alguns dos seus intentos, sem desistirem de reivindicar em próximo orçamento medidas que satisfaçam o insustentável e perigoso social-populismo que pretende destruir os fundamentos da democracia liberal e do estado social. <br /> Quando em 2020 Bolieiro integrou o Chega como parceiro da maioria absoluta, muitas interrogações se levantaram, mesmo na direita parlamentar. O IL, estabelecendo acordo direto com o líder do PSD quis delimitar-se da linha vermelha do Chega para além da qual o sistema democrático corre perigo. <br /> Contrariando a atitude do PSD-Açores várias figuras nacionais do partido vieram a público demarcar-se da decisão, chamando a atenção para os perigos que isso representava. <br /> Já em 2016, José Pacheco Pereira na sua conceituada análise política afirmava1 que o “Chega para a “luta de classes”, tem aliados poderosos na “Europa”, mas nada tem a dar ao país que não seja servir os poderosos e punir os fracos e institucionalizar, com as fórmulas dos think tanks mais reaccionários, uma ideia de “liberalismo” que envergonharia Adam Smith. Não gostam da liberdade, gostam da autoridade e do poder.” <br /> Assim não entenderam os dirigentes açorianos do PSD. Será que Pacheco Pereira sobre eles faria também este juízo?: “é difícil reconhecer qualquer identidade social-democrata, mas sim uma mescla de gente da Maçonaria, jovens de uma direita radical feita nos blogues e redes sociais muito ignorante e agressiva, que, como já o escrevi, acha que o Papa é do MRPP…” Não o afirmo. <br /> O certo é que, desde 2020, avolumou-se a instabilidade dentro do governo e na coligação, de tal sorte que Mota Amaral viu-se forçado a vir a público reclamar mais autoridade na Presidência de Bolieiro. O apelo foi ouvido, mas os parceiros da maioria não recuaram e as propostas de Plano e Orçamento para 2024 não receberam o voto favorável e o governo caiu. <br /> Agora, não vale a pena proclamar aos quatro ventos que “o não, é não”. O mal está feito. O PSD de Bolieiro, ontem certamente aconselhado por antigos dirigentes, vê-se, novamente, nos braços de Ventura e de Pacheco. Por quanto tempo?<br /> Há, no entanto, outras condicionantes que desgastaram o bom funcionamento do Executivo e que, claramente foram referidas na noite eleitoral. A mais importante foi a menção, a despropósito, à ilha de São Miguel, quando referiu a necessidade de “coesão com as nove ilhas” e o “desenvolvimento coeso em toda a Região”.<br /> Diga-se a propósito que nunca foi bem explicado por que razão a Vice-Presidência abarcou competências tão dispares como a gestão do Aeroporto das Lajes, o setor da habitação, da solidariedade e dos assuntos sociais. As questões relativas à utilização da Base das Lajes pelos norte-americanos, deveriam ter estado na alçada da Subsecretaria da Presidência, enquanto a Secretaria dos Turismo, Mobilidade e Infraestruturas ficou responsável pela gestão dos restantes aeroportos da Região e da companhia aérea regional. Não faz sentido.<br /> Recentemente, Artur Lima anunciou que o plano de combate à pobreza desenvolvido pela Universidade de Coimbra, iria ser apresentado após a tomada de posse do executivo, sinal de que o líder do CDS irá manter as mesmas competências. Será? Ou Bolieiro, para conseguir uma legislatura sem sobressaltos, irá submeter-se às “imposições” dos dois parceiros minoritários (CDS e PPM) com pretensos equilíbrios que não traduzem nem a dimensão de círculos eleitorais, nem votos e só afetam a credibilidade do poder executivo nas respostas às populações das periferias insulares?<br /> Neste início de uma nova legislatura o que os açorianos aguardam do novo executivo é uma nova visão sobre o nosso futuro, face à instabilidade e às constantes mutações que ocorrem na Europa e no mundo. <br /> Os permanentes conflitos tomam proporções à escala global de consequências imprevisíveis seja no âmbito sócio-económico seja no domínio ambiental e planetário.<br /> Ouve-se dizer que os tempos que aí vêm não serão fáceis e afetarão a vida de todos nós. Todavia, raros são os nossos políticos, comentadores, académicos e investigadores que apontam caminhos e soluções para que, quando essas situações emergirem estejamos preparados para as enfrentar.<br /> Governar é sobretudo isso: Preparar o futuro, tendo a noção dos meios humanos e financeiros que se deve dispor para fazer frente ao devir. Em todas as áreas: económica, social, ambiental, cultural e até militar. Sobre a segurança não estamos demasiado otimistas de que, na vastidão do Atlântico, estamos protegidos pelo escudo poderoso dos EUA e da NATO, quando tal pode não acontecer se a Presidência americana voltar ao populismo nacionalista e trumpista?<br /> Oxalá me engane, mas há que ter a noção de que os Açores são hoje mais vulneráveis com o eclodir da invasão russa da Polónia e da guerra no Médio Oriente.<br /> São Imensos e intrincados os temas para os deputados eleitos e o próximo governo colocar na sua agenda, na certeza de que neste mundo globalizado nada do que se passe de oriente a ocidente nos é indiferente.<br /> Saibam os eleitos e dirigentes ser responsáveis pela missão que o povo lhes confiou!<br /> Ponta Delgada, 22-02-2024<br /> José Gabriel Ávila <br /> jornalista c.p 239 A<br /><br /></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-12720310405849562622024-03-05T16:59:00.000-01:002024-03-05T16:59:02.159-01:00Manifesto a um/a candidato/a <p>
</p><p style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> Perdoe-me o leitor, mas, nestes dias,
do que mais se ouve falar é de deputados, pouco de deputadas. Elas
estão em minoria nas listas e o futuro Parlamento traduzirá,
certamente, essa desvantagem.</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> A mensagem que pretendo transmitir
respeita a todos os que pretendem representar-nos a partir de 10 de
março.</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> Sou um simples cidadão. O meu voto
vale tanto como o de qualquer recluso, de um sem-abrigo, ou do mais
qualificado académico. Há, no entanto, uma diferença: nem todos
têm possibilidade de fazer ouvir a sua voz, ou porque não têm
acesso à imprensa nem pertencem aos quadros partidários, ou porque
não integram qualquer instituição sócio-económica, profissional,
ou outra. Isso faz toda a diferença.
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> As luzes da ribalta na nossa
sociedade acendem-se, habitualmente e projetam-se em quem tem poder
económico, social, político, cultural e religioso e isso é
condição suficiente para se ser levado em conta.
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> Quem afronta os poderes mais sonantes
é catalogado de “contra”, mas quem aplaude o “establishment”
é considerado “dos nossos” e mais dia menos dia integra a
“família dos eleitos”.</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> Não sei qual o percurso de ascensão
do candidato ou candidata a quem dirijo “estas mal traçadas
linhas”, mas reconheço que, se o povo lhe der a sua confiança
para representá-lo no Parlamento Nacional assumirá uma enorme
responsabilidade e carregará um peso sobre si.</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> Como sabe, – não sei se o sente na
pele -há por aí muita gente empregada, mesmo da classe média, que
passa imensas dificuldades para pôr na mesa o pão aos filhos, para
pagar as contas mensais e as dívidas contraídas com a aquisição
de uma casa. Sim, mesmo de uma casa simples e pequena, pois os
terrenos estão pela hora da morte e os preços da construção
subiram, subiram e ninguém disse ainda: Pára! Já chega de tanto
lucro, chega de baixos salários! A situação abrange agora a mão
de obra da atividade turística.</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> E não me digam que a atividade
económica cresceu e que o desemprego baixou. De que serve isso se a
vida da maioria dos ciadãos está cada vez mais difícil e os
índices de pobreza não param de subir para vergonha de todos nós?</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> Senhor ou senhora candidata:</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> Há quem diga que o tempo das
ideologias passou.
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> Eu por mim ainda sigo a velha
cartilha. Fui educado a aprender e a saber distinguir os princípios
sociais e políticos dos <i>ismos </i><span style="font-style: normal;">(capitalismo,
socialismo, comunismo, fascismo e das suas variantes que agora
começam a afirmar-se) e dou por bem empregue os livros que li de
mestres que fizeram escola. É por essa grelha que avalio as
propostas dos que pretendem representar-me no Parlamento Nacional.</span></p>
<p style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> Noto porém, que
há propostas políticas que se contradizem. Proclamam certos
direitos fundamentais, como o direito a vida, à saúde, à
habitação, ao emprego, etc, mas logo os negam defendendo restrições
a apoios sociais, ao direito à habitação, a salários justos, a
uma vida digna, seja em que país for.</p>
<p style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> Mais grave ainda é
fazer a defesa das liberdades, dos direitos cívicos e da
democracia, e negar aos cidadãos mais frágeis e periféricos
benefícios sociais só existentes em regiões onde as médias
salariais atingem os mais elevados patamares.
</p>
<p style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> Estas injustiças
têm de ser denunciadas, doa a quem doer. De contrário os eleitos e
eleitas não representarão o povo. Serão autómatos da “bolha”
parlamentar desintegrados do território que os elegeu, passando o
tempo em plenários e comissões que alimentam mais contendas
políticas do que o bem-estar e o progresso nacional, fazendo número
na aprovação de leis e a aplaudir discursos inflamados mas inócuos.
</p>
<p style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> Desses deputados
não necessitam os Açores.</p>
<p style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> A Região não
carece de deputados que “defendam” a Autonomia, mas sim que a
promovam, dignifiquem e lutem pela ampliação das suas competências,
acompanhadas das respetivas transferências financeiras estatais a
que os açorianos, como cidadãos nacionais têm direito. O pior que
pode acontecer a um regime político é os seus agentes serem
pedintes e andarem, permanentemente, de mão estendida, como se
depreende de alguns “out-doors”.
</p>
<p style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> O estatuto das
Ilhas Adjacentes e dos Distritos Autónomos passou e deixou má
memória.
</p>
<p style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> A distância do
Terreiro do Paço era tão grande que, nem mesmo durante as visitas
ministeriais, os governantes nacionais, brindados com lautos jantares
e almoços, se sensibilizavam com as graves e gritantes necessidades.
O resultado foi o êxodo migratório para os EUA e Canadá e a
consequente desertificação demográfica. Tema cada vez mais atual e
complexo, que não vi discutido nem na última campanha eleitoral nem
na presente.
</p>
<p style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> O declínio
demográfico não se traduz apenas na falta de mão de obra na
construção civil. Envolve questões relacionadas com o ambiente, a
conservação da natureza e da paisagem humana, do parque
habitacional, do património construído, da identidade cultural, da
educação, da saúde das populações e, necessariamente, a
necessidade da imigração e a sua complexa inserção no meio. Mas,
sobre tudo isto há um silêncio resistente e preocupante que trará
consequências ao desenvolvimento sócio-económico das nove ilhas.
Isto para não falar do aproveitamento da plataforma marítima
açoriana, do desenvolvimento científico e do aproveitamento
geoestratégico dos Açores nos recentes conflitos.
</p>
<p style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> Como vê,
senhor(a) candidato(a), não lhe falta matéria para dizer ao
eleitorado o que pensa. Já falta pouco tempo. Ou é agora, ou depois
será tarde pois o habitual é os deputados eleitos enclausurarem-se
na “bolha” partidária e parlamentar e só passearem em atos
oficiais e religiosos a sua “importância” e visibilidade.</p>
<p style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> Se este é o seu
conceito de representante democrático, aconselho-o(a) a retirar-se
antes de domingo.
</p>
<p style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> A representação
popular exige abertura ao diálogo, aceitação das diferenças e da
cidadania, espírito de serviço e dedicação à causa republicana.
</p>
<p style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> Se for eleito(a)
não se cale perante as injustiças. Proclame a verdade (não apenas
a sua verdade) e defenda, a todo o custo a liberdade, a dignidade
humana e desempenhará bem a missão.</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> Ponta Delgada,
1-03-2024</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> José Gabriel
Ávila</p>
<p style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> cidadão eleitor
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p><style type="text/css">P { margin-bottom: 0.21cm }</style></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-40797851278524982962024-02-18T13:10:00.004-01:002024-02-18T13:10:51.850-01:00Cinzas ou Ressurreição?<p>
</p><p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br /></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i><b> </b></i><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Os
da minha geração recordam-se, certamente, dos tempos em que a
Quarta-Feira de Cinzas, sinalizava o início da Quaresma com cortes
abruptos nas alegrias carnavalescas, impondo jejuns e abstinências
de carne. Só o pagamento de “bulas” dispensava essas imposições,
embora nem todos os fiéis tivessem disponibilidade de as adquirir.</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Felizmente esse estratagema há muito acabou. Permanece, no entanto,
a cultura religiosa dos Novíssimos (morte, juízo, purgatório,
inferno e paraíso) que diaboliza a diversão e a sexualidade nas
suas mais puras manifestações, atemoriza os menos esclarecidos e
menospreza conceitos e propostas evangélicas que defendem a
solidariedade, a caridade, a paz e a dignidade humana.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"> Esta
inversão de valores subsistiu na pregação e na </span></span><i><span style="font-weight: normal;">praxis</span></i><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
da Igreja durante séculos. </span></span>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"> Ainda
hoje, a Quaresma resume-se a um grande cerimonial litúrgico com uma
importante componente cénica e imagética, baseada mais na
penitência corporal do que para na renovação e transformação
pessoal e social de hábitos, mentalidades e comportamentos. O
</span></span><i><span style="font-weight: normal;">kairos, </span></i><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">tempo
propício à bíblica </span></span><i><span style="font-weight: normal;">metanoia
</span></i><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">(conversão
e transformação pessoal e coletiva) não impõe sofrimentos de
pendor corporal, nem privações que afetam permanentemente os mais
débeis, carenciados e excluídos, como se lê no Antigo Testamento:
</span></span><i><span style="font-weight: normal;">Eu quero devoção
e não sacrifícios,conhecimento de Deus mais que holocaustos.</span></i><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">(Oseias
6.6)</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Sem pretender fazer juízos de valor sobre manifestações da
piedade popular, habitualmente consideradas como património cultural
e identitário, o importante é perceber as motivações pessoais e
coletivas que as mantém.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"> As
Romaria quaresmais são um bom exemplo de como, passados os tempos da
cristandade, é possível determinadas práticas religiosas manterem
o seu dinamismo pastoral atuando como processos alteração de
comportamentos ( </span></span><i><span style="font-weight: normal;">metanoia)
</span></i><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">pessoais
e coletivos que a Igreja Católica propõe para o tempo quaresmal. </span></span>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
O antigo cerimonial da Quaresma e da Semana Santa envolvia a
participação das irmandades franciscanas masculinas dos terceiros,
a maioria das quais extintas, cujos membros com os respetivos hábitos
participavam ativamente na realização de procissões, suportando
despesas e organizando os cortejos. Esse dinamismo decorria do
acompanhamento e importância que o clero atribuía aos membros
dessas instituições canónicas.</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
A Irmandade do Senhor Santo Cristo é em tudo semelhante àquelas
irmandades, embora, desde a sua criação, fosse incumbida de
realizar os festejos externos da Festa e de organizar as Procissões.
Recentemente, para além disso, assumiu propósitos de intervenção
sócio-caritativa, distribuindo todo o ano cabazes por dezenas de
famílias carenciadas, a expensas das largas dezenas dos respetivos
membros. Atitude de saudar, pois traduz, nestes tempos de
dificuldade, a verdadeira mensagem bíblica que impele os fiéis a
repartirem os bens e a atenuarem as gritantes carências das
periferias humanas.</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Esta motivação deveria igualmente mobilizar os crentes e as
comunidades a olharem à sua volta e a compreenderem os sofrimentos e
carências humanas de tantos cidadãos dignos do nosso respeito e
dedicação.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"> Neste
sentido o Papa Francisco, na sua mensagem aos fiéis propõe que “</span></span><i><span style="font-weight: normal;">a
Quaresma seja também tempo de decisões comunitárias, de pequenas e
grandes opções contracorrente, capazes de modificar a vida
quotidiana das pessoas e a vida de toda uma coletividade: os hábitos
nas compras, o cuidado com a criação, a inclusão de quem não é
visto ou é desprezado"</span></i><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">.
E continua: “</span></span><i><span style="font-weight: normal;">O
primeiro passo é querer ver a realidade. Também hoje o grito de
tantos irmãos e irmãs oprimidos chega ao céu"</span></i><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">.
Num tom ainda mais incisivo Francisco pergunta: “</span></span><i><span style="font-weight: normal;">o
grito desses nossos irmãos e irmãs "chega também a nós? Mexe
conosco? Comove-nos? Há muitos fatores que nos afastam uns dos
outros, negando a fraternidade que originariamente nos une"</span></i><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">.</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Nos últimos tempos, temos ouvido agentes políticos pronunciarem-se
sobre várias questões sociais, relacionadas com a pobreza e as
migrações massivas, contradizendo direitos humanos e princípios
evangélicos, com a maior displicência, sem que as autoridades
religiosas e até políticas os contraditem.</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
De nenhum modo se pode permitir que a liberdade de expressão possa
afrontar princípios fundamentais. Seria permitir, sem impunidade, a
aprovação tácita de ideologias que colocam em causa os direitos à
vida, à justiça e à fraternidade o que nos parece perigoso, tendo
em conta exemplos da história contemporânea. A democracia e a
dignidade humana não podem correr esse risco.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"> O
próprio episcopado, o clero e demais organismos eclesiásticos,
seguidores da mensagem evangélica não podem desconhecer ou ignorar
ideologias “</span></span><i><span style="font-weight: normal;">que
assentam a sua mensagem política no ódio e na divisão que odeia o
Outro e ataca os outros em função da sua pele e da sua origem, que
defende a pena de morte ou a castração química, numa clara
violação da defesa intransigente da vida, incluindo aos que falham
gravemente, sem possibilidade de perdão</span></i><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">”.</span></span><sup><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote1sym" name="sdendnote1anc"><sup>1</sup></a></span></span></sup><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">
Têm de denunciá-las, esclarecendo os fiéis e homens de boa
vontade, como o fazem os papas nas suas Encíclicas e mensagens
públicas dirigidas “aos homens de boa vontade”.</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
É fácil e útil apelar, sem mais, ao dever de votar. Mas importa
salvaguardar, no momento da escolha livre, princípios sobre os quais
não se pode transigir para salvaguarda da dignidade humana e da
democracia.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"> Este
é um tempo favorável (</span></span><i><span style="font-weight: normal;">kairos)
</span></i><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">à
renovação das mentalidades e de assumir novas formas de agir. </span></span>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Ao nosso lado há famintos e carenciados escondidos das portas para
dentro, com vergonha de mostrar pratos vazios. São nossos vizinhos,
têm a mesma fé que nós e carecem da renúncia quaresmal que
fazemos chegar a povos distantes...</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"> Enquanto
a Quaresma se limitar a reeditar solenes rituais litúrgicos e
esquecer “</span></span><i><span style="font-weight: normal;">o
grito de tantos irmãos e irmãs oprimidos</span></i><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">”,
como diz o Papa, a Ressurreição do Justo não passará de uma
memória insignificante que não gera nem vida nova nem nem
comunidade. Ficaremos presos ao inevitável destino final, traduzido
na velha máxima: “</span></span><i><span style="font-weight: normal;">és
pó e em pó te hás-de tornar.</span></i><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">”</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
José Gabriel Ávila</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
jornalista 239 A</p>
<div id="sdendnote1">
<p class="sdendnote"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote1anc" name="sdendnote1sym">1</a><span style="font-size: xx-small;">https://setemargens.com/em-defesa-da-vida-porque-se-calam-os-bispos-sobre-o-chega/?</span></p>
</div>
<p><style type="text/css">P.sdendnote { margin-left: 0.5cm; text-indent: -0.5cm; margin-bottom: 0cm; font-size: 10pt }P { margin-bottom: 0.21cm }A.sdendnoteanc { font-size: 57% }</style></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-64900018295967323852024-02-12T13:53:00.005-01:002024-02-12T13:54:46.755-01:00D. JOÃO PAULINO A.CASTRO, BISPO DE MACAU<p>
</p><p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Recorro, frequentemente,
aos meus livros sobre História e Cultura Açorianas. É lá que
obtenho explicações sobre o viver das nossas gentes e a construção
permanente da nossa identidade.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> É um exercício
saudável e compensador porque nos transmite conhecimentos sobre
figuras e fatos que nos conduziram até aqui.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Ainda hoje, são muito
procuradas as biografias de determinadas personalidades que assumiram
posições sociais destacadas.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0au3DBHBWzTAHZNpFdLbKRg0oRUZMnHQHd0OVDAAFrQ1goHMt4XXvG7RX8EkrpzOVziim4nS67QDKvmxgBCmpc019f_W9_n-kgR335ERF6qhYhpoPoik3ROtfYdu4FGqeUQTxxSCNRRRz3nzvbca7glKuJRKr3MG02ue5eOxNulWCwhQvgO2hE853Hn8/s736/Macao-05-Bishop.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="736" data-original-width="496" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0au3DBHBWzTAHZNpFdLbKRg0oRUZMnHQHd0OVDAAFrQ1goHMt4XXvG7RX8EkrpzOVziim4nS67QDKvmxgBCmpc019f_W9_n-kgR335ERF6qhYhpoPoik3ROtfYdu4FGqeUQTxxSCNRRRz3nzvbca7glKuJRKr3MG02ue5eOxNulWCwhQvgO2hE853Hn8/w270-h400/Macao-05-Bishop.jpg" width="270" /></a></div> Evoco hoje, o nascimento
de D. João Paulino de Azevedo e Castro, a 4 de fevereiro de 1852,
nas Lajes do Pico. Foi Bispo de Macau durante 15 anos, onde faleceu
com 66 anos. Os seus restos mortais foram transladados para a sua
terra natal, em 6 de fevereiro de 1923, encontrando-se na
capela-mausoléu mandada construir por amigos e admiradores.
<p></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> D. João Paulino foi um
dos cinco Bispos açorianos em Macau.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.32cm;">O
primeiro foi D. Manuel Bernardo de Sousa Enes, (1814-1887), natural
de São Jorge. Seguiu-se-lhe D. João Paulino. Depois foi nomeado
outro picoense D. José da Costa Nunes, mais tarde Patriarca das
Índias Orientais e Cardeal Vice-Camerlengo da Santa Sé (1880-1976).
Sucedeu-lhe em Macau o micaelense D. Paulo José Tavares (1920-1973)
e, finalmente, D.Arquimínio R. Costa (1924-2016), também natural do
Pico, último Bispo português daquela ex-colónia portuguesa. Outros
dois Bispos picoenses serviram a Igreja Católica no Oriente: D. José
Vieira Alvernaz (1898-1986), Patriarca das Índias (Goa, Damão e
Diu) até à ocupação daqueles territórios pela Índia e D. Jaime
Garcia Goulart (1908-1997), primeiro Bispo de Timor.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.32cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.99cm;">
João Paulino de Azevedo e Castro, era filho de Amaro Adrião de
Azevedo e Castro e de Maria Albina Carlota da Silveira Bettencourt,
morgada das Lajes.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.99cm;">
Fez a instrução primária na sua erra natal e com doze anos foi
tocador fundador da Filarmónica Lajense. Cursou o Liceu da Horta de
1868 a 1872. Seguiu depois para a Universidade de Coimbra onde obteve
o bacharelato em Teologia. Aí “<i>andou por livreiros e
alfarrabistas a juntar livros paraeniar para as Lajes a fim de ser
fundado o Gabinete de Leitura Lajense, ao qual sucedei o extinto
Grémio literário Ljense”</i><sup><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote1sym" name="sdendnote1anc"><sup>1</sup></a></sup>.
Em 1879 foi ordenado sacerdote, tendo celebrado a primeira Missa nas
Lajes, juntamente com seu irmão Francisco Xavier de Azevedo e
Castro, então viúvo.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">
Colocado como professor no Seminário de Angra foi nomeado, em 1888,
Vice-Reitor.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">
Lecionou as cadeiras de Teologia dogmática, Sacramento e Moral,
História eclesiástica, Direito canónico, Geografia e História
geral, Francês e, também, Filosofia. A ele se ficou a dever a
criação do Museu de História Natural no Seminário que obteve
importantes espécimes.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">
Designado cónego da Sé catedral de Angra, João Paulino com uma
forte aceitação social, exerce um importante papel na promoção da
recente devoção a Nossa Senhora de Lurdes, através do Jornal “O
Peregrino de Lourdes”. Em resultado disso, são instaladas imagens
da Virgem de Massabielle em várias igrejas: Sé de Angra, Feteira no
Faial, Lajes, Madalena, Piedade e Prainha do Norte, na Ilha do Pico<sup><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote2sym" name="sdendnote2anc"><sup>2</sup></a>
,</sup>Santo o Antão, em São Jorge, onde paroquiava o Pe Francisco
Xavier, irmão do Pe João Paulino e Capelas em São Miguel.</p>
<p align="LEFT" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">
"<i>Era uma das figuras eclesiásticas mais distintas de
então, desempenhando vários cargos de responsabilidade e de
honra".<br /> Com tantas e excelentes qualidades morais e de
serviço, a sua elevação a bispo de Macau foi um acto, como já
alguém disse, agradavelmente esperado. Monsenhor cónego Ferreira,
revela-nos que "Angra toda, a começar pela sua sociedade mais
distinta, tinha pelo preclaro sacerdote a maior estima e simpatia, o
que se revelou a flux por ocasião da sua elevação ao episcopado"</i>.
<sup><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote3sym" name="sdendnote3anc"><sup>3</sup></a></sup></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.3cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> D. João
Paulino foi nomeado pelo Papa Leão XIII, por bula de 9 de Junho de
1902.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> A sua
sagração efetuou-se a 27 do mês de dezembro desse ano, na igreja
do antigo Convento de S. Francisco de Angra, então anexada ao
Seminário. Foi sagrante o bispo diocesano D. José Manuel de
Carvalho, transferido da Diocese de Macau para a de Angra.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.29cm;"> O
novo Bispo partiu de Angra a 23 de março de 1903 e deu entrada
solene na Diocese a 17 de junho desse ano, tendo dirigido uma Carta
Pastoral aos fiéis onde se afirma temeroso pela responsabilidade do
novo cargo: “<i>um grande abalo se produziu em nós e quasi nos
sentimos desfalecer em meio da luta de sentimentos opostos que se
debatiam na nossa alma”</i>(Avila,1993:79). Com ele seguiu José da
Costa Nunes seminarista-teólogo que lhe havia de suceder no cargo.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.29cm;"> D.
João Paulino, fundou logo que chegou, em 1903, o Boletim
Eclesiástico da Diocese de Macau, que viria a ser apelidado o rei
dos boletins, onde escreve toda a história do seu episcopado.<sup><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote4sym" name="sdendnote4anc"><sup>4</sup></a></sup><br />
No ano seguinte visita as missões do Estreito e lança a
primeira pedra da igreja de São José de Singapura, aberta em 1912.
Visitou também Timor em 1905, e no ano imediato conseguiu que os
Salesianos ingressassem na diocese macaense, a quem confiou a direção
do orfanato da Imaculada Conceição, de que foi primeiro diretor D.
Luís Versíglio depois bispo de Shiu-Show e mártir. A estes
religiosos entregou D. João Paulino a missão do distrito de
Heung-Sán. Fundou escolas, organizou colégios em Malaca, Hong-Kong,
Cantão, Japão, etc.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.29cm;"> Já
em 1907, por sua influência, o Vaticano anuiu à troca de Hainan por
Shui-Hing, que passou à jurisdição de Macau e que viria mais tarde
(1913) a ser dividida em duas missões, sendo a do norte à conta dos
jesuítas e a do sul ao apostolado dos padres seculares.<br />
Macau, em sua honra, atribuiu o nome do Bispo picoense a uma
artéria da cidade, onde viveram e se estabeleceram outros picoenses.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.29cm;">Em
Angra, o tesouro da Sé guarda o seu báculo, oferecido pela família
ao Bispo D. Guilherme Augusto.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.29cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.98cm;">
José Gabriel Ávila</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.98cm;">
jornalista</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.98cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.98cm;"><span style="color: navy;"><span lang="zxx"><u><a href="http://escritemdia.blogspot.com/">http://escritemdia.blogspot.com</a></u></span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.98cm;"><br />
</p>
<div id="sdendnote1">
<p class="sdendnote"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote1anc" name="sdendnote1sym">1</a><span style="font-size: xx-small;">ÁVILA,
Ermelindo, FIGURAS & FACTOS, (Notas Históricas), Edição da
ADPIP,Câ</span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-weight: normal;">maraMunicipal</span></span><span style="font-size: xx-small;">
das Lajes do Pico, 1993</span></p>
</div>
<div id="sdendnote2">
<p class="sdendnote"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote2anc" name="sdendnote2sym">2</a><span style="font-size: xx-small;">ÁVILA,
Ermelindo,CULTO MARIANO na Ilha do Pico,Companhia das Ilhas, 2016</span></p>
</div>
<div id="sdendnote3">
<p class="sdendnote"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote3anc" name="sdendnote3sym">3</a><span style="font-size: xx-small;">http://macauantigo.blogspot.com/2009/08/bispos-naturais-dos-acores.html</span></p>
</div>
<div id="sdendnote4">
<p class="sdendnote"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote4anc" name="sdendnote4sym">4</a><span style="font-size: xx-small;">LIMA,
Gervásio, BREVIÁRIO AÇORIANO, Tip. Andrade, 1934</span></p>
</div>
<p><style type="text/css">P.sdendnote { margin-left: 0.5cm; text-indent: -0.5cm; margin-bottom: 0cm; font-size: 10pt }P { margin-bottom: 0.21cm }A:link { so-language: zxx }A.sdendnoteanc { font-size: 57% }</style></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-13831123710524740122024-02-12T13:49:00.003-01:002024-02-12T13:49:10.999-01:00A PROPÓSITO DA “AGENDA”<p>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Passou uma semana das
eleições regionais e ainda não são conhecidos os contornos do
funcionamento do executivo da AD.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Neste jornal, expressei
a minha opinião afirmando que o PS deveria abster-se na apresentação
do programa do governo. Essa decisão não significa que os
socialistas abdiquem da oposição construtiva. Tal estatuto impede o
protagonismo da extrema direita, cuja prática bem conhecemos e a
tomada de posições intransigentes visando a supressão de direitos
sociais que não se compatibilizam nem com a denominada “Agenda
para a Década 2024-2034” nem com o original ideário
social-democrata do PSD.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Bem vistas as propostas
dos partidos do arco da governação – PSD e PS –, agora em
posições aparentemente extremadas, parece existirem mais as
semelhanças políticas entre ambos do que as divergências.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Ao longo dos últimos
dias, procurei analisar os programas de governo da AD e do PS. Não
foi fácil descobrir esses documentos, arredados da campanha
eleitoral e “escondidos” nos sites dos respetivos partidos.
Sinceramente, não encontrei grandes diferenças programáticas.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Notei sim, uma “Agenda
para a Década” pouco sistematizada, com propostas avulsas e
desenquadradas, mais parecendo a elencagem de projetos de vários
gabinetes governamentais, priorizando muitas ações de dimensão
local e esquecendo outras também reclamadas e com maior pendor
regional.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Cito duas: -<i><span style="font-weight: normal;">Concluir
a aquisição de equipamentos de som e iluminação para o Atlântida
Cine, para espetáculos de maior qualidade e finalizar o processo de
estabelecimento de uma exposição permanente no Museu de Santa
Maria.</span></i></p>
<p align="JUSTIFY" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><i> -Dinamizar
a Casa dos Teares e a Casa da Memória, no Corvo.</i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i><span style="font-weight: normal;"> </span></i><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Em
todo a Agenda, por estranho que pareça, não encontro, por exemplo,
uma única referência à ampliação da pista do Aeroporto do Pico,
nem à construção do novo Centro de Saúde das Lajes do Pico, como
foi prometido pelos candidatos da AD. E deviam estar lá expressas,
pois elenca-se uma série de obras com as quais o Governo da AD se
compromete a executar “</span></span><i><span style="font-weight: normal;">de
forma imediata </span></i><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">(pg
30)</span></span><i><span style="font-weight: normal;">”</span></i><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">:</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i><span style="font-weight: normal;"> “Construir
a </span></i><i><b>nova gare marítima do Porto da Graciosa;</b></i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i> -conclusão atempada,
da c</i><i><b>onstrução do novo Porto das Lajes das Flores. </b></i>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i><span style="font-weight: normal;"> -i</span></i><i>mplementar
as obras de melhoria das condições operacionais, </i><i><b>molhe e
terrapleno, no Porto das Poças, nas Flores.</b></i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i> -Concluir as obras no</i><i><b>
molhe de proteção do Porto de Ponta Delgada</b></i><i>, em São
Miguel, e</i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i>planeando ainda o seu
desenvolvimento futuro no médio e longo prazo.</i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i> -Executar a</i><i><b>
gare marítima do Porto de Pipas, n</b></i><i>a Terceira.</i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i> -Projetar o
</i><i><b>reordenamento dos portos das Velas e da Calheta, </b></i><i>em
São Jorge.</i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i> -Proceder à
</i><i><b>requalificação e ordenamento do Porto da Horta</b></i><i>,
Faial.</i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i> -Operacionalizar o
</i><i><b>ordenamento da Baía do Cais do Pico e a proteção da orla
costeira de São Roque do Pico.</b></i><i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">(</span></span><span style="font-weight: normal;">Sobre
estudos e obras no Porto Comercial da ilha nada é referido.)</span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> -<i><b>Ampliar o Porto
da Praia da Vitória através da construção de um cais multiusos.</b></i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i> -Construir a </i><i><b>nova
gare marítima do Corvo.</b></i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i> -Investir na </i><i><b>proteção
e no reforço do Porto de Vila do Porto</b></i><i>, em Santa Maria.</i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i> -Continuar o
apetrechamento das infraestruturas portuárias dos Açores ao nível
meios</i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i>de movimentação
horizontal, rebocadores e lancha de pilotos.</i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i><b> -Continuar o
processo de proteção da orla costeira em todas as ilhas.</b></i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i><b> </b></i><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Por
fim, a Agenda prioriza também uma série de problemas antigos na
ilha de São Miguel e Terceira que as fortes chuvas das última
semanas, várias vezes colocaram a nú:</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i> -Melhorar </i><i><b>as
condições de escoamento da Grota do Contador, Outeiro, Arrifes (São</b></i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i><b>Miguel).</b></i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i><b> -Reperfilar a
Ribeira dos Mosteiros (São Miguel).</b></i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i><b> -Melhorar as
condições de escorrência da Grota do Cadima, Capelas (São
Miguel).</b></i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i><b> -Desenvolver a
empreitada de encaminhamento de caudais da Grota do Saramagal para</b></i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i><b>a Grota do Barril,
Relva (São Miguel).</b></i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i><b> -Intervir no
encaminhamento dos caudais da nascente do Posto Santo (Terceira).</b></i><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">(pg
31)</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i> </i><span style="font-style: normal;">Caricato
é a Agenda considerar de resolução imediata a </span><span style="font-style: normal;"><b>recuperação
da </b></span><b>Lancha “Espalamaca”</b><span style="font-weight: normal;">,</span><b>
</b><span style="font-weight: normal;">como se não existissem
questões de urgência imediata para a população do Pico nos
domínios da saúde, da economia, da demografia, da mobilidade. </span>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-weight: normal;"> No
setor dos transportes é de lamentar que a Agenda só admita </span><i><span style="font-weight: normal;">“</span></i><i><b>voltar
a avaliar a possibilidade e viabilidade de alocar navios para a
ligação sazonal entre São Miguel e Santa Maria e Terceira e
Graciosa.</b></i><span style="font-weight: normal;">(pg 63)</span><b>”,
</b><span style="font-weight: normal;">impedindo as ligações de
passageiros entre São Miguel, Terceira e as restantes parcelas do
arquipélago. É uma visão parcelar, bairrista, retrógrada que
impede a mobilidade e condena os açorianos de todas as ilhas a não
viajarem pelo mar - estrada que une todas as ilhas. Ao arrepio da
afirmação expressa na Agenda: ”</span><i><b>A Região deve ser
vista como um todo, mas sem nunca esquecer um compromisso com cada
uma das nossas ilhas. A coesão territorial é uma aposta clara. É
imperioso tratar todas as ilhas com equidade, promovendo políticas
de futuro, mas sem nunca esquecermos as nossas características
distintivas.</b></i><span style="font-weight: normal;"> (pg.52)</span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-weight: normal;"> As
minhas opiniões e contributos foram-me sugeridos pelo propósito
lançado pela própria “Agenda para a Década”, ao comprometer-se
a ”</span><i><b>Abrir a governação aos cidadãos, dando-lhes a
possibilidade de intervir, através das suas posições, ideias e
propostas, na definição de projetos, obras, estratégias e produção
legislativa.</b></i><i><span style="font-weight: normal;">”</span></i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i><span style="font-weight: normal;"> </span></i><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Quando
ao PS, o seu Programa de Governo que será a base da sua oposição
parlamentar, parece-me mais bem estruturado. Apresenta linhas
políticas de atuação nas diversas áreas, sem entrar em ações
concretas, muitas das quais coincidentes com as de outras
candidaturas, tão reivindicadas são pelas populações. Veremos
como serão negociadas e atendidas pela AD nos seus programas de
ação. </span></span>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Os açorianos, sobretudo os mais afastados dos bens e serviços
essenciais, aguardam que as instituições autonómicas voltem a
funcionar com a normalidade exigida, ao serviço do bem-comum, da
justiça e da equidade.</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Ponta Delgada, 8-02-2024</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
José Gabriel Ávila</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
jornalista c.p. 239 A</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"> </span></span><span style="color: navy;"><span lang="zxx"><u><a href="http://escritemdia.blogspot.com/"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">http://escritemdia.blogspot.com</span></span></a></u></span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p><style type="text/css">P { margin-bottom: 0.21cm }A:link { so-language: zxx }</style></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-21368841577859798412024-01-21T17:57:00.002-01:002024-01-21T17:57:30.223-01:00Jornalismo, Sempre!<p>
</p><p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br /></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> 1.A instabilidade
internacional dos últimos dias, traduzida no alastrar de conflitos
entre vários países do Médio Oriente que alguns observadores
militares consideram estar ligada à estratégia da invasão da
Ucrânia pela Rússia, é motivo de preocupação acrescida para a
humanid ade.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Nós que vivemos nestas
pequenas ilhas, com uma enorme ZEE, mas sem meios permanentes de
auto-defesa e ao sabor dos interesses dominantes, de um momento para
o outro, podemos ser sujeitos à explosão de interesses desmedidos e
gananciosos, que afetarão as nossas vidas.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Os ataques no Mar
Vermelho a navios petroleiros e porta-contentores, estão a
determinar a alteração das rotas e o prolongamento das viagens pelo
Cabo da Boa Esperança, sobrecarregando os custos dos produtos e das
matérias primas. De tal modo que se estima já que as mercadorias
importadas possam vir a aumentar cerca de 30% e as exportações a
decrescerem.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> As estimativas positivas
que previam a descida das taxas de juros, da inflação e do
crescimento das economias da Zona Euro ficarão prejudicadas, pelo
que não é difícil prever que vem aí tempos muito difíceis.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Não sendo entendido em
questões económicas recordo, todavia, os efeitos da “Primavera
Árabe” nos países do norte de África e do Oriente Médio, sendo
de prever que um dos pilares da economia açoriana – o turismo –
possa vir a ser gravemente afetado.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Neste período
eleitoral, muito se tem falado do crescimento exponencial deste
setor, dos investimentos na hotelaria, das questões sociais e
ambientais conexas, dos baixos e das medidas a tomar para prevenir a
massificação turística.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> A situação
internacional pode, no entanto, alterar profundamente esse cenário
sócio-económico, pelo que todos, agentes económicos e cidadãos em
geral, devemos estar preparados.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Há dias um grupo de
personalidades tornou público um manifesto apelando a uma séria
reflexão sobre o futuro destas ilhas.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O texto não foi
divulgado como merecia, muito menos assimilado, debatido ou
contestado pelos responsáveis económicos e sociais, como seria
timbre de uma sociedade adulta, livre e responsável.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> A rapidez com que os
conflitos estão a desenrolar-se e as precauções que os agentes
económicos e políticos devem ter, irão, certamente, alterar
programas e projetos eleitorais e empresariais.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Parafraseando Thomas
Merton “Nenhum homem é uma ilha” e “cada ser humano é uma
parte do continente, uma parte de um todo”, de John Donne, somos
levados a compreender que não estamos isolados do mundo e tudo o que
acontece, mais cedo ou mais tarde nos atinge.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> A globalização tem
essa característica: não isola ninguém, antes integra todos na
aldeia global. Assim queiramos nós acompanhar e compreender a marcha
imparável do mundo, e responder às dificuldades com as melhores e
mais adequadas soluções.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> 2. O V Congresso de
Jornalistas decorre em Lisboa até amanhã, sob o lema “Jornalismo,
sempre!”, numa altura de mudanças significativas nos meios de
comunicação e em toda a produção informativa.
</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOPMm4Up58J7dZmWB4I-_4ZUUSkr3ZcEU5MjImMrpNSaQwAhuItfoE6SU2Vi4Y-2uS0Q8vW8ham3gotxcCexctKxQ2hFxudKDXKpqIAvFyv57m8ULZAR1CRw9fSTrYH2hcLr83rV_MIXGeo8-TxYESK4bK3kU7aIr9izMbxj5wSrSDNYRViA4Y7LQGMCA/s1740/VCongJornalistas.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="979" data-original-width="1740" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOPMm4Up58J7dZmWB4I-_4ZUUSkr3ZcEU5MjImMrpNSaQwAhuItfoE6SU2Vi4Y-2uS0Q8vW8ham3gotxcCexctKxQ2hFxudKDXKpqIAvFyv57m8ULZAR1CRw9fSTrYH2hcLr83rV_MIXGeo8-TxYESK4bK3kU7aIr9izMbxj5wSrSDNYRViA4Y7LQGMCA/s320/VCongJornalistas.jpeg" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.27cm;">As
causas das alterações prendem-se com a nova era digital, com a
expansão da internet, com a penetração das redes sociais e das
plataformas digitais mesmo nas sociedades menos desenvolvidas, o que
irá acelerar a divulgação de todas as atividades da sociedade,
seja na política, na economia, nos <i>media, </i><span style="font-style: normal;">no</span><i>
</i><span style="font-style: normal;">mundo empresarial e até nas
normas sociais. “</span><i>Esta aceleração à escala, de par com
a interconetividade que a tecnologia da Internet promove, desaguará
numa nova era de globalização- a globalização dos produtos e das
ideias”.</i><sup><i><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote1sym" name="sdendnote1anc"><sup>1</sup></a></i></sup></p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.27cm;">
Há portanto, uma mudança de paradigma na distribuição das
mensagens que afeta quer a tradicional produção informativa, quer o
seu suporte económico: a publicidade. Sem esta não consegue
subsistir a imprensa escrita, nem as empresas de rádio e televisão
privadas, nem o jornalismo competente, isento e credível.</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.27cm;">
Falo de jornalismo e de imprensa de qualidade, que cativam os jovens
para a profissão e que merecem a confiança dos leitores,
telespetadores e radiouvintes. Não incluo nesta análise os pasquins
e jornais de fação, as emissoras toca-cd's, as redes sociais, sites
e outras plataformas que não se preocupam em difundir a verdade dos
factos e em promover o debate de ideias, mas em multiplicar as
“fake-news”.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.27cm;">
É por isso que a imprensa privada tem sérias dificuldades em
subsistir, em pagar salários e em recrutar pessoal para as redações.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.27cm;">
Compete, pois, ao Estado e aos Governos Regionais minimizar essas
dificuldades, como o fazem com outras atividades económicas,
sociais, culturais e desportivas.</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.27cm;">
A defesa da liberdade, da justiça e da participação cívica,
fundamentos dos regimes democráticos, exigem-no.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.27cm;">
E podíamos até envolver outras vertentes muito importantes como a
preservação e promoção da língua e da cultura, o mesmo que é
dizer da nossa identidade e da nossa História coletiva.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.27cm;">
A Imprensa é a guarda das liberdades e das reivindicações das
populações, sobretudo das mais débeis e periféricas. Sem ela, a
democracia sujeita-se a definhar nos gabinetes oficiais onde,
normalmente, não se abre a porta à crítica, nem as janelas ao
mundo.</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.27cm;">
Por tudo isto, “Jornalismo, Sempre”!</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.27cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.27cm;">
18 jan 2024</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.27cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.27cm;">
José Gabriel Ávila</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.27cm;">
jornalista c.p. 239 A</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.27cm;"><br />
</p>
<div id="sdendnote1">
<p class="sdendnote"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote1anc" name="sdendnote1sym">1</a>Schmith,Eric
e Cohen Jared, “A Nova Era Digital”, D. Quixote, 2013</p>
</div>
<p><style type="text/css">P.sdendnote { margin-left: 0.5cm; text-indent: -0.5cm; margin-bottom: 0cm; font-size: 10pt }P { margin-bottom: 0.21cm }A.sdendnoteanc { font-size: 57% }</style></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-90290077621225577402024-01-14T16:48:00.003-01:002024-01-14T16:48:29.616-01:00Do Lorenzo ao Hipólito: não aprendemos a lição<p>
</p><br /><p style="margin-bottom: 0cm;"></p>
<p style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br />
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> Quem pensou que janeiro já não seria
o mês frio e chuvoso dos meus tempos de criança, não escutou os
avisos dos entendidos e as explicações de que as alterações
climáticas decorrentes do efeito estufa e do aumento das
temperaturas iam fazer-se sentir com mais intensidade.</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> Há semanas ouve-se dizer que não
pára de chover, que os terrenos estão enlameados , que as
sementeiras e culturas não medram e que as frutas da época, como os
citrinos, não atingiram o grau de açúcar e maturação, caem das
árvores e apodrecem.</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> A explicação destes fenómenos é
conhecida, mas damos sempre o benefício da dúvida ao tempo,
esperando que ele melhore.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZ1SLj5NNUQL1jWi0eI3plJsmfQe-UFlkGk3_O309h5JOjxUBmQXpSLqvjWM7jBpwwaBVHfUxG_0Nz5aE0e1OlCCgt8On3jxMqgeLrnIOTkuWu4gWOfEdsxwnxkzDDhnQ0mU6GoHxhZX9IfiNeyOrJMSKkeSnrXCfrl6xZ4hsbui4n9kYOUKM1wEGCrVo/s4096/IMG_20240111_141611.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="3072" data-original-width="4096" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZ1SLj5NNUQL1jWi0eI3plJsmfQe-UFlkGk3_O309h5JOjxUBmQXpSLqvjWM7jBpwwaBVHfUxG_0Nz5aE0e1OlCCgt8On3jxMqgeLrnIOTkuWu4gWOfEdsxwnxkzDDhnQ0mU6GoHxhZX9IfiNeyOrJMSKkeSnrXCfrl6xZ4hsbui4n9kYOUKM1wEGCrVo/s320/IMG_20240111_141611.jpg" width="320" /></a></div><p></p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> O certo é que, de um momento para o
outro, cai-nos em cima mais uma depressão extra-tropical a que
popularmente se chama: temporal. Desta vez é o Hipólito.</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> O nome estava escolhida pelo Instituto
Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), desde setembro passado.
Havia um entre vários: Frederico, Irene, Vasco e Renata, etc e
constam de uma lista que aguarda por outras tempestades que ocorrerão
este ano.
</p>
<p> De acordo com o IPMA, todas as depressões extratropicais que
"originem um aviso de vento de nível laranja ou vermelho"
através do sistema internacional de avisos meteorológicos, e as
tempestades tenham um impacto no território que necessite de
vigilância, é esse país que escolhe o nome.
</p>
<p> Não foi revelada a opção pela designação <b>Hipólito</b>.
</p>
<p> Segundo a mitologia grega, <span style="font-weight: normal;">Hipólito</span>
de Atenas foi um cuidador de cavalos, alguém que os preparava para
as batalhas. Era filho do herói ateniense Teseu e de Hipólita,
rainha da amazonas.</p>
<p> O seu grau de divindade não foi, porém, suficiente para o
tornar popular como primeiro nome. Só no século III isso aconteceu
quando outro Hipólito, de Roma, teólogo, foi reconhecido como
santo.</p>
<p> Perante as diferentes figuras, acredito que o Hipólito de Atenas
terá sido o preferido, embora o nome seja comum em Portugal,
Espanha, França, Itália e mesmo entre nós como segundo nome. As
tempestades, pelos efeitos destruidores que causam, são fenómenos
temíveis que provocam incertezas e receios fundados nas populações.
</p>
<p> Para o santo romano, ficarão as preces, como medianeiro, para
tentar atrair a misericórdia divina - crença há muito mantida pelo
povo. Todavia, não serão as graças divinas que vão suster a força
dos elementos. Se nada for feito para contrariar as alterações
climáticas e cuidar da Casa Comum – o Planeta Terra, não há
santo que nos valha.
</p>
<p> Os desmandos da humanidade repercutem-se um pouco por todo o
lado. E mesmo que não sejamos diretamente responsáveis pelos
atropelos ao ambiente, sofremos as suas consequências.</p>
<p> É cada vez mais prudente acautelar o ordenamento dos espaços
litorais marítimos onde se multiplicam novas infraestruturas e
edificações urbanas, numa oferta desenfreada de camas para a
atividade turística.
</p>
<p> Mesmo no interior das ilhas estão a acontecer desabamentos de
terras que colocam em perigo pessoas e bens, devido à quantidade da
pluviosidade, a desvios de cursos de água e à inexistência de
equipamentos de retenção.
</p>
<p> Estas situações, porque cada vez mais frequentes não podem
aguardar pela elaboração morosa de estudos hidrológicos e
hidrográficos, que já deviam estar feitos.
</p>
<p> Há que tomar medidas já, pois as populações reclamam e com
razão segurança para suas vidas e seus bens.</p>
<p> Os exemplos das cheias, desabamentos e galgamentos dos últimos
dias são conhecidos: nos Arrifes, na Bretanha, nas Feteiras, em São
Miguel; na Agualva, na Terceira; nas Ribeiras, no Pico ou mesmo na
Graciosa. Até na Horta, onde há poucos anos o furacão Lorenzo
inundou a zona envolvente da Praia do Porto Pim, o mar entrou pela
Baía, passeou pela Marginal e pelas ruas interiores, invadiu a Gare
Marítima de passageiros na Conceição, como se fosse um senhor
portentoso daquela linda cidade.</p>
<p> Num passeio efetuado quinta-feira pela zona litoral de Ponta
Delgada, fui confrontado com pedregulhos na via pública trazidos
pela enorme força das ondas na preia-mar e pelo encerramento da
estrada na zona litoral de São Roque. A maresia chegou até às
fundações do bar da Praia do Pópulo, o que denota que o perigo
agrava-se e ainda estamos no início do inverno.</p>
<p> Há que tomar medidas rapidamente. Os governantes regionais e
locais não se podem desresponsabilizar nem adiar soluções por mais
tempo, ou então, a Proteção Civil não fará sentido.</p>
<p> Há uns meses, citando um estudo da ONU sobre perigos provocados
pela subida das águas em zonas ribeirinhas, citei alguns locais que,
até à vista desarmada, qualquer cidadão estima estarem em perigo.
Que foi feito?</p>
<p> Os de mais idade recordam, facilmente, os limites onde chegavam
as ondas alterosas em dias de tempestade. Esses limites estão
largamente ultrapassados.</p>
<p> É tempo de refletir sobre o que podemos e temos de fazer para
enfrentar as alterações climáticas.</p>
<p> O Hipólito foi mais uma ameaça e deixou pesados rastos. Outros,
certamente, lhe seguirão com o nome de Frederico ou de Irene, Vasco
ou Renata.
</p>
<p> Espero que, entretanto, as autoridades e os cidadãos em geral
tomem medidas concretas para solucionar as situações e os perigos
mais evidentes.</p>
<p> Se não, teremos novamente o credo na boca e nem Santo Hipólito
nos valerá.</p>
<p><br /><br />
</p>
<p> José Gabriel Ávila</p>
<p> jornalista c.p. 239 A</p>
<p> <span style="color: navy;"><span lang="zxx"><u><a href="http://escritemdia.blogspot.com/">http://escritemdia.blogspot.com</a></u></span></span></p>
<p><br /><br />
</p>
<p><style type="text/css">P { margin-bottom: 0.21cm }A:link { so-language: zxx }</style></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-64651392798032223302024-01-14T16:45:00.003-01:002024-01-14T16:45:19.632-01:00 Lições da História<p><br /><br /> Nestes dias de festa, salpicados de copiosas chuvas e ventos invernosos, a História destas ilhas relata-nos episódios e catástrofes que, de tão distantes, a memória coletiva já apagou. E não são tão poucos, nem tão benignos que não tenham provocado sacrifícios e tristezas às populações afetadas.<br /> Com o rodar dos anos, há uma faixa etária significativa da população que desconhece, porque não viveu, o terramoto de 1 de janeiro de 1980 e o rasto de destruição causado nas Ilhas Terceira, Graciosa e São Jorge. <br /> Para outros ainda mais novos, pouco dirá a tempestade ocorrida em 25 e 26 de dezembro nos mares dos Açores, que destruiu navios de apreciáveis dimensões, ancorados no porto de Ponta Delgada contra a marginal, sem que nada se pudesse fazer. Ou ainda o sismo de 9 de julho de 1998, que causou mortes e a destruição de um número apreciável do parque habitacional das ilhas do Faial e do Pico... e poderia continuar a longa enumeração de desastres naturais, ocorridos desde o povoamento, o primeiro dos quais, referido por Gaspar Frutuoso, sem data precisa, poderá ter ocorrido nas Sete Cidades, tendo durado vários meses.<br /> De todos estes trágicos acontecimentos, a erupção do Vulcão dos Capelinhos, no Faial, entre setembro de 1957 e outubro de 1958 tem lugar de destaque. Desse fenómeno vulcânico resultaram crises e convulsões sociais que alteraram profundamente o viver de milhares de açorianos. A emigração foi, de novo, a saída para populações privadas dos seus teres e haveres. No entanto, tal como aconteceu noutras fases da nossa história, outras movimentações internas aconteceram no interior de cada ilha e entre as várias ilhas, o que estudos demográficos podem explicar. <br /> A História açoriana deve ser conhecida por todos os que aqui mourejam, como forma de consolidar o amor à terra que nos viu nascer e de ajudar a construir a identidade do povo ilhéu.<br /> Foi com essa preocupação que o distinto escritor terceirense Marcelino Lima (ML) (1876-1945) escreveu o Breviário Açoriano (1934).<br /> Na altura, ML afirmava que “a história do povo açoriano está por fazer” e “nos compêndios de história que as escolas ensinam, ainda há bem pouco, os Açores não passavam de pontos imperceptíveis, só raramente citados como curiosidades geográficas, mal conhecidas, casualmente encontradas no Atlântico, simples ilhéus, rudes e inóspitos, onde, numa época em que as caravelas do Infante passeavam pelos mares, um freire da ordem de Cristo neles deixou ovelhas e cabras”.1<br /> Breviário lhe chamou porque “é o livro que deve habitualmente ler-se”. Por isso “todo o açoriano devia possuir, ler, consultar diariamente (…) porque se é um dever amar e servir a terra-natal, é uma obrigação inadiável conhecê-la”.<br /> O “Breviário Açoriano” tem faltas, tem erros, tem defeitos, reconhece o autor. Mas é um trabalho beneditino recolhido em fontes da biblioteca municipal de Angra de que foi seu responsável.<br /> Ao longo dos 365 dias do ano, Marcelino Lima recorda figuras e fatos da história açoriana.<br /> Sem pretender ser agoirento, o episódio referido no dia 5 de dezembro, relata “Uma enchente de mar [que] invade a Ilha de São Miguel causando estragos consideráveis”. <br /> Marcelino Lima, descreve em pormenor o enchente, iniciado a 2 de dezembro, com ventos fortes de nordeste passando depois a leste e les-sueste. <br /> “Foi aterrador o espetáculo que o mar apresentou, erguendo vagalhões enormes que varriam toda a ancoragem, sacudindo e arremessando as embarcações com ímpeto bravio, invadindo brutalmente as partes mais baixas da terra, onde os moradores aflitíssimos se amotinam e fogem. A enchente subia já 14 pés acima do nível do mar, apavorando a população e desmoronando tudo quanto lhe embargava o passo.” <br /> Convém recordar que então, não estava construída a Avenida Marginal da cidade, o que só veio a acontecer mais de cem anos depois, nem a dimensão das embarcações se assemelhava às de hoje.<br /> E continua: “A costa sul de Ponta Delgada apresentava uma pavorosa e longa linha de ruínas e de destroços; mais de 60 braças de terra haviam ficado sob as águas; as ondas subiam, em pirâmides cónicas, à altura de 70 a 80 pés.” A “formidável tempestade” - relata o historiador terceirense – atingiu também Vila Franca, Ribeira Grande e Povoação.<br /> Hoje sabe-se que este temporal devastou também outros portos e povoações da ilha Terceira. Um artigo da Wikipedia, tendo como fonte o jornal “Angrense”de 15 de dezembro desse ano informa que “Os portos do Porto Martins, Praia da Vitória e São Mateus sofreram consideravelmente e toda a cortina do cais do Porto de Angra, do lado do Oeste, ficou inteiramente arrasada, parecendo incrível que o mar pudesse arrojar sob o mesmo cais penedos de um tão enorme tamanho. (...) “Se tão horrível borrasca durasse mais duas horas talvez que tivéssemos de chorar a desaparição da Vila da Praia da Vitória, Porto Martins e algumas outras povoações da costa.2 »<br /> Tudo isto aconteceu há mais de 180 anos.<br /> As condições de segurança do litoral das nossas ilhas beneficiaram com avultados investimentos na proteção da orla costeira. <br /> Nunca é demais lembrar que com a natureza não se brinca. Quem vive em ilhas deve estar preparado para a eventualidade de fenómenos naturais adversos.<br /> O tema está na ordem do dia, embora a história insular esteja repleta de episódios que ao longo de cinco séculos fustigaram estas ilhas de sonho e de desgraça, parafraseando o poeta Almeida Firmino. <br /><br /> Ponta Delgada, 14-12-2023<br /><br /> José Gabriel Ávila<br /> jornalista c.p. 239 A <br /><br /></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-55911615475714077292024-01-03T11:22:00.003-01:002024-01-03T11:22:39.693-01:00 O que espero de 2024<p><br /><br /> A poucas horas do início de mais um ano, encaro 2024 com expetativa e esperança de que a vida melhore. Sobretudo para quem sofre os efeitos das doenças, da guerras e dos ódios destruidores da paz e da convivência humana. Não são estes os votos que todos desejamos?<br /> O cidadão comum atribui aos governantes das nações, aos políticos e aos eleitos democráticos, grandes responsabilidades pela melhoria das condições de vida. Afinal, são eles que superiormente decidem as relações entre os povos, promovem a guerra e a paz; são eles que administram os exércitos e o poder das armas; são eles que gerem as funções primordiais dos estados: os direitos à vida, à saúde, ao ensino e educação, à habitação, ao emprego. <br /> Os dinheiros públicos arrecadados junto dos cidadãos, constituem um fator poderosíssimo nas opções do crescimento económico e do desenvolvimento humano, pelo que há que ter o máximo cuidado nas escolhas que os cidadãos fazem quando elegem os seus representantes democráticos.<br /> 2024 será um ano de três eleições: regionais, nacionais e europeias.<br /> Qualquer uma delas marcará o nosso futuro pelas opções que forem tomadas no domínio público.<br /> À partida, os eleitores açorianos não estão em pé de igualdade com os cidadãos do continente português, nem de outros cidadãos europeus. Razões de vária ordem, que não vêm agora ao caso, justificam o nosso atraso económico e o desenvolvimento humano.<br /> Mesmo por isso exige-se que as dez candidaturas apresentadas ao ato eleitoral de 4 de fevereiro apresentem as suas propostas e soluções para superarmos o estádio de desenvolvimento em que nos encontramos.<br /> E como a natureza não dá saltos, há que definir objetivos e etapas. De outro modo, não chegaremos lá. A experiência tem demonstrado que alguns dos grandes investimentos públicos não trouxeram a mais-valia que se esperava. <br /> É verdade que muitas infraestruturas foram construídas: portos, estradas, aeroportos,escolas, hospitais e nem todas as necessidades neste campo são satisfatórias. Todavia, parece-nos que importa avaliar o percurso para reorientar os investimentos públicos, já que a situação social e demográfica o impõe.<br /> A quase meio século de celebrarmos a criação da autonomia constitucional democrática, impõe-se repensar os nossos destinos, corrigir projetos e delinear um novo modelo de desenvolvimento regional.<br /> Nos últimos anos, os Açores receberam contributos e sugestões importantes ao desenvolvimento de potencialidades ainda não valorizadas. Refiro-me a investimentos no aproveitamento dos fundos marinhos da enorme Zona Económica Exclusiva, que impliquem a investigação e prospeção científicas; da nossa localização geográfica e do aproveitamento das suas potencialidades para experiências aeroespaciais; das capacidades estratégicas resultantes da nossa implantação no Atlântico Norte, entre as Américas e a fronteira da Europa e do que isso acarreta para a navegação marítima transatlântica. Neste domínio, o crescimento do turismo de cruzeiros indicia novas vantagens que todas as ilhas poderão beneficiar desde que preparadas para programas específicos que já começam a surgir.<br /> De um momento para o outro, e sem que se esperasse, ocorreu o “boom” turístico. Os empresários açorianos responderam de imediato e, com apoios de fundos europeus, os Açores passaram de um arquipélago desconhecido, à ribalta dos melhores destinos. Espera-se que tal continue, com a qualidade exigida, e que as valias financeiras daí resultantes abranjam também os trabalhadores do setor, cuja representação sindical ou é inexistente ou está moribunda.<br /> Espero que as forças políticas candidatas à Assembleia Legislativa Regional não façam de slogans publicitários e de discursos de apelo ao voto o fulcro das suas ações de campanha.<br /> É imenso o trabalho político para convencer o cidadão de que ele é a raiz do poder democrático e que não pode deixar na mãos de outros o processo electivo.<br /> É para acabar com o “eles querem é o poder” e “são todos iguais” que as forças políticas devem expressar-se de forma a que as suas propostas sejam entendidas e consideradas.<br /> Esta não é uma eleição para a Assembleia de Freguesia ou para a Câmara Municipal em que a construção o arranjo de um caminho ou a amizade com este ou aquele candidato pesam muito no ato de votar.<br /> São eleições sobre o futuro da nossa terra: sobre que tipo de desenvolvimento, de agricultura e pescas, de turismo, de saúde, de educação e ensino melhor respondem às necessidades de uma população cada vez mais envelhecida e às jovens gerações, cada vez em menor número, mas com ânsias de partir para mais tarde voltar.<br /> É, pois, urgente pensar no declínio demográfico e como contrariá-lo, sem o que o desenvolvimento e o bem-estar social serão prejudicados. Sem receios e sem preconceitos. Afinal também nós somos descendentes de outras regiões euro-africanas, de outras culturas e construimos, ao longo dos séculos, a açorianidade.<br /> Gostaria que 2024 sinalizasse uma viragem no discurso político dos candidatos e futuros governantes, que pusesse de lado as mensagens sem ideias, repetitivas, medíocres, popularuchas, agressivas e maldizentes e valorizasse a apresentação e discussão de propostas sérias e bem-fundamentadas. <br /> Se assim for, os cidadãos, com a sua sabedoria, saberão escolher os melhores.<br /><br /> José Gabriel Ávila<br /> jornalista c.p. 239 A<br /><br /> http://escrtemdia.blogspot.com<br /><br /> <br /> <br /></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-69588988594411404952024-01-03T11:20:00.002-01:002024-01-03T11:20:58.321-01:00Carta ao Menino Jesus (conto)<p> <span class="x193iq5w xeuugli x13faqbe x1vvkbs x10flsy6 x1lliihq x1s928wv xhkezso x1gmr53x x1cpjm7i x1fgarty x1943h6x x4zkp8e x41vudc x6prxxf xvq8zen xo1l8bm xzsf02u x1yc453h" dir="auto"></span></p><div class="xdj266r x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;">Carta ao Menino Jesus</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> (conto)</div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;"> Os dias corriam velozes. Aproximava-se a Festa e a rapaziada abrigada da chuva no telheiro da escola, não falava de outra coisa. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> “Que te vai trazer o Menino Jesus?”, perguntou o João ao António da canada. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> “Eu <span><a tabindex="-1"></a></span>sei lá!...”, respondeu o rapaz com ar desimportado. “Na nossa casa não se usa presentes. O meu pai ainda não recebeu a soldada da baleia. É sopa de couve todos os dias, com um torinho de linguiça perdida no caldo para dar gosto a carne. Todos provam e é o que comemos.”</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> António tinha cerca de doze anos. Repetente anos a fio, já devia ter feito o exame da quarta-classe, mas as labutas do campo atrás das vacas, tirando leite mal raiava o dia, lavrando e semeando, fizeram com que se atrasasse nos estudos. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> Tinha ar de homem feito, com barba e calças de cotim compridas. Os colegas consideravam-no um veterano, mas ele pouco se importava. O seu sonho, adiado de ano para ano, era passar no exame e embarcar para longe. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> “Se os outros saíram daqui e foram p'rá Amérca, por que não hei-de fazer o mesmo? De barco, de avião, um dia também hei-de lá chegar e fugir a esta miséria...”, pensava o miúdo, sozinho num canto, ao fundo do recreio, enquanto os mais pequenos davam largas às suas brincadeiras, numa algazarra estridente.</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> Ao longe, a Montanha do Pico escondia-se sob um negrume anunciando borrasca, como anteviram na véspera os baleeiros mais velhos, sentados em acesa discussão no muro da Casa dos Botes. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> De quando em vez, caía uma chuva grossa que encharcava o pátio onde as crianças corriam e brincavam. Com roupas molhadas e pés descalços, negros do frio, não havia como aquecer tanta penúria gerada pela força da pobreza.</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> De repente, ressoa pela encosta da vila o estrondo de um forte trovão seguido do clarão de um relâmpago. As crianças gritam, abraçam-se para contrariar o medo, outras choram e fogem para dentro do edifício. Fez-se um tenebroso silêncio à espera de mais trovoada característica na época invernosa. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> Do interior da sala, a professora, preocupada com a segurança das crianças, grita com voz forte: “Meninos, todos p'ra dentro. Sentados e calados!”</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> Encostadas umas às outras em carteiras de dois lugares, as crianças tremiam de medo e de frio, à espera que um novo trovão se abatesse sobre o velho edifício. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> Aos poucos, porém, o temporal foi-se afastando, levando consigo os relâmpagos. O céu negro começou a clarear do mar para a terra, indiciando que o pior tinha passado.</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> António da canada, sozinho numa carteira ao fundo da sala, já vivera dias piores de mau tempo. Mesmo assim, pensava como estariam a Lavrada e a Malhada que ainda escuro tinha ordenhado na Terra de Baixo e que, mal saísse da escola, teria de ir recolhê-las na atafona para não passarem a noite à chuva e ao frio...</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> “E a professora diz que eu não estudo, nem faço nada ...”, comentou para consigo.</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> Estava nestes pensamentos, quando a mestra D. Maria Francisca, em pé sobre o estrado, diz com voz timbrada e ameaçadora: </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> ”Meninos!... da parte da tarde e até saírem, vão fazer uma redação sobre as prendas do Menino Jesus. Escrevem o que quiserem. Mas atenção! Sem erros ortográficos. Por cada erro, levam cinco reguadas e terão de escrever a palavra 20 vezes. Perceberam?” Ninguém respondeu.</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> António ouviu o recado e pensou de imediato: “Aos anos que ando a roçar o rabo por estas carteiras, a ouvir sempre as mesmas coisas, ao menos uma vez vou ter a oportunidade de escrever o que penso, mesmo com muitos erros. Mas quem os não tem? As reguadas que a professora me dará nestas mãos calejadas vão doer menos que o gelo da manhã, ao ordenhar as nossas vaquinhas. Vamos a isto.”</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> Tirou o caderno e o lápis da sacola de serapilheira e lançou-se ao trabalho, ciente de que o Menino Jesus lhe havia de perdoar a ousadia e os erros ortográficos. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> “Meu Menino Jasus</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> Sabes melhor que ninguém que continuo aqui na escola só para tirar o diploma da 4ª classe. As canetas que me acompanham no dia-a-dia, a enxada e o alvião, é que ajudam a matar a fome à minha família, mas mesmo assim não chega. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> Meu pai é baleeiro. Levanta-se cedo e vai para as terras. Mal rebenta o foguete, larga tudo e vem numa correria por essas canadas abaixo para a casa dos botes. Ele só é remador, a soldada é pequena e vem muito atrasada, porque os compradores do óleo da baleia – uns senhores do Cais – dizem que os alemães pagam mal. Não sei se é verdade, Tu sabes melhor que ninguém.</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> Que vai ser de nós, Menino Jasus?</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> Ainda pra mais agora que os rapazes vão para a guerra nas áfricas...</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> Quem me dera partir já. Meu pai várias vezes escreveu a meu tio Manel para que ele lhe fizesse carta de chamada, mas até agora...</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> Já pensei ir ao Faial pedir a um aventureiro que me levasse, como fizeram antigamente muitos rapazes, quando as baleeiras americanas andavam por aqui. Mas é muito arriscado. Mal sei escrever, quanto mais falar outra língua.</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> Menino Jasus</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> Este Natal o melhor presente que podia receber era ter a sorte de poder embarcar para a Amérca. Ia ter saudades das vacas, a nossa Lavrada é uma riqueza e a Malhada também, sem o leite e os queijinhos que a mãe faz e vende para fora, não sei como seria. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> Tenho que terminar, não quero ser o último, nem dar nas vistas.</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> Obrigado por me teres escutado e não te esqueças da gente.</div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;"> António Pereira da canada de cima.”</div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;"> O rapaz olhou para o texto e ficou contente por ter tido coragem de dizer o que lhe ia na alma.</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> “Será que o Menino Jesus vai fazer caso do que escrevi?”, pensou António, atafulhando na mala livros, canetas e cadernos. “Há-de ser o que Deus quiser”.</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> O dia começava a escurecer e o gado chamava por ele para a muda da tarde. Num pulo chegou a casa e, enquanto devorava um pedaço de bolo e um naco de queijo curado, a mãe mostrou-lhe uma carta acabadinha de chegar no “Lima”. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> “É da América, do Tio Manuel que vive em Betefet, mas parece ser inglês. Ainda esta noite vou a casa da sra Olga para traduzi-la. Oxalá sejam boas notícias, Deus Nosso Senhor nos proteja!”.</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> António, sem manifestar o seu contentamento, pensou consigo: “Afinal o Menino Jesus leu a minha carta. Deve ser o presente há tanto tempo esperado. Aguardemos.” E continuou subindo a canada. Corria uma aragem de norte e os dentes tiritavam de frio. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> No horizonte, um paquete branco navegava com destino à América.</div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;"> 16 de dezembro de 2023</div></div><p></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-60762291654732431582023-11-25T13:43:00.005-01:002023-11-25T13:43:55.154-01:00 Respeitar o Parlamento e a função de deputado <p>
</p><br /><p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Esta semana, dada a
relevância política das discussões sobre o Plano e Orçamento para
2024, passei algum tempo a seguir a transmissão direta dos trabalhos
parlamentares.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Nos idos de 80 e 90,
ainda no pavilhão pré-fabricado da Assembleia, acompanhei a
discussão desses e de outros diplomas. O mais interessante foi, sem
dúvida, a Proposta do Estatuto Político-Administrativo, em 1987,
pelas alterações unânimes que recebeu de todas as bancadas, do PCP
ao CDS. O Projeto-lei ainda mereceu a aprovação unânime da
Assembleia da República mas, por pressão de setores militares junto
da Presidência da República, o texto foi chumbado e transformou-se
num fato político conhecido como “a guerra das bandeiras”.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Nesses primórdios da
Autonomia não me recordo de ter assistido a significativos
desaguisados entre adversários políticos.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> As intervenções eram
escutadas com respeito e contestadas nos tempos regimentais próprios,
com o mínimo de apartes que interrompessem a opinião dos
intervenientes.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Para tal contribuiu a
experiência parlamentar e a competência jurídica de Álvaro
Monjardino, figura a que a Região Autónoma muito deve. Passou,
entretanto, quase meio século.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Quando se julgava que o
primeiro órgão da autonomia político-administrativa ganharia
dignidade e prestígio perante os eleitores e a competência dos
deputados eleitos, eis que nos deparamos com cenas pouco dignas e
pouco edificantes: são constantes à partes de contestação ou de
apoio que causam um ruído incomodativo a quem segue o debate; são
ditos quase arruaceiros, contrariando a urbanidade e o bom senso que
deviam existir num órgão de representação democrático; são
protestos e contra-protestos de baixa-política, acusações por tudo
e por nada, enfim...a militância ao seu nível menos aceitável,
fazendo lembrar manifestações de doentia clubite, frequentes em
estádios de futebol.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O próprio Presidente da
Assembleia Legislativa Regional, num dos dias, consciente da má
imagem que o Plenário transmitia aos espetadores, viu-se forçado a
chamar a atenção dos deputados para os efeitos negativos que esses
comportamentos gerariam nos cidadãos e eleitores.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O tempo político que
vivemos é propício à defesa de posições antagónicas e
inconciliáveis. Os agentes políticos, porém, devem ter a
preocupação de, em qualquer circunstância, discutir ideias,
projetos, propostas, com elevação, urbanidade e argumentação para
dignificar o cargo político exercido e a representação de que
foram incumbidos pelo eleitorado.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Da sessão parlamentar
de discussão do Plano e Orçamento e como cidadão preocupado com o
futuro deste arquipélago de NOVE ILHAS, gostava de ter ouvido
explicações sobre: que áreas e setores de atividade carecem de
mais investimentos e de novas competências académicas para que os
jovens, nas ilhas onde pretendem viver, atinjam uma vida digna e
saudável? Que mudanças introduzir no tecido social e económico
para que os ativos menos qualificados passem a ter salários mais
dignos e socialmente mais justos? Que projeto económico e social se
pretende para os Açores nas próximas décadas e que medidas tomar
para fazer face ao inverno demográfico que já estamos a viver?
Quais as teorias económicas que melhor respondem a estas prementes
questões? O que pensam de tudo isto e que propostas têm as diversas
forças políticas?... E poderia continuar o rosário de
interrogações que assolam a mente de qualquer cidadão.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Ao ouvir a discussão
sobre o Plano e Orçamento para o próximo ano, o que imperou foi a
elencagem de um conjunto de ações e respetivas verbas orçamentais.
Algumas delas percebemos os objetivos.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Na área da saúde
aceitamos a importância de certos investimentos, no entanto, ao
construir-se um centro de saúde na Ribeira Grande ou nas Lajes do
Pico, ficou por dizer se está subjacente uma nova e mais eficaz
estratégia para a prestação dos cuidados de saúde, dotando esses
e outros centros de novas valências, como reclamam os cidadãos.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Construir mais betão,
como aconteceu até agora já não chega.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> As novas tecnologias
devem proporcionar novas e melhores respostas aos utentes de ilhas
sem cuidados de saúde diferenciados.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Manter o sistema
tripolar não responde, nem a uma população cada vez mais
envelhecida, nem ao aumento do número de visitantes nacionais e
estrangeiros, pois a atratividade turística dos Açores impõe uma
reformulação e melhoria das respostas do Serviço Regional de Saúde
em todas as ilhas.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Nas outras áreas, os
telespetadores do Plenário parlamentar limitaram-se a ouvir o
desbobinar de milhões e milhões, como se os euros fossem a salvação
de todos os problemas dos transportes, da habitação, da pobreza, da
educação, das pescas, da agricultura, etc. etc.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Na verdade, assim não é
e os dados sobre o nosso sub-desenvolvimento social e económico
comprovam-no, ano após ano.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Dá a impressão que os
deputados vivem num mundo à parte, confinados dentro de quatro
paredes, trabalhando em circuito fechado, cingidos a estratégias
políticas e a cartilhas retóricas definidas. As suas razões,
raramente coincidem com as do eleitorado. Por isso, os cidadãos cada
vez mais se afastam de quem, atingindo o poder, julga-se seu dono e
senhor.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Exige-se, pois, uma
séria reflexão sobre o processo Autonómico em curso e sobre os
seus agentes.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Chumbados os dois
documentos espero que os próximos apresentem ideias claras e
estratégias bem definidas sobre que futuro se antevê para os vários
setores de atividade, não cedendo a projetos paroquiais insensatos
que podem servir para alindar localidades, mas não geram riqueza,
nem bem-estar.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> E que os deputados
dignifiquem a instituição para que foram eleitos e respeitem as
preocupações de quem os elegeu, mais que o emblema partidário.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><a name="MTUyMTM5OA"></a> O
seu lema deveria ser a magistral definição de Aristóteles:”A
política não deveria ser a arte de dominar, mas sim a arte de fazer
justiça.”</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Ponta Delgada,
23-11-2023</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> José Gabriel Ávila</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> jornalista c.p. 239 A</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> <span style="color: navy;"><span lang="zxx"><br /></span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> </p>
<p><style type="text/css">P { margin-bottom: 0.21cm }A:link { so-language: zxx }</style> <br /></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-42658857202804291782023-11-19T16:52:00.005-01:002023-11-19T16:52:57.097-01:00A crise política açoriana<p>
</p><p style="margin-bottom: 0cm;"> </p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> A instabilidade política
resultante da demissão do Primeiro Ministro e a consequente
convocação de eleições, continuam a dominar a informação
nacional.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Nos últimos dias
conheceram-se os candidatos à liderança do PS e constroem-se
cenários com base em sondagens sobre os hipotéticos vencedores e
vencidos de março próximo e sobre as ideologias e propósitos da
futura governação.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Nos próximos quatro
meses que alguns comentadores consideram ser demasiado tempo para o
veredito popular, os cidadãos terão a atualidade política inundada
de conjeturas, suposições, cenários, hipóteses e propaganda
eleitoral que, provavelmente, os desincentivará a intervir
civicamente, antes os afastará desses espaços nobres da programação
televisiva. Espero que tal não soceda.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> As máquinas da
propaganda e as estruturas partidária apressam-se, entretanto, a
realizar o máximo de iniciativas para convencer os eleitores de que
estão preparadas para se apresentarem ao sufrágio com programas de
governo adequados, candidatos e iniciativas mobilizadoras de
simpatizantes e militantes.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> É assim, sempre que
períodos eleitorais acontecem.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Por cá, assiste-se a um
incompreensível silêncio sobre o que acontecerá no Parlamento
Regional após o chumbo previsto do Orçamento Regional. Haverá uma
moção de censura da oposição apresentado pelo PS ou pelo Bloco?
Ou um voto de confiança do Governo da Coligação?
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O PSD-Açores já se
apressou a vir a terreiro anunciar que à rejeição do atual
Orçamento, seguir-se-á um segundo Orçamento. Mas será mesmo
assim?</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> <b>Quem tem medo de
eleições?</b></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Ao cidadão comum não
passa despercebida a quantidade de iniciativas governamentais e
partidárias em tudo semelhantes à propaganda política usual em
períodos pré-eleitorais.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> São eventos organizados
só para marcar a agenda dos média, com declarações sobre
empreendimentos sem projeto, sem concurso e sem adjudicação; são
visitas de mera circunstância a organismos governamentais só para
preencher alinhamentos de TJ's; são declarações para contestar
afirmações de outros agentes políticos nacionais e regionais; são
jornadas parlamentares, aqui e ali, para destacar a obra feita, ou
criticar a morosidade na resolução de problemas antigos, etc, etc.
Tudo serve para a propaganda política e para integrar os noticiários
da RTP-A, como se ela fosse o diário oficial da Região.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Nestas alturas pede-se
aos profissionais da informação “<i>critérios de serena
objetividade,</i><span style="font-style: normal;"> [para que se]
</span><i>evite a propaganda e se livre de métodos de informação
que, violando a justiça e a verdade, ferem a dignidade e o bom nome
dos cidadãos.”</i><sup><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote1sym" name="sdendnote1anc"><sup>1</sup></a></sup></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> É tarefa difícil, que
exige muita coragem e lucidez, pois o poder, qualquer que ele seja,
utiliza formas dissimuladas de contornar e atingir os seus intentos.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Seja como for, a
imprensa desta semana publicou um artigo de Mota Amaral sobre as
“crises políticas em curso” que não me passou despercebido,
embora não o tenha visto citado pelos OCS.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Não é muito usual o
Fundador do PSD vir a público comentar questões do foro interno e a
estratégia política do seu partido.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Fê-lo, no entanto em
maio de 2021, em entrevista ao jornal Açoriano Oriental, seis meses
após a posse de Bolieiro.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> De uma forma enérgica
declarou então Mota Amaral:“<i>o poder de decisão de eventuais
conflitos cabe ao líder e ele deve exercê-lo sem hesitar, assumindo
pessoalmente as responsabilidades”. </i><span style="font-style: normal;">E
acrescentou:</span><i>“tem de haver um líder claramente
reconhecido por todos e em toda a sociedade e esse é o Presidente do
PSD-AÇORES e do Governo Regional.</i><span style="font-style: normal;">”
O recado público e direto deve ter calado fundo na liderança
social-democrata e nos dirigentes da coligação. Todavia, </span>só
recentemente a colocação em várias ilhas de um “outdoor”
publicitando o óbvio: J.M.Bolieiro – Presidente do Governo dos
Açores, comprove que o “puxão de orelhas” foi entendido, embora
tarde. Fará, certamente parte das mensagens da próxima campanha
eleitoral.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> No artigo publicado esta
semana, o ex-Presidente do Governo Regional defende que: “<i>No
caso (…) de a demissão do Governo Regional ser apressada pela
aprovação na Assembleia legislativa de uma moção de censura,
subsequente à já anunciada rejeição do Orçamento, e da qual se
tem falado dubitativamente, então talvez fizesse sentido juntar as
eleições legislativas regionais às nacionais e resolver tudo de
uma só vez, nos dois âmbitos e coerentemente.”</i><sup><i><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote2sym" name="sdendnote2anc"><sup>2</sup></a></i></sup></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> A dúvida sobre o
sentido da realização simultânea de eleições em 10 de março,
deve ser entendida como uma maneira diplomática de não contestar
as recentes posições do PSD anunciando a apresentação de um
segundo Orçamento.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Porque a afirmação
consta da conclusão do artigo, constitui um sério apelo à
coligação e aos dirigentes do PSD para que não percam tempo e
aproveitem antes as vantagens do envolvimento e das mensagens
nacionais dos social-democratas, já que o CDS e o PPM só tem
expressão regional.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Presumo que estas
“reflexões” de MA já foram apresentadas e aceites pelos
dirigentes social-democratas açorianos. As suas consequências
far-se-ão sentir, proximamente, no Parlamento Regional, pois já são
evidentes na agenda mediática do Governo.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Perante este volte face,
que atitude vai tomar o PS? Assumirá o ónus da queda do Governo, na
presunção de que venceu as últimas regionais? A vida política,
sobretudo em tempos de crise, está enredada em contradições que o
eleitorado desconhece.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> É incontestável a
movimentação política de governantes, deputados e agentes sociais
afetos ao poder.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Que pensa o
Representante da República da incerteza política que se vive nos
Açores? E o Presidente da República? Estará à espera do que for
decidido no Parlamento Açoriano, para convocar o Conselho de Estado
e decidir antecipar eleições?</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Os próximos dias
trarão, certamente, novidades.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Ponta Delgada, 16 de
novembro de 2023</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> José Gabriel Ávila</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> jornalista c.p. 239 A</p>
<div id="sdendnote1">
<p class="sdendnote"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote1anc" name="sdendnote1sym">1</a><span style="font-size: xx-small;">Comunicado
do Conselho Permanente da Conferência Episcopal de Angola e São
Tomé (CEAST), nov 2023 </span>
</p>
</div>
<div id="sdendnote2">
<p class="sdfootnote"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote2anc" name="sdendnote2sym">2</a><span style="font-size: xx-small;">Jornal
Diário dos Açores, 14 nov 2023, pag 6</span></p>
</div>
<p><style type="text/css">P.sdendnote { margin-left: 0.5cm; text-indent: -0.5cm; margin-bottom: 0cm; font-size: 10pt }P.sdfootnote { margin-left: 0.5cm; text-indent: -0.5cm; margin-bottom: 0cm; font-size: 10pt }P { margin-bottom: 0.21cm }A.sdendnoteanc { font-size: 57% }</style></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-27070848025570810682023-11-12T14:43:00.004-01:002023-11-12T14:43:55.804-01:00DIGNIFCAR A DEMOCRACIA<p>
</p><br /><p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O tempo enevoado dos
últimos dias, sendo embora comum para a época, parece acompanhar o
sentimento de estupefação e insegurança da opinião pública,
gerado pela demissão do Primeiro Ministro. A imprevisível decisão
terá, certamente, consequências a todos os níveis, sendo as
económicas e sociais as mais significativas.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Para o cidadão comum, a
estabilidade governativa é um fator fundamental e imprescindível,
dada a interferência dos agentes dos poder governamental na
sociedade portuguesa.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> É por isso que os
cidadãos dão mais importância às medidas que o Orçamento do
Estado para o próximo ano contempla, e que respeitam ao aumento dos
salários e pensões, à baixa dos impostos e à melhoria dos
cuidados de saúde e da qualidade do ensino, que aos constantes,
repetitivos e eleitoralistas discursos e declarações dos políticos
e governantes.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Em momento tão difícil
e imprevisto para o Pais, que as instituições do regime democrático
saberão, certamente, ultrapassar, importa que todas as forças
políticas reflitam sobre as causas que geraram esta situação e
sobre ações e decisões atitudes, repetidamente insinuadas pela
“vox populi”, considerando que os agentes do poder, ao contrário
do que dão a entender, não estão acima da lei, nem constituem uma
casta de puros e intocáveis.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Na sua habitual sensatez
e entendimento, o povo que há cinquenta anos aplaudiu o advento da
democracia, já deu a entender através da crescente abstenção e de
permanentes críticas, que não se revê bem representado nas
instituições democráticas.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> A permanente falta de
auscultação e de contato dos eleitos com o eleitores é,
habitualmente, substituída pela opinião das estruturas partidárias
onde, por vezes, se arrebanham seguidistas, carreiristas,
interesseiros e gente sem visão e créditos pessoais, contribuindo
dessa forma para o descrédito das forças partidárias.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Porque a sociedade
evolui e os problemas são diferentes, nos últimos anos têm surgido
novas formações partidárias com novos programas e propostas para
responderem às questões ambientais e das energias alternativas.
Todavia, no setor económico e no domínio da democracia, há um
visível retrocesso a doutrinas que causaram profundas e negativas
marcas na história contemporânea.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Novos partidos e até
outros do espetro partidário tradicional, têm enveredado por
ideologias populistas e pela conservação do modelo económico
neoliberal, apresentando-os como respostas políticas aos problemas
sociais que afetam não só os países desenvolvidos, mas a
humanidade no seu todo.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Na encíclica “Todos
Irmãos”, publicada em 2020, o Papa Francisco, com a autoridade
moral que todos lhe reconhecem, afirma: “<i>O mercado, por si só,
não resolve tudo, embora às vezes nos queiram fazer crer neste
dogma de fé neoliberal. Trata-se dum pensamento pobre, repetitivo,
que propõe sempre as mesmas receitas perante qualquer desafio que
surja</i>”.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> A este propósito, o
Papa foi ainda mais contundente ao assinalar, em novembro passado, a
o Dia Mundial do Pobre: <strong><i><span style="font-weight: normal;">"Não
nos deixemos seduzir pelos cantos de sereia do populismo, que explora
as necessidades do povo propondo soluções muito fáceis e
precipitadas. Não sigamos os falsos 'messias' que, em nome do lucro,
apregoam receitas úteis apenas para aumentar a riqueza de poucos,
condenando os pobres à marginalização".</span></i></strong></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><strong><i><span style="font-weight: normal;"> </span></i></strong><strong><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Neste
tempo de instabilidade governativa, mas de forte pendor
eleitoralista, exige-se contenção no discurso, verdade na análise
e recato nos comportamentos de modo a prestigiar o exercício da
política e dos seus agentes e o valor da democracia.</span></span></strong></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><strong><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"> Este
é um tempo propício às veleidades e desmandos da partidarite,
doença de que enfermam militâncias sem controlo e pouco refletidas.
Em face disto, um alto responsável da nação afirmou recentemente:
“</span></span></strong><strong><i><span style="font-weight: normal;">Para
se ser estadista e para que as pessoas reconheçam o que fazemos, a
última coisa em que devemos pensar é mesmo na popularidade</span></i></strong><strong><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">.”<a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote1sym" name="sdendnote1anc"><sup>1</sup></a></span></span></strong></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><strong><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"> Não
compreendo como é que em Jornadas Parlamentares dos partidos da
coligação, realizadas esta semana em Ponta Delgada, o líder do
CDS/A e Vice-presidente do Governo, numa intervenção pública, se
dirigiu aos deputados Vasco Cordeiro, Nuno Barata e José Pacheco,
nestes termos pouco protocolares: </span></span></strong><strong><i><span style="font-weight: normal;">“Se
o complemento de pensão não for </span></i></strong><strong><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">[aprovado]</span></span></strong><strong><i><span style="font-weight: normal;">
a culpa é do Vasco Cordeiro, do Barata e do Pacheco.</span></i></strong><strong><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">”
É que, segundo a prática parlamentar, (e as jornadas são
consideradas trabalho parlamentar e como tal suportadas pelo
Orçamento da Assembleia) qualquer deputado deve ter um tratamento
respeitoso. Não foi o que aconteceu. Por muito ou pouco que gostemos
do adversário político, trata-se de um eleito democraticamente.
Estes procedimentos públicos denotam falta de urbanidade e são
exemplo da “politiquice” criticada pelo Presidente do Governo. </span></span></strong>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><strong><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"> É
nos momentos mais críticos da vida em sociedade que os líderes
revelam as qualidades exigidas ao exercício dos cargos que ocupam,
de entre elas o espírito de diálogo e o respeito pelas opiniões
contrárias, fundamentos da liberdade e da democracia.</span></span></strong></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><strong><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"> Estes
episódios ferem a sensibilidade dos cidadãos eleitores. Para eles a
autoridade deve ser exemplo de respeito para ser respeitada. De
contrário, cava-se ainda mais o fosso entre os auto-denominados
“servidores” da causa pública e os homens e mulheres que os
elegeram.</span></span></strong></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><strong><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"> No
tempo que atravessamos, todo o cuidado é pouco para defender a
democracia. Cabe, pois, aos agentes políticos, dignificá-la.</span></span></strong></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><strong><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"> José
Gabriel Ávila</span></span></strong></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><strong><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"> jornalista
c.p. 239A</span></span></strong></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><strong><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"> </span></span></strong></p>
<div id="sdendnote1">
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote1anc" name="sdendnote1sym">1</a><strong><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Augusto
Santos Silva,Presid. Assemb. da República, entrevista ao Jornal
PÚBLICO, 9/11/2023</span></span></span></strong></p>
</div>
<p><style type="text/css">P { margin-bottom: 0.21cm }A.sdendnoteanc { font-size: 57% }</style></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-30974686076598937782023-11-05T11:53:00.002-01:002023-11-05T11:53:16.163-01:00Turismo de cruzeiros e pedido de desculpa <p>
</p><br /><p style="margin-bottom: 0cm;"> </p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> <b>1. Cruzeiros</b></p><p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjc-0bOSLCydgdbZLREHRkWX0rBZwus5cvjGo3pgbOcs54DwVfCQaf3pC9YmHCv0ov0kYwGQFuIDKNtH-OQuyXlfB58V7EB4Yvby2wINTq-o_tE8wEdXO7g6UOvJ5xxh5LLXswgWFrnfRuqiAGLocaZBo2vQN1g9NIHVPPwcQ0UEykxMZvRh5NtxyjQNEU/s4096/IMG_20221112_134449.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="3072" data-original-width="4096" height="282" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjc-0bOSLCydgdbZLREHRkWX0rBZwus5cvjGo3pgbOcs54DwVfCQaf3pC9YmHCv0ov0kYwGQFuIDKNtH-OQuyXlfB58V7EB4Yvby2wINTq-o_tE8wEdXO7g6UOvJ5xxh5LLXswgWFrnfRuqiAGLocaZBo2vQN1g9NIHVPPwcQ0UEykxMZvRh5NtxyjQNEU/w401-h282/IMG_20221112_134449.jpg" width="401" /></a></b></div><b><br /> </b>
<p></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Finda a época estival
que até setembro trouxe aos aeroportos <span lang="pt-PT">dos </span><span lang="pt-PT"><span style="font-weight: normal;">Açores
</span></span><span lang="pt-PT">228.691 passageiros - mais 15,9% que
no mesmo mês do ano anterior - começam a chegar os modernos navios
de cruzeiro.</span></p>
<p align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="margin-bottom: 0cm;"> No primeiro
semestre do ano em curso, segundo a “Portos dos Açores”(PA),
registaram-se 132 escalas de navios nas várias ilhas, o que
representa um crescimento de 17% em relação ao mesmo período do
ano anterior.
</p>
<p align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="margin-bottom: 0cm;"> Até ao
final do ano estima-se que as escalas dos cruzeiros ultrapassem as
200 de 2022, onde viajaram mais de 125 mil passageiros.</p>
<p align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="margin-bottom: 0cm;"> Não fora a
COVID e teríamos um aumento significativo dos hotéis flutuantes nas
suas viagens entre a Europa e os EUA, contribuindo para que o
arquipélago seja o terceiro destino mais procurado do país, com 10%
do número de passageiros. Lisboa com mais de 490 mil passageiros
embarcados e desembarcados ocupa o primeiro lugar com 42,4%, logo
seguido do Funchal com mais de 417 mil – 36% da totalidade. (ver
mapa).</p>
<p align="JUSTIFY"><br /><br />
</p>
<table border="1" cellpadding="3" cellspacing="0" style="width: 463px;">
<colgroup><col width="183"></col>
<col width="183"></col>
<col width="77"></col>
</colgroup><tbody><tr valign="TOP">
<td width="183">
<p align="JUSTIFY" style="border: 1.00pt solid #000000; margin-left: 0.5cm; margin-right: 0.52cm; padding: 0.04cm 0.18cm;">
<strong><span style="font-size: xx-small;">Portos nacionais </span></strong><span style="font-size: xx-small;">(por
região)</span></p>
</td>
<td width="183">
<p align="JUSTIFY" style="border-bottom: 1.00pt solid #000000; border-left: none; border-right: 1.00pt solid #000000; border-top: 1.00pt solid #000000; padding-bottom: 0.04cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0.18cm; padding-top: 0.04cm;">
<strong><span style="font-size: xx-small;">N.º passageiros
embarcados /desembarcados</span></strong></p>
</td>
<td width="77">
<p align="CENTER" style="border-bottom: 1.00pt solid #000000; border-left: none; border-right: 1.00pt solid #000000; border-top: 1.00pt solid #000000; padding-bottom: 0.04cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0.18cm; padding-top: 0.04cm;">
<strong><span style="font-size: xx-small;">%</span></strong></p>
</td>
</tr>
<tr valign="TOP">
<td width="183">
<p align="JUSTIFY" style="border-bottom: 1.00pt solid #000000; border-left: 1.00pt solid #000000; border-right: 1.00pt solid #000000; border-top: none; margin-left: 0.43cm; margin-right: 0.27cm; padding-bottom: 0.04cm; padding-left: 0.04cm; padding-right: 0.04cm; padding-top: 0cm;">
<span style="font-size: xx-small;">Norte</span></p>
</td>
<td width="183">
<p align="RIGHT" style="border-bottom: 1.00pt solid #000000; border-left: none; border-right: 1.00pt solid #000000; border-top: none; padding-bottom: 0.04cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0.04cm; padding-top: 0cm;">
<span style="font-size: xx-small;">108.626</span></p>
</td>
<td width="77">
<p align="RIGHT" style="border-bottom: 1.00pt solid #000000; border-left: none; border-right: 1.00pt solid #000000; border-top: none; padding-bottom: 0.04cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0.04cm; padding-top: 0cm;">
<span style="font-size: xx-small;">9,4</span></p>
</td>
</tr>
<tr valign="TOP">
<td width="183">
<p align="JUSTIFY" style="border-bottom: 1.00pt solid #000000; border-left: 1.00pt solid #000000; border-right: 1.00pt solid #000000; border-top: none; margin-left: 0.43cm; margin-right: 0.27cm; padding-bottom: 0.04cm; padding-left: 0.04cm; padding-right: 0.04cm; padding-top: 0cm;">
<span style="font-size: xx-small;">Lisboa e Vale do Tejo</span></p>
</td>
<td width="183">
<p align="RIGHT" style="border-bottom: 1.00pt solid #000000; border-left: none; border-right: 1.00pt solid #000000; border-top: none; padding-bottom: 0.04cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0.04cm; padding-top: 0cm;">
<span style="font-size: xx-small;">492.438</span></p>
</td>
<td width="77">
<p align="RIGHT" style="border-bottom: 1.00pt solid #000000; border-left: none; border-right: 1.00pt solid #000000; border-top: none; padding-bottom: 0.04cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0.04cm; padding-top: 0cm;">
<span style="font-size: xx-small;">42,4</span></p>
</td>
</tr>
<tr valign="TOP">
<td width="183">
<p align="JUSTIFY" style="border-bottom: 1.00pt solid #000000; border-left: 1.00pt solid #000000; border-right: 1.00pt solid #000000; border-top: none; margin-left: 0.43cm; margin-right: 0.27cm; padding-bottom: 0.04cm; padding-left: 0.04cm; padding-right: 0.04cm; padding-top: 0cm;">
<span style="font-size: xx-small;">Algarve</span></p>
</td>
<td width="183">
<p align="RIGHT" style="border-bottom: 1.00pt solid #000000; border-left: none; border-right: 1.00pt solid #000000; border-top: none; padding-bottom: 0.04cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0.04cm; padding-top: 0cm;">
<span style="font-size: xx-small;">17.278</span></p>
</td>
<td width="77">
<p align="RIGHT" style="border-bottom: 1.00pt solid #000000; border-left: none; border-right: 1.00pt solid #000000; border-top: none; padding-bottom: 0.04cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0.04cm; padding-top: 0cm;">
<span style="font-size: xx-small;">1,5</span></p>
</td>
</tr>
<tr valign="TOP">
<td width="183">
<p align="JUSTIFY" style="border-bottom: 1.00pt solid #000000; border-left: 1.00pt solid #000000; border-right: 1.00pt solid #000000; border-top: none; margin-left: 0.43cm; margin-right: 0.27cm; padding-bottom: 0.04cm; padding-left: 0.04cm; padding-right: 0.04cm; padding-top: 0cm;">
<span style="font-size: xx-small;">R. A. Madeira</span></p>
</td>
<td width="183">
<p align="RIGHT" style="border-bottom: 1.00pt solid #000000; border-left: none; border-right: 1.00pt solid #000000; border-top: none; padding-bottom: 0.04cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0.04cm; padding-top: 0cm;">
<span style="font-size: xx-small;">417.730</span></p>
</td>
<td width="77">
<p align="RIGHT" style="border-bottom: 1.00pt solid #000000; border-left: none; border-right: 1.00pt solid #000000; border-top: none; padding-bottom: 0.04cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0.04cm; padding-top: 0cm;">
<span style="font-size: xx-small;">36,0</span></p>
</td>
</tr>
<tr valign="TOP">
<td width="183">
<p align="JUSTIFY" style="border-bottom: 1.00pt solid #000000; border-left: 1.00pt solid #000000; border-right: 1.00pt solid #000000; border-top: none; margin-left: 0.43cm; margin-right: 0.27cm; padding-bottom: 0.04cm; padding-left: 0.04cm; padding-right: 0.04cm; padding-top: 0cm;">
<span style="font-size: xx-small;">R. A. Açores</span></p>
</td>
<td width="183">
<p align="RIGHT" style="border-bottom: 1.00pt solid #000000; border-left: none; border-right: 1.00pt solid #000000; border-top: none; padding-bottom: 0.04cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0.04cm; padding-top: 0cm;">
<span style="font-size: xx-small;">125.057</span></p>
</td>
<td width="77">
<p align="RIGHT" style="border-bottom: 1.00pt solid #000000; border-left: none; border-right: 1.00pt solid #000000; border-top: none; padding-bottom: 0.04cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0.04cm; padding-top: 0cm;">
<span style="font-size: xx-small;">10,8</span></p>
</td>
</tr>
<tr valign="TOP">
<td width="183">
<p align="JUSTIFY" style="border-bottom: 1.00pt solid #000000; border-left: 1.00pt solid #000000; border-right: 1.00pt solid #000000; border-top: none; margin-left: 0.43cm; margin-right: 0.27cm; padding-bottom: 0.04cm; padding-left: 0.04cm; padding-right: 0.04cm; padding-top: 0cm;">
<span style="font-size: xx-small;">Total</span></p>
</td>
<td width="183">
<p align="RIGHT" style="border-bottom: 1.00pt solid #000000; border-left: none; border-right: 1.00pt solid #000000; border-top: none; padding-bottom: 0.04cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0.04cm; padding-top: 0cm;">
<span style="font-size: xx-small;">1.161.129</span></p>
</td>
<td width="77">
<p align="RIGHT" style="border-bottom: 1.00pt solid #000000; border-left: none; border-right: 1.00pt solid #000000; border-top: none; padding-bottom: 0.04cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0.04cm; padding-top: 0cm;">
<span style="font-size: xx-small;">100,00</span></p>
</td>
</tr>
</tbody></table>
<p><span style="font-size: xx-small;">Fonte: Portos Marítimos,
TravelBI by Turismo de Portugal</span></p>
<p align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="margin-bottom: 0cm;"> Segundo a
PA estão previstas duas dezenas de escalas no porto de Ponta
Delgada, nos meses de novembro (13) e de dezembro (6).</p>
<p align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="margin-bottom: 0cm;"> Há, de
fato, um crescente número de navios de cruzeiro no arquipélago (ver
gráfico de escalas), mas esse aumento, não se traduziu no aumento
de visitantes.</p>
<p align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="margin-bottom: 0cm;"> As razões
podem estar no receio gerado durante a pandemia. Mesmo assim pode
haver fatores sócio-económicos e políticos, como as guerras, que
inibam os grandes mercados emissores de optar pela viagens de
cruzeiro.
</p>
<p align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="margin-bottom: 0cm;"> Até há
pouco, os navios de cruzeiro eram fortemente contestados por grupos
ambientalistas. Todavia, os armadores procederam à substituição
dos combustíveis fósseis, adaptando ou construindo novos
equipamentos navais, pelo que a questão reside agora noutras
condicionantes. Uma delas, como disse, é a guerra e a instabilidade
originada por conflitos sociais e pelo terrorismo. Foi assim na
Primavera Árabe, que afetou os mercados turísticos do Magrebe.
</p>
<p align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="margin-bottom: 0cm;"> A
Associação Internacional de Companhias de Cruzeiro, face à
recuperação deste tipo de turismo, previu em junho do ano passado
que, no ano corrente, o número de cruzeiros na Europa ultrapassaria
os 48 milhões de passageiros – um acréscimo de 26% face aos 38,6
milhões de passageiros previstos para 2022. Resta saber se tal se
concretizará.</p>
<p align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="margin-bottom: 0cm;"> As viagens
marítimas hoje são tempos de lazer em luxuosos espaços de
diversão, ao contrário do que ofereciam os velhos paquetes que por
aqui passavam transportando emigrantes da Europa para a América do
Norte. Recordo que os navios de transporte de carga e passageiros
mais antigos remontam ao século 19. Eram equipamentos rudimentares,
com condições de salubridade muito precárias e os próprios
passageiros tinham de prover a sua alimentação.</p>
<p align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="margin-bottom: 0cm;"> Situações
não muito diferentes dos navios de transporte de passageiros que
navegavam pelo arquipélago nos anos 40 e 50 do passado século.</p>
<p align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="margin-bottom: 0cm;"> Hoje, os
luxuosos transatlânticos dão uma movimentação e colorido aos
portos e dinamizam a restauração e similares. Bom seria que o
comércio tradicional tivesse uma diferente visão sobre os
interesses de consumidores estrangeiros oriundos de países ricos.
</p>
<p align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="margin-bottom: 0cm;"> Não se
percebe como, em domingos e feriados, permanecem encerrados os
estabelecimentos da zona histórica de Ponta Delgada, quando é usual
um passageiro levar consigo um “souvenir” da terra que visita.</p>
<p align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="margin-bottom: 0cm;"> Contra um
certo descrédito e até críticas de agentes económicos locais,
convinha que as entidades representativas do setor esclarecessem a
opinião pública sobre: quais os benefícios que advêm deste
negócio, quais as suas mais valias, quem e como se pode lucrar com
ele, enfim, que ações desenvolver para que o empresariado açoriano
tire maiores proventos e o nosso destino seja ainda mais reconhecido
e valorizado.
</p>
<p align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="margin-bottom: 0cm;"> São temas
que o Encontro Regional de Turismo dos Açores, a decorrer estes dias
na ilha do Pico, não deixará de abordar.
</p>
<p align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="margin-bottom: 0cm;"> No próximo
ano, só em abril, segundo a PA estão agendados 28 navios de
cruzeiro em Ponta Delgada e, em certos dias, haverá 3 escalas. O
tema, porém, respeita a todas as ilhas devido aos cruzeiros
temáticos.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span lang="pt-PT"> </span><span lang="pt-PT"><b>2.
Repondo a verdade</b></span></p>
<p align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="margin-bottom: 0cm;"> A passada
semana, na sequência da apresentação da “Agenda Cultural”
critiquei a informação e a tradução transmitida pelo site
https://www.whatsoninazores.com/, julgando tratar-se da página da
iniciativa governamental.</p>
<p align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="margin-bottom: 0cm;"> Lá
encontrei textos mal escritos e mal documentados, imprecisões e uma
má tradução do inglês para português. Por tudo isso concluí
tratar-se de “demasiados erros para uma iniciativa oficial” e “um
mau serviço público”.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span lang="pt-PT"> A
crítica não é correta pois a página da agenda cultural não é
aquela mas sim a “Azores What's On”. Esta é uma plataforma em
formato de aplicação e “website” que visa </span><span style="font-family: Tinos;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT">promover
“as dinâmicas turísticas, culturais e sociais, (...) e todas as
iniciativas institucionais.”, nomeadamente eventos, </span></span></span><span style="font-family: Tinos;"><span style="font-size: small;">desde
a música ao teatro, do desporto aos festivais, da gastronomia à
educação, entre outros.”</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Tinos;"><span style="font-size: small;"> Existindo,
no entanto, a Agenda Cultural
(http://www.culturacores.azores.gov.pt/agenda/) e a Visitaçores
(www.visitazores.com) - website oficial de turismo dos Açores, não
compreendo qual a necessidade de mais um website e aplicação,
quando todas essas informações poderiam ser integradas ou ligadas
entre si num único endereço/espaço digital, complementando a
informação prestada. Optou-se pela dispersão o que, a meu ver, não
traz benefícios aos utentes. </span></span>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Tinos;"><span style="font-size: small;"> Já
dizia o filósofo Ockham: “Não se multiplicam entes sem
necessidade”.</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Tinos;"><span style="font-size: small;"> Ficam
o pedido de desculpas e o reparo.</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Tinos;"><span style="font-size: small;"> José
Gabriel Ávila</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Tinos;"><span style="font-size: small;"> jornalista
c.p. 239 A</span></span></p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p><br /><br />
</p>
<p><style type="text/css">P { margin-bottom: 0.21cm }TD P { margin-bottom: 0cm }</style></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-87727466018259990642023-10-21T09:41:00.000+00:002023-10-21T09:41:07.399+00:00A Pobreza trava o desenvolvimento <p>
</p><p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> <br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> As belezas naturais e o
singular viver ilhéu são um cenário idílico para um número
crescente de visitantes nacionais e estrangeiros.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> De janeiro a agosto, nos
Açores, o número hóspedes atingiu os 825 mil e as dormidas
ascenderam aos 2,6 milhões, o que revela um aumento significativo
deste setor da economia regional.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Esta realidade não
significa que muitos Açorianos vivam, hoje, dignamente, tal como
aconteceu na década de 60, no auge da emigração para EU e depois
para o Canadá.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Onésimo T.Almeida,
traduziu assim a situação social desses tempos os quais, “mutatis
mutandis” se podem aplicar aos de hoje: <i>“De maravilhas e
sonhos/ dizem que as ilhas são/ É sim p'ra olhos jantados, mas p'ra
meu povo 'inda não.”</i>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> De então para cá,
registaram-se progressos significativos em todos os setores
económicos e sociais. A construção de infraestruturas fundamentais
ao processo de desenvolvimento nas áreas da habitação, da
educação, da formação profissional, da agricultura e pescas, do
comércio e dos serviços permitiram criar nos jovens perspetivas de
emprego, melhoria de salários e padrões de vida até então
desconhecidos da maioria dos cidadãos. Negar estas evidências não
é sério, nem ajuda a perspetivar soluções para os problemas
sociais que o arquipélago continua a viver, apesar de todos os
esforços, nem sempre bem sucedidos, para os contrariar.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> E não é por falta de
meios financeiros.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> A União Europeia
definiu para a próxima década a estratégia económica “Europa
2030”, visando a redução do número de pessoas em risco de
pobreza ou exclusão social. Acontece, porém que em 2022, segundo o
INE, nos Açores a taxa de pobreza ou exclusão social atingia 29,6%
da população, enquanto no continente se situava nos 16,4%<sup><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote1sym" name="sdendnote1anc"><sup>1</sup></a></sup>.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> E não se pense que os 2
milhões de portugueses pobres estão desempregados. 40% são
trabalhadores, mas 10% estão em risco de pobreza, vivendo em
agregados com intensidade laboral per capita muito reduzida ou em
situação de privação material e social severa.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Por isso, o Professor
Carlos Farinha Rodrigues, afirmou ao jornal “Público” que <i>“Só
conseguiremos reduzir a pobreza, se conseguirmos passar a mensagem
que a pobreza não é um problema dos pobres, mas de todos”</i> E
acrescentou: <i>“Os níveis de pobreza que temos são um travão ao
desenvolvimento económico, põem em causa a qualidade da democracia,
a coesão social.”</i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O problema é de tal
forma grave que programa do Governo Regional para 2023 reconhece que
<i>“A criação de riqueza e a coesão territorial e social
continuam a ser um problema nos Açores </i><span style="font-style: normal;">[
de tal modo que]</span><i> “Entre 2010 e 2020, o PIB per capita em
paridade de poder de compra (PIBpc PPC) diminuiu de 75 % para 67,3 %
(dados de 2020 provisórios) em relação à média da União
Europeia.”</i><sup><i><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote2sym" name="sdendnote2anc"><sup>2</sup></a></i></sup>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> A situação persiste
relativamente ao referencial nacional pois o PIB por habitante dos
Açores é de 17.121 euros – o mais baixo de Portugal- enquanto no
país ele atinge os 19.431 euros.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> É com base nestes dados
pouco animadores que se delineiam as políticas sociais, nomeadamente
o combate ao abandono e insucesso escolares, às baixas qualificações
profissionais, à promoção dos cuidados de saúde, à política
salarial, ao índice de desenvolvimento humano, ao bem estar social,
etc.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Acresce a tudo isto que
os Açores têm a esperança média de vida mais baixa do país. À
nascença, os açorianos esperam viver 78 anos, enquanto em todas as
regiões de Portugal continental a esperança de vida à nascença é
superior a 80 anos.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> As consequências desta
discriminação negativa traduzem-se nos índices de bem-estar, pelo
que mereciam ser minuciosamente estudadas. Está em causa o Direito à
Vida, aos cuidados de Saúde e a uma Velhice mais saudável.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Já em 2012 se afirmava
que “<i>Viver mais tempo implica envelhecer. Maior longevidade não
é um fatalismo ou uma ameaça. É uma vitória da humanidade e uma
oportunidade de potenciar o «património imaterial» que significa o
contributo das pessoas mais velhas</i>.”<sup><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote3sym" name="sdendnote3anc"><sup>3</sup></a></sup></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Esta é uma perspetiva
nova que, passada uma década sobre as comemorações do “Ano
Europeu do envelhecimento ativo e da solidariedade intergerações”
merece ser tida em conta nas políticas sociais e económicas.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Não é diminuindo a
idade da reforma que os açorianos vão viver mais tempo. Pelo
contrário. Se não melhorarem os salários (normalmente mais altos
que as reformas) e os cuidados de saúde, a esperança media de vida
diminuirá ainda mais.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O recurso ao permanente
mas inconsequente assistencialismo, traduzido em apoios sociais
avulsos, é uma solução que não dignifica nem liberta as pessoas,
não promove a justiça, nem os direitos fundamentais, entre os quais
destaco o direito ao trabalho, à habitação, a salários e reformas
justas e dignas.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Daí os governos
recorrerem a subvenções sociais que geram dependências,
discriminação e incompreensões de toda a ordem e não desenvolvem
estratégias de combate à pobreza.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> No Dia Internacional
dedicado a este tema, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou: “<i>Convém</i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i>recordar que são
necessárias mais do que medidas ou apoios avulsos que, sem a devida
monitorização e avaliação, nunca se constituirão como
estratégicos.</i>”</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O apelo lançado pelo
Presidente da República não deixou de fora a Região.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Os Açores têm a mais
alta taxa de pessoas sem-abrigo do país, mais de 370 (cerca de 70%)
só em Ponta Delgada, segundo dados de 2020.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Tardam promessas de mais
habitações integradas no programa “Housing First” e as IPSS que
se dedicam a acompanhar o problema social, com o mérito que todos
reconhecem, parece não terem metas temporais, talvez por carecerem
de mais meios, apoios e estratégias governamentais concertadas.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> <i>“A pobreza não se
resolve com sobras, nem com medidas avulsas. Mitigar a pobreza não
chega, é necessário que se tomem medidas estruturais e não pensos
rápidos.”</i>- afirma uma carta assinada por membros dos conselhos
locais dos 18 distritos continentais e um da Madeira, pertencentes a
à Rede Europeia Antipobreza, no Dia Internacional para a Erradicação
da Pobreza. Uma data, a que o Governo Regional não deu o relevo
devido.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Ficam, ao menos, as boas
intenções manifestadas no programa do GRA:”<i>promover políticas
de efetiva justiça e solidariedade social, por forma a criar uma
região mais justa, com menos assimetrias sociais, o que implica um
forte compromisso social com os mais pobres e mais vulneráveis,
nomeadamente os reformados e pensionistas.”</i></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i> </i><span style="font-style: normal;">No
final do mandato, os açorianos julgarão o dito e o feito. Espero,
no entanto, que algo tenha mudado para reduzir a pobreza.</span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> José
Gabriel Ávila</p>
<p align="JUSTIFY" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"> jornalista
c.p. 239 A</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-style: normal;"> </span><span style="color: navy;"><span lang="zxx"><u><a href="http://escritemdia.blogspot.com/"><span style="font-style: normal;">http://escritemdia.blogspot.com</span></a></u></span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY">
</p>
<div id="sdendnote1">
<p class="sdfootnote"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote1anc" name="sdendnote1sym">1</a><span style="font-size: xx-small;">Jornal
PÚBLICO, 17/10/2023, pg 6</span></p>
</div>
<div id="sdendnote2">
<p style="margin-bottom: 0cm;"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote2anc" name="sdendnote2sym">2</a><span style="font-size: xx-small;">
DR N.º 10, 13 de janeiro de 2023 Pág. 25</span></p>
</div>
<div id="sdendnote3">
<p class="sdendnote"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote3anc" name="sdendnote3sym">3</a><span style="font-size: xx-small;">PROGRAMA
DE AÇÃO do “Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da
Solidariedade entre Gerações”, 2012 | Portugal Janeiro, 2012</span></p>
</div>
<p><style type="text/css">P { margin-bottom: 0.21cm }P.sdendnote { margin-left: 0.5cm; text-indent: -0.5cm; margin-bottom: 0cm; font-size: 10pt }P.sdfootnote { margin-left: 0.5cm; text-indent: -0.5cm; margin-bottom: 0cm; font-size: 10pt }A:link { so-language: zxx }A.sdendnoteanc { font-size: 57% }</style></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-41831784809801116492023-10-21T09:39:00.001+00:002023-10-21T09:39:04.820+00:00Luís Bretão-Personalidade incontornável<p>
</p><p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br /></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> De vez em quando sou
espicaçado por memórias de outras geografias, quando a primavera da
vida era colorida de sonhos em terras onde reinavam a paz e a
fantasia.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> A juventude do meu tempo
foi construída ao som das baladas dos Beatles, de Joan Baez, da
Françoise Hardy, da irreverência dos “hippies”, do “flowers
in your hair” do Scott Mackenzi, das lutas estudantís na Sorbone,
em Lisboa e em Coimbra, de um pensamento novo, permanentemente
abafado pela censura de livros e jornais, sob o olhar atento da PIDE
que tinha tentáculos em Angra, frente ao Seminário, onde as rajadas
do “vento” conciliar só a muito custo entravam.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Foi preciso forçar
portas para gerar intercâmbios entre as vivências da cidade
episcopal e a “universidade clerical”. Esse papel foi
desempenhado sobremaneira pelos jovens do GJC (Grupo Juvenil Católico
da Sé) através do intercâmbio desportivo, nomeadamente, dos
encontros de futebol. Às quinta-feiras, os portões da Rua do Rego
abriam-se e, timidamente, confraternizávamos, tal o afastamento que
nos era imposto.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Um dos entusiastas desse
relacionamento foi o Luís Bretão (LB).</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O seu trato fácil e
simpático, aliado a uma personalidade dinâmica, responsável e com
valores firmados, granjearam-lhe o reconhecimento e respeito de
professores e da comunidade estudantil. Também pelo seu envolvimento
em iniciativas desportivas, em organismos da Ação Católica (JAC)
de que foi dirigente diocesano e estudantil, e fundador dos Cursos de
Cristandade para Jovens (23 na ilha Terceira e em Lisboa). Foi também
Presidente do GJC, Presidente da Comissão da Tourada dos Estudantes,
- acontecimento relevante na quadra carnavalesca.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Já no regime
democrático, desempenhou uma atividade cívica: política,
desportiva e cultural que lhe tem valido o reconhecimento público
das diversas instâncias dos poderes local, regional e nacional.
Recebeu o título de Comendador da Ordem de Mérito, em 2005, a
Insígnia Autonómica de Dedicação, em 2015 e muitas outras
distinções que reconhecem a sua intensa atividade e toda a ilha e
nos mais diversos domínios sócio-culturais.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> “<i>Sempre trabalhei
em equipa. Nunca devemos trabalhar sozinhos.(...) O desenvolvimento e
progresso dos Açores passam pela participação de todos</i>”
-declarou numa entrevista a José Manuel Baião<sup><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote1sym" name="sdendnote1anc"><sup>1</sup></a></sup>.
Confessando-se “um sonhador”, <i>“consegui tornar muitos sonhos
em realidade”.</i> Apaixonado pelo poder local (<i>“mola
impulsionadora do desenvolvimento da nossa região”)</i> LB
promete “<i>continuar a lutar por uma nova cultura para os Açores
– a Cultura da Região”</i>. Nesse sentido, acrescenta: “<i>temos
que ser mais criativos e continuar a lutar pela melhoria da qualidade
de vida dos açorianos e para que aqueles jovens que estudam fora da
Região queiram voltar à sua terra natal contribuindo cada vez mais,
para o seu desenvolvimento”</i>.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O seu espírito aberto e
livre, a sua responsabilidade cívica, as sua capacidades de
liderança, o seu dinamismo e o seu intransigente e exemplar amor à
terra, fizeram com que várias instituições sócio-culturais da
ilha Terceira o envolvessem no desempenho dos mais variados cargos.
Todos desempenhou com eficácia e agrado popular, contribuindo para a
afirmação e projeção da cultura terceirense. <i>“As cores
partidárias não eram tidas em conta para a realização do trabalho
a que me propunha”, </i><span style="font-style: normal;">afirmou na
sessão solene que ocorreu na Filarmónica da Terra Chã, em </span>31
de maio de 2013, por ocasião do seu aniversário.<sup><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote2sym" name="sdendnote2anc"><sup>2</sup></a></sup>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> A Associação de
Cantadores e Tocadores da Cantigas ao Desafio dos Açores elaborou um
vasto programa, envolvendo instituições e locais que marcaram a sua
vida. As cerimónias foram assinaladas com o tradicional “Pezinho”,
(uma das cantorias populares terceirenses mais apreciadas, dirigida a
alguém, alguma coisa ou algum acontecimento, cujos
cantadores/improvisadores são acompanhados por um conjunto de
tocadores de viola, rebeca, clarinete e ferrinhos). <sup><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote3sym" name="sdendnote3anc"><sup>3</sup></a></sup></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O Pezinho “Percurso de
uma vida” iniciou-se na Câmara Municipal de Angra de que ele foi
vogal e vereador, passou pela Sé onde foi batizado e liderou o GJC,
pela casa onde nasceu na Rua Carreira dos Cavalos, pelo Sport Clube
Lusitânia de que foi Presidente (1989), Vice-Presidente e dirigente,
pelo Rádio Clube de Angra de que foi diretor responsável (1997)
pelas comemorações dos 50 anos da “Voz da Terceira” e pelo
Pavilhão Multiusos que tomou o seu nome.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> </p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Só mais tarde, nas
minhas andanças pelas ilhas, estabeleci uma relação estreita e de
grande amizade com este terceirense de gema, já LB era um dedicado e
responsável funcionário da SATA, penso que supervisor, no aeroporto
das Lajes.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Nesses tempos de
percalços constantes devido a situações atmosféricas adversas, à
escassez e avarias dos equipamentos e às contingências do tráfego
aéreo, o Luís Bretão era o funcionário a que todos recorriam.
Todos ele atendia, sem olhar a classes sociais ou a cargos políticos.
No entanto, segundo me confessou um dia em surdina, foi por isso
injustiçado.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> A consciência de que a
sociedade deve assentar em valores humanos fundamentais está bem
expressa nas quadras do “Pezinho” com que, em 2017, foi
homenageado por vários cantadores na sua casa, em São Carlos:</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> “<i>O Luís é pessoa
pura/Homem de bom coração/Quando se fala em cultura/Fala-se em Luís
Bretão</i>.”(Fábio Ourique) Ou esta outra:”<i>Tu és arado que
lavras/És vaga que tem marés/Quem me dera ter palavras/ para
descrever quem és.</i>”(João Leonel “O Retornado”) E por
ultimo: “<i>Este Luís não é réu/ Por isso, valor encerra/E se
estão anjos no céu/ Ele é um anjo na Terra.”</i>(José
Fernando).<sup><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote4sym" name="sdendnote4anc"><sup>4</sup></a></sup></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Luís Carlos Noronha
Bretão é uma personalidade incontornável na história recente da
Ilha Terceira, onde também vivi uma década importante da minha
vida.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Recordo-o, bem como
outros jovens do GJC, cujo dinamismo e ousadia fizeram estremecer a
pacatez da cidade de Angra dos anos 60, por onde passavam novos
ventos de mudanças culturais espelhadas nas páginas do suplemento
GLACIAL, d'A UNIÃO, nos programas “VAMPIROS” e “Hoje é
Domingo” do Rádio Clube de Angra, nas homilias dominicais de Cunha
de Oliveira, nos Cursos de Cristandade, no “aggionarmento” do
Vaticano II, nas Semanas de Estudo do IAC (Instituto Açoriano de
Cultura), e até nos clubes desportivos, nomeadamente o
S.C.Lusitânia, que atingiu patamares até então nunca alcançados.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Por tudo isto e porque
“<i>Quando se gosta da vida, gosta-se do passado, porque ele é o
presente tal como sobreviveu na memória humana.</i>”(Marguerite
Yourcenar), termino esta homenagem ao Luís Bretão com o lema das
Semanas de Estudo:“<b>Mais conhecer para melhor viver”</b>.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><a name="MTExNjE"></a><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> José Gabriel Ávila</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> jornalista c.p. 239 A</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> <span style="color: navy;"><span lang="zxx"><u><a href="http://escritemdia.blogspot.com/">http://escritemdia.blogspot.com</a></u></span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<div id="sdendnote1">
<p class="sdendnote"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote1anc" name="sdendnote1sym">1</a><span style="font-size: xx-small;">Luís
Bretão, Entrevista para a História, Pensamento Açoriano, op. S/d</span></p>
</div>
<div id="sdendnote2">
<p class="sdendnote"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote2anc" name="sdendnote2sym">2</a><span style="font-size: xx-small;">Sousa,
José Fonseca; Borba, Liduíno, LUÍS BRETÃO – Uma homenagem,
Coingra, 2013</span></p>
</div>
<div id="sdendnote3">
<p class="sdendnote"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote3anc" name="sdendnote3sym">3</a><span style="font-size: xx-small;">Sousa,
José Fonseca de, PEZINHO NA CASA DE LUÍS BRETÃO (São Carlos-
Terceira), 2017</span></p>
</div>
<div id="sdendnote4">
<p class="sdendnote"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote4anc" name="sdendnote4sym">4</a><span style="font-size: xx-small;">idem</span></p>
</div>
<p><style type="text/css">P { margin-bottom: 0.21cm }P.sdendnote { margin-left: 0.5cm; text-indent: -0.5cm; margin-bottom: 0cm; font-size: 10pt }A:link { so-language: zxx }A.sdendnoteanc { font-size: 57% }</style></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-58650817741731531272023-10-07T17:01:00.000+00:002023-10-07T17:01:00.226+00:00Transporte marítimo de passageiros<p>
</p><p style="margin-bottom: 0cm;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhb-BGW9IjHuyxvWhNCh_xOy7tm3Q1A8Mpkb6B-_P4A3D4CwiOvjK754qxkdI6VI6Q_fXCAYw7ohAEOzP6xsYc6LamaFN2Ak60n-2rJPlWl0_zCYir-IiwWPuracpiHtRcnT4tV1TriPeoYDMeRljdt05xlTX5zzuxlfPP0n8wafVC6_eTxLF_ivxG8BXI/s813/Cr%C3%B3nica%20Jos%C3%A9%20Gabriel%20%C3%81vila%20(07-10-2023).jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="813" data-original-width="616" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhb-BGW9IjHuyxvWhNCh_xOy7tm3Q1A8Mpkb6B-_P4A3D4CwiOvjK754qxkdI6VI6Q_fXCAYw7ohAEOzP6xsYc6LamaFN2Ak60n-2rJPlWl0_zCYir-IiwWPuracpiHtRcnT4tV1TriPeoYDMeRljdt05xlTX5zzuxlfPP0n8wafVC6_eTxLF_ivxG8BXI/s320/Cr%C3%B3nica%20Jos%C3%A9%20Gabriel%20%C3%81vila%20(07-10-2023).jpg" width="242" /></a></div><br />T<b>ransporte marítimo de passageiros</b><p></p>
<p> "Nada acontece nos Açores sem transportes. Sempre foi
assim. O mar e o ar são as nossas estradas", afirmou em
novembro passado<sup><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote1sym" name="sdendnote1anc"><sup>1</sup></a></sup>
Faria e Castro, titular dos Assuntos Europeus e da Cooperação
Externa, na comissão do Desenvolvimento Regional do Parlamento
Europeu, onde defendeu a criação de um POSEI dedicado aos
transportes.</p>
<p> De então para cá, pouco se sabe sobre o sucesso da
reivindicação açoriana que considerava os transportes marítimos e
aéreos como "o elemento determinante na caminhada da
continuidade territorial e da coesão territorial" da União
Europeia (UE).</p>
<p> Em 13 de dezembro último, a responsável pelo Turismo,
Mobilidade e Infraestruturas anunciou, no Parlamento, a realização,
<b>em breve</b>, de um estudo, “para determinar "o melhor
modelo" de transporte marítimo de passageiros, nomeadamente
entre São Miguel e Santa Maria.”<sup><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote2sym" name="sdendnote2anc"><sup>2</sup></a></sup></p>
<p> Berta Cabral foi peremptória: <i>Os estudos é que nos dirão o
que deve ser feito (...) e qual o melhor modelo e mais económico".
</i>De então para cá, nada mais se soube sobre o assunto.
</p>
<p> O silêncio foi desfeito há dias pelo Presidente da
Atlanticoline, ao anunciar a abertura, este mês, de um concurso
público internacional para a construção de dois novos navios
elétricos, de 35 metros de comprimento, com capacidade para 250
passageiros e 10 viaturas, no valor global de 25 milhões de euros,
semelhantes aos ferries que operam no Triângulo.<sup><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote3sym" name="sdendnote3anc"><sup>3</sup></a></sup>
Será que se acautelou o eventual aumento do transporte marítimo no
Grupo central e a degradação dos equipamentos em uso?</p>
<p> A mesma fonte afirmou ainda que, após a chegada dos dois navios
novos, <u>dentro de dois anos</u>, a ligação, no verão, entre São
Miguel e Santa Maria, será efetuada pelo navio “Mestre Feijó”,
de 35 metros de comprimento e que transporta 250 passageiros e 10
viaturas.</p>
<p> Esta decisão não foi suportada por qualquer estudo anunciado no
Parlamento, ao contrário do que prometeu Berta Cabral, mas por
“peritos consultados”, como informou o gestor daquela empresa
pública.</p>
<p> A questão é séria e pertinente pois traduz a falta de
compromisso com a palavra dada, o descrédito dos agentes políticos
e não respeita as expetativas dos cidadãos de todas as ilhas.
</p>
<p> Ao não se incentivar o tão badalado mercado interno, que em
anos passados se fazia co recurso aos ferries, contradiz-se a
afirmação de Faria e Castro segundo o qual o transporte marítimo é
“o elemento determinante na caminhada da continuidade territorial e
da coesão territorial" da União Europeia. Além disso, o
governo, impedindo o transporte marítimo em ferries, descrimina
várias ilhas e, consequentemente, a mobilidade de pessoas e bens
entre São Miguel, Santa Maria e, entre estas e os grupos central e
Ocidental.</p>
<p> Tornou-se evidente que a tão badalada “tarifa Açores” que
permitiu aos cofres da SATA um importante desafogo (quanto custou ao
erário público este subsídio?), proporcionou um negócio de
“rent-a-car” florescente, mas incomportável para os açorianos
deslocados, muitos dos quais optam pelo aluguer clandestino de
viaturas privadas, sujeitos aos eventuais percalços. No primeiro
caso, beneficiam empresas do ramo espalhados por todas as ilhas, com
preços incomportáveis e desajustados à qualidade dos serviços, o
que faz perigar a atividade turística no seu todo.</p>
<p> Só para se fazer uma ideia da diferença de preços entre Lisboa
e os Açores, consultei um site para o aluguer de uma viatura de
baixo custo entre os dias 3 a 5 de outubro. Os preços não enganam.
Em Lisboa: custava 4.75€ (2.36/dia), no Pico: 61.50€
(30,75€/dia). A quem contrapõe que é a lei da oferta e da
procura, respondo: - É a ganância do lucro exagerado a ditar o
negócio, pois os salários e os impostos nos Açores são mais
baixos.
</p>
<p> Voltando ao transporte marítimo de passageiros, não é correto
afirmar-se, sem mais, que os meios disponíveis nas viagens do grupo
central têm uma ocupação muito elevada. O certo é que
transportando apenas entre 10 e 15 viaturas, os ferries não
satisfazem as necessidades da época alta nem no canal Pico/Faial,
nem entre as ilhas do grupo central, atendendo a que reside na Ilha
Terceira uma numerosa comunidade de picoenses.</p>
<p> O mesmo acontecerá daqui a tempos com a solução de desviar o
ferry Mestre Feijó para as viagens de verão entre São Miguel e
Santa Maria, num percurso de 62 milhas náuticas percorridas em cerca
de 3 horas.</p>
<p> O fluxo de passageiros e viaturas entre as duas ilhas – e o
histórico das anteriores viagens em ferries comprova-o - exige um
navio com maior disponibilidade de espaço, atendendo à dimensão da
população micaelense e à fronteira marítima imposta pelo governo
na ligação com a Terceira.
</p>
<p> Como passageiro frequente dos antigos ferries, considero
preocupante que a opinião pública, os agentes políticos
nomeadamente os autarcas e os deputados, não encarem este assunto
com a importância que ele tem e que é repetidamente referido pelas
autoridades regionais quando falam dos constrangimentos provocados
pela ultraperiferia e pela insularidade.</p>
<p> Exigir de Bruxelas programas específicos para a mobilidade e
coesão territorial, com os respetivos envelopes financeiros, quando
internamente se desenvolve políticas contrárias de pendor
centralista e concentracionárias é uma contradição insanável.</p>
<p> Para sermos respeitados pelos 27 estados membros, é imperioso um
discurso e atuações que promovam as disposições europeias para as
RUP.
</p>
<p> Só assim a UE terá em conta as nossas reivindicações que são
cada vez mais testadas pelos nossos visitantes europeus.</p>
<p><br /><br />
</p>
<p> José Gabriel Ávila</p>
<p> jornalista c.p. 239 A</p>
<p> <span style="color: navy;"><span lang="zxx"><u><a href="http://escritemdia.blogspot.com/">http://escritemdia.blogspot.com</a></u></span></span></p>
<p><br /><br />
</p>
<p>
</p>
<p> </p>
<p> </p>
<p> </p>
<p> </p>
<p>
</p>
<p><br /><br />
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<div id="sdendnote1">
<p><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote1anc" name="sdendnote1sym">1</a><span style="color: navy;"><span lang="zxx"><u><span style="font-size: xx-small;"><a href="https://www.dnoticias.pt/autor/319/">Agência
Lusa </a><a href="https://www.dnoticias.pt/archive/2022/11/30/">30
nov 2022 18:44</a></span></u></span></span></p>
</div>
<div id="sdendnote2">
<p><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote2anc" name="sdendnote2sym">2</a><span style="color: navy;"><span lang="zxx"><u><span style="font-size: xx-small;"><a href="https://www.dnoticias.pt/autor/630/">Agência
Lusa </a><a href="https://www.dnoticias.pt/archive/2022/12/13/">13
dez 2022 15:12 </a></span></u></span></span>
</p>
</div>
<div id="sdendnote3">
<p class="sdendnote" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote3anc" name="sdendnote3sym">3</a><span style="font-size: xx-small;">Jornal
“lha Maior” 29/09/2023, nº1554</span></p>
</div>
<p><style type="text/css">P { margin-bottom: 0.21cm }P.sdendnote { margin-left: 0.5cm; text-indent: -0.5cm; margin-bottom: 0cm; font-size: 10pt }A:link { so-language: zxx }A.sdendnoteanc { font-size: 57% }</style></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-51020302817892521832023-10-06T12:15:00.001+00:002023-10-06T12:15:10.431+00:00A Herança Açoriana<p> <br /><br /> Deu-me um aperto no coração. E não era para menos. <br /> Há dias, no lançamento do livro de contos “Mar e Tudo e Outros Casos” de José Francisco Costa, Onésimo T. Almeida afirmou, a propósito do centralismo português/lisboeta que os Açores, ultraperiféricos em relação ao continente, têm de afirmar-se por si próprios estabelecendo laços mais fortes com a diáspora e as suas instituições e não as considerando ultraperiféricas. <br /> O lamento de Onésimo vem de quem vive, sente e luta pela afirmação da portugalidade e da açorianidade num país enorme e diverso que tem na sua génese nomes e feitos de portugueses: João Rodrigues Cabrilho, João (Portuguese) Filipe e de tantos outros que, ainda antes da independência, na Nova Inglaterra e na Califórnia fizeram vida na pesca, na caça à baleia, na agricultura, na indústria têxtil e na caça ao ouro, vontade de vencer. Pensava que viver nos “states” ou no estrangeiro proporcionava certas vantagens que um ilhéu, fechado na ilha, não conseguiria atingir. <br /> A questão da imigração, porém, é mais complexa e não se reduz à melhoria das condições de vida. <br /> A matriz identitária alimenta o imaginário do açoriano imigrante e aprisiona-o numa saudade irresistível.<br /> Daniel de Sá, percebeu bem este dilema quando afirmou que “Sair da ilha é a pior maneira de ficar nela!”<br /> Passados alguns séculos, milhares de açorianos emigrados passaram aqui ao rol dos esquecidos, como antigamente acontecia com os embarcados para terras de Vera Cruz. <br /> Do lado de lá, porém, tem-se desenvolvido iniciativas interessantes para preservar a “Heritage” (Herança), promovidas pelas academias e instituições culturais, incentivadas pela busca dos antepassados da diáspora e, recentemente, divulgadas pelas plataformas digitais e redes sociais.<br /> Esse trabalho de investigação percorre todas as etapas do antigo circuito migratório dos Açores até à chegada aos Estados Unidos, com informações detalhadas sobre os portos e navios de embarque, os nomes, idade e profissão dos passageiros, até aos destinos finais em terras do Tio Sam.<br /> Seria interessante e útil que, aqui nos Açores, as instituições interessadas por estes assuntos, nomeadamente a Universidade ou outras partilhassem também essa informação.<br /> A crescente procura dos norte-americanos pelos Açores não está associada apenas às belezas e singularidades destas ilhas. Muitos visitantes da terceira e quarta gerações vêm à procura de parentes e descendentes, mas vão rareando os mais antigos que, por virtude de ofícios, conseguiam elaborar as árvores genealógicas. <br /> Exemplo do que acabo de dizer aconteceu há uns anos atrás. Um agente de viagens da Califórnia, por influência das suas raízes picarotas, entendeu formar grupos para visitar várias ilhas dos Açores e encontrar raízes. <br /> Nas Lajes do Pico, o próprio operador quis saber se haveria quem o informasse das suas origens. Indicaram-lhe Ermelindo Ávila. Meu pai indagou do senhor quais os seus progenitores e chegou à conclusão: “Você é meu primo!”, filho de um tio que embarcara para os EUA há décadas atrás. O homem não queria acreditar e não coube em si de contente. A partir daí, quando visitava a ilha, reunia-se com os parentes para celebrar o reencontro da família.<br /> As investigações genealógicas, por razões que se prendem com a concentração dos arquivos históricos nas “ilhas capitalinas” são difíceis de realizar para os amantes da genealogia. Por isso, tem de haver processos de aceder a documentos, por via informática, a essa informação, tratada ou não, de modo a que se comprove o circuito migratório e toda a saga da emigração.<br /> Um longo trabalho há a fazer neste sentido que passa também pelo estabelecimento de intercâmbios com investigações realizadas junto da nossa diáspora.<br /> Esta semana, por casualidade, tive acesso a uma sítio(1) do governo do Espírito Santo sobre a imigração para aquele Estado brasileiro, um dos 27 da Federação, situado a sudoeste e banhado pelo Atlântico. A norte faz fronteira com o estado da Baía, a sul com o do Rio de Janeiro e a oeste com Minas Gerais. Tem cerca de 4 milhões de habitantes e a sua capital é Vitória.<br /> <br /> A referida plataforma é de muito fácil acesso. Contém informação pormenorizada sobre os imigrantes de várias nacionalidades europeias, nomeadamente açorianos, os primeiros de um grupo de 250 que para lá foram enviados entre 1812 e 1814, quase dois séculos depois da primeira leva de compatriotas nossos terem rumado àquele país e mesmo muito antes de os “casais” constituídos por 6 mil pessoas terem sido transportado, entre 1748 a 1756 para a ilha de Santa Catarina e para o Rio Grande do Sul.(2 <br /> Em 1813, por exemplo, Manuel Caetano Silveira e Francisco Cardoso, de 46 anos, juntamente com sua mulher Beatriz de 37 anos e dois filhos Manuel de 7 e António de 5 emigraram para o Espírito Santo. De onde eram provenientes? Não é referido. Pelos apelidos depreende-se serem do Faial ou do Pico, mas são hipóteses. E seria interessante saber, cruzando documentos das Alfandegas, das capitanias e das paróquias existentes nos arquivos e partilhando essa informação com descendentes brasileiros de lá e familiares das gerações seguintes de cá. Vem-se constatando existirem muitos brasileiros a residir nestas ilhas e cresce o fluxo turístico do Brasil para os Açores.<br /> Esta troca de informações sobre o destino da nossa diáspora levar-nos-á a um conhecimento maior sobre os nossos antepassados e seus descendentes e valorizará o papel por eles desempenhado e a sua influência na cultura do país de acolhimento. <br /> Quanto mais abertos os Açores forem à numerosa diáspora americana, canadiana e brasileira, mais o seu valor e contributos serão relevados e conhecidos na construção daqueles países. Ganharão as nossas instituições com a sua experiência e saber e compreenderemos melhor a sua inserção e importância nos países de destino.<br /> Importa rever comportamentos e libertar-nos de preconceitos que só contradizem a nossa história de permanente abertura ao mundo. <br /> Ninguém é dono do torrão que pisa, nem pode alcandorar-se em açoriano de primeira, de segunda ou de terceira estirpe. Todos, em comum têm a alma, a cultura, os afetos, a saudade e a geografia das ilhas. É este padrão que nos identifica. Aqui ou na diáspora.<br /><br /> José Gabriel Ávila<br /> jornalista c.p. 239 A<br /><br /> http://escritemdia.blogspot.com<br /><br /> 1
</p><p style="margin-bottom: 0cm;"><span style="color: navy;"><u>
<span lang="zxx"><span style="font-size: xx-small;"><a href="https://imigrante/">https://imigrante</a>s.es.gov.br/Imigra.aspx</span></span></u></span></p><p style="margin-bottom: 0cm;"><span style="color: navy;"><u><span lang="zxx"><span style="font-size: xx-small;">2</span></span></u></span>
</p><p class="sdendnote"><span style="font-size: xx-small;">https://nea.ufsc.br/artigos/artigos-joi-cletison-2/</span></p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><style type="text/css">P.sdendnote { margin-left: 0.5cm; text-indent: -0.5cm; margin-bottom: 0cm; font-size: 10pt }P { margin-bottom: 0.21cm }</style><span style="color: navy;"><u><span lang="zxx"><span style="font-size: xx-small;"> </span></span></u></span></p>
<p><style type="text/css">P { margin-bottom: 0.21cm }A:link { so-language: zxx }</style><br /><br /><br /><br /></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-37218111941488411262023-09-24T17:40:00.000+00:002023-09-24T17:40:04.317+00:00O debate público “faz de conta”<p>
</p><p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> 1.
Regressei há dias de uma estadia de três meses na Ilha do Pico,
como dei nota aos leitores. </span></span>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> Durante
esse tempo, reconciliei-me com os meus conterrâneos envolvendo-me
nas suas alegrias e tristezas, e na rudeza de uma beleza quase
original. </span></span>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> Por
defeito, reajo mal a um notório imobilismo que continua a atrasar o
crescimento de tantas potencialidades. Todavia, pensando bem, esse
“defeito” acontece por não existirem respostas n”O acesso
universal, em condições de igualdade e qualidade, aos sistemas
educativo, de saúde e de proteção social”, objetivos
fundamentais da Autonomia, reconhecidos no Estatuto Político
Administrativo (artº 3.º).</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> As
consequências dessa letargia fazem-se sentir sobretudo no
desinteresse de muitos novos e velhos em contribuir para um futuro
melhor e diferente. Pois se as situações mais prementes e básicas
no setor da saúde, da habitação, do custo de vida não satisfazem
nem se alteram; se os picoenses se sentem secundarizados nos
transportes e na mobilidade; se a população envelhece a olhos
vistos e nada se faz para inverter esta curva vertiginosa; se os
jovens possuem cada vez mais competências técnicas e profissionais,
mas não encontram emprego compatível, nem habitação etc, etc...a
solução é migrar para centros urbanos mais populosos, despovoando
a segunda maior ilha do arquipélago.</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> Estes
são temas frequentes de conversa que acabam, normalmente, com “o
que 'que se há-de fazer?!...” ou, na expressão dos mais velhos:
“seja o que Deus quiser!...”</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> Advém
daqui a desconfiança dos cidadãos nos governantes e a desmotivação
de participar em eleições. </span></span>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> O
retrato está feito há muito, quando se houve: “Só aparecem aqui
quando há eleições, para caçar o voto e depois esquecem-se de nós
e ninguém mais os vê...”; “Prometem, prometem, mas não fazem
nada!...”, ou ainda:”Fazem o que querem e não nos pedem
opinião!...”</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> Canso-me
de repetir que em democracia é o povo quem manda, delegando o poder
nos seus eleitos, o que obriga a um constante diálogo e auscultação
da vontade da população, para aferir da sua satisfação e para
responder a novos problemas que, entretanto, surgem.</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> Os
eleitos e as forças políticas em que se enquadram podem pensar que
não têm de dar satisfação às populações das suas decisões,
guardando o veredito popular para eleições. Todavia, assim não é.</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> O
Estatuto político administrativo e a legislação portuguesa (Lei
orgânica nº4/2020 de 11 de novembro) reconhecem o poder do povo se
poder pronunciar em referendo, sobre uma panóplia de matérias sejam
de âmbito nacional, regional e local.</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> O
referendo é um instituto democrático que até os cidadãos das
localidades mais pequenas podem propor, visando a tomada de decisões
mais consensuais.</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> Tal
não aconteceu até agora nos Açores sobre matérias que nos digam
exclusivamente respeito, ao contrário do que por essa Europa fora e
até na América é usual, sinal da falta de participação cívica e
de responsabilidade pela gestão do espaço comum e da vida em
sociedade. </span></span>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> O
poder democrático é de tal modo assumido pelas forças políticas
que estas transformam-no em partidocracia - doença que abala os
fundamentos dos direitos liberdades e garantias.</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> Sendo
certo que não há democracia sem partidos, é fundamental que eles
não se arroguem em únicos agentes e senhores do poder.</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> 2.Esta
semana foi noticiada a abertura de um concurso de ideias para
utilização de espaços, em Santa Clara, pertencentes à antiga
SINAGA. A decisão foi tomada em fevereiro do ano passado, mas só
será implementada, provavelmente, até ao final do ano, quase dois
anos depois.</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> Existem,
no entanto, divergências entre a posição do Parlamento e a do
Governo. A Assembleia aprovou um “</span></span><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><i>concurso
de ideias para apresentação de conceitos e projetos funcionais”</i></span></span><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;">.
O executivo irá propor um “</span></span><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><i>debate
público com base num </i></span></span><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><i><u>programa
prévio de valências a instalar</u></i></span></span><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><i><span style="text-decoration: none;">”</span></i></span></span><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-style: normal;"><span style="text-decoration: none;">(sublinhado
meu)</span></span></span></span><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;">,
elaborado pela ordem dos arquitetos e técnicos das Obras Públicas.
Ou seja: o programa define os objetivos, e ideias diferentes das
áreas da cultura e das artes, do desporto, dos tempos livres, da
educação e formação, do desenvolvimento social, da saúde, da
habitação ou outras, não serão tidas em conta já que
responsáveis por esses setores não participaram na elaboração do
dito “programa”. </span></span>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> São
estes os parâmetros da nossa democracia: ouve-se quem, quando e onde
se quer. Por isso não há referendos, nem mesmo sobre matéria tão
básica como é a revisão estatutária que, meio século após a
instalação do governo autónomo mantém a preponderância das três
antigas cidades das “ilhas capitalinas”, reforçando as mesmas
centralidades na administração pública, na área dos cuidados
diferenciados de saúde, no comércio, serviços e transportes.</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> Por
isso soam a demagogia afirmações políticas sobre a saúde, o
emprego e a habitação, cujas reformas não se fazem por encapotada
imposição de lóbis. Prefere-se manter o “status quo”,
alegando-se a execução de dispendiosos estudos que nunca chegam à
luz do dia. A propósito, que diz o estudo sobre o Aeroporto do Pico,
dos transportes marítimos de carga e de passageiros e de outros que
não vieram a público?</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> É
tempo de os agentes políticos não temerem de auscultar a voz do
povo (</span></span><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><i>vox
populi, vox Dei</i></span></span><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;">)
e de seguirem as suas judiciosas pretensões. Só desse modo poderão
considerar-se legítimos representantes das populações.</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> Ponta
Delgada, 21-09-2023</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> José
Gabriel Ávila</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Lato, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> jornalista
c.p. 239A</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p><style type="text/css">P { margin-bottom: 0.21cm }</style></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-39094662251607003402023-09-24T17:38:00.004+00:002023-09-24T17:38:40.976+00:00Novos povoadores<p> <span style="font-size: small;"><span style="font-weight: normal;">A
terra é grande na miragem e na lonjura. A floresta cresce sem ser
semeada pelas mãos calejadas dos antigos. Falta gente aqui que cuide
das heranças e faça medrar as pedras dos currais e dos serrados que
já deram pão. </span></span>
</p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"> O
vinho novo tem passaporte estrangeiro. Talvez por isso ganha fama e é
laureado em casinos, com rótulos e medalhas douradas, cobradas com
suor de trabalho mal remunerado.</span></p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"> A
ilha é grande e propaga-se no céu para olhar em redor. Já não
teme os antigos corsários que a invadiam na noite escura, antes dá
sinal de si aos pássaros voadores que cruzam o Atlântico Norte em
busca de paraísos perdidos.</span></p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"> Quem
pensou que este não seria porto de aguada esqueceu-se de que mar e
céu são estradas em movimento constante, abertas à descoberta e ao
futuro.</span></p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"> <span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>*
* * * *</span></p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"> O
Pico retomou a rota das baleeiras americanas e entrou nos mapas e
roteiros das viagens de turismo. Sempre em crescendo.</span></p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"> Durante
este verão, foi um rodopio constante de aeronaves, de lá para cá e
de cá para lá, em direção à ilha Grande, às Américas e à
Europa.</span></p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"> De
há uns anos para cá, o movimento aéreo tem aumentos
significativos. Este ano, até agosto, o número de passageiros
desembarcados ultrapassou já em cerca de 9.600 o total do ano
passado: 64.052 passageiros.</span></p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcGHJWoz2lTnGl7RUdGiLkO3NLLARMuLqETsMbPNn0uTyL3kJ0SNFlrD31PIexh0wPVfV0kcT9gGtx4AMY_o7RJF3A2xLLSQCYCZ0bdmNX_NmzUuSrZaPD2SzdkMWT0ukBkHwaKNPHaORJnAKUF0Ffcv7_UJ4nxg9HmPsnNCoYYOgVvMePROnLSHICvHs/s3455/sata%20Pico.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="2332" data-original-width="3455" height="216" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcGHJWoz2lTnGl7RUdGiLkO3NLLARMuLqETsMbPNn0uTyL3kJ0SNFlrD31PIexh0wPVfV0kcT9gGtx4AMY_o7RJF3A2xLLSQCYCZ0bdmNX_NmzUuSrZaPD2SzdkMWT0ukBkHwaKNPHaORJnAKUF0Ffcv7_UJ4nxg9HmPsnNCoYYOgVvMePROnLSHICvHs/s320/sata%20Pico.jpg" width="320" /></a></span></div><span style="font-size: small;"> Não
havendo ainda dados oficiais sobre a capacidade de alojamento,
cinjo-me ao existente o ano passado que rondou as 2.900 camas,
número superior ao do Faial que no mês de agosto atingiu as duas
mil camas. (SREA)</span><p></p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"> Comprova-se,
por estes números, o lema recente de que “Os Açores estão na
moda” e,por arrastamento, a ilha do Pico também.</span></p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"> Até
há poucos anos, era pouco comum ver-se passar por esta Ponta da Ilha
jovens a pé. A situação, a meu ver, alterou-se, como se pode
comprovar na aerogare do aeroporto do Pico, sinal de que a “Ilha
Maior” cantada pelo poeta Almeida Firmino; a “Montanha do meu
destino” cantada por José Enes; a ilha das “Pedras Negras”,de
Dias de Melo; ou a ilha da “Memória da terra” de José Martins
Garcia exerce um fascínio sobre os mais novos que, certamente,
traduzem nas suas memórias de viagem.</span></p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"> Alguns
optam por regressar e fixam-se no Pico. Quantos são, ao certo, não
consegui apurar.</span></p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"> Recentemente,
numa festividade desta Ponta da Ilha, a presença de casais
</span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKW9JYRYLG-J9izUfvTpxDbJZsDhB_JkiU8hZfXNJTahO4zqW5QFNjqBZZE1NE2c8iTsVCOgI0GLPmJjA5i1k1DeyMgGgi95zZnTCljKOJxgzWOF09ixdH_fNA_y0t5nlnvB8XwhvGFl-xy33NSJGan7d0xDy9wMf61HPuOOKIG5Pctn0NQADvKjxy1hM/s2048/ermida%20da%20manhenha-1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="1152" data-original-width="2048" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKW9JYRYLG-J9izUfvTpxDbJZsDhB_JkiU8hZfXNJTahO4zqW5QFNjqBZZE1NE2c8iTsVCOgI0GLPmJjA5i1k1DeyMgGgi95zZnTCljKOJxgzWOF09ixdH_fNA_y0t5nlnvB8XwhvGFl-xy33NSJGan7d0xDy9wMf61HPuOOKIG5Pctn0NQADvKjxy1hM/s320/ermida%20da%20manhenha-1.jpg" width="320" /></a></span></div><span style="font-size: small;"><br />estrangeiros, que dificilmente se confundem com os naturais, era tal
que chamou-me a atenção. Indaguei junto de pessoas conhecedoras
deste assunto (normalmente os comerciantes e empresários da
construção civil são os melhor informados) e disseram-me que na
Piedade residem cerca de meia centenas de estrangeiros europeus.
Talvez seduzidos pelo clima, pela paisagem das ilhas em frente, pela
facilidade de transportes aéreos e pelo acesso às novas plataformas
digitais, etc. O certo é que os preços no mercado imobiliário
aumentaram significativamente, de tal modo que os jovens picoenses
veem-se e desejam-se para adquirir uma casa.</span><p></p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"> O
poder de compra dos estrangeiros é superior e uma casa antiga, mesmo
sem condições de habitabilidade é facilmente recuperada e
transformada num espaço acolhedor. </span>
</p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"> Não
fosse a falta de mão de obra e o mercado imobiliário teria ainda
maior expansão. Mesmo assim, de ano para ano, nota-se um
desenvolvimento significativo do “Alojamento local”.</span></p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"> Quem
fica a perder são os jovens que pretendem constituir família e ter
o seu próprio lar, sem sair da terra. Para estes, as entidades
públicas (Câmaras e Governo) têm a obrigação de encontrar,
rapidamente, respostas que impeçam o êxodo para outras ilhas mais
populosas ou a fuga para a União Europeia.</span></p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"> Os
apoios financeiros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e
outros fundos estruturais europeus têm em conta essas necessidades.
Importa que as instituições atuem com celeridade e dinamismo.</span></p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"> Não
sou contra a vinda de “novos povoadores”. A Ilha necessita deles
para rejuvenescer e revitalizar-se. O seu elevado poder de compra,
porém, faz-se sentir nos bens de consumo, no comércio e nos
serviços e até na própria restauração. As consequências são
por demais evidentes, no aumento da inflação. </span>
</p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-size: small;"> Estas
são situações novas que se colocam aos responsáveis e às
instituições: ao empresariado, ao mercado do emprego e da
valorização profissional e até à terceira-idade cujas subvenções
sociais cada vez menos suportam os aumentos do custo de vida e os
gastos com a saúde.</span></p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"> Numa
ilha cada vez mais envelhecida, em que as projeções demográficas
apontam para números inferiores aos 13 mil habitantes dentro de
poucos anos, estes são fatores a ter em conta num processo de
crescimento.</span></p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"> O
Pico carece de “novos povoadores” que tragam vitalidade e
dignidade aos que aqui nascemos e vivemos. </span>
</p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"> Dispensamos
os possuidores de vistos “gold” que aqui pretendam instalar-se
apenas para enriquecer-se a si próprios. Não são bem-vindos.</span></p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"> Que
venham outros, iguais a nós, partilhar a ilha que é nossa e a
beleza da “Montanha do meu destino”.</span></p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"> Engrade,
15 de setembro de 2023</span></p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p><style type="text/css">P { margin-bottom: 0.21cm }</style></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-29931659718545044242023-09-09T09:42:00.001+00:002023-09-24T17:42:54.432+00:00As Festas da Ponta<p> <br /> <br /> A História das localidades pequenas e grandes tem sempre espaço para pessoas que desempenharam funções sociais de alguma relevância.<br /> Não me refiro apenas às chamadas “figuras típicas”.<br /> Houve homens e mulheres cuja notoriedade se ficou a dever ao comportamento humilde, simples e à prestação de serviços à comunidade.<br /> Nestas paragens da Ponta da Ilha, por onde ando desde tenra idade, conheci pessoas que ainda hoje recordo com admiração e estima.<br /> Uma delas é o Senhor Francisco Xavier – comerciante com estabelecimento no Curral da Pedra, nos baixos da casa da professora Dona Ana Serpa.<br /> Na loja do Sr. Xavier havia um pouco de tudo:dos produtos alimentares mais usuais às velas e equipamentos de iluminação, dos novelos de linhas para renda e crochet aos medicamentos mais usuais como o popular Saridon ou produtos de primeiros socorros.<br /> Estou a vê-lo no interior do minúsculo espaço, óculos descaídos até à ponta do nariz, procurando satisfazer e agradar aos clientes com a amabilidade e compreensão que todos lhe reconheciam.<br /> Esse modo de ser e estar adveio-lhe, certamente, de qualidades naturais e da experiência adquirida quando empregado da farmácia da Vila. Os clientes e utentes valorizavam esses dotes. Durante muitos anos, os farmacêuticos produziam os próprios medicamentos, consoante receituário médico, o que lhes dava uma certa experiência no combate a determinadas maleitas. Na posse desses saberes, as pessoas consultavam-nos na ausência de médico. <br /> No tempo não havia nem enfermeiros, nem centros de saúde na ilha. Eram os farmacêuticos que os substituíam, dando injeções, fazendo curativos e o mais que a saúde das populações exigia.<br /> O Sr. Francisco Xavier executava esses serviços na freguesia da Piedade, como outros e outras o fizeram noutras localidades, a bem do serviço e dedicação ao próximo.<br /> No Curral da Pedra, havia mais duas mercearias: a do Marcelino, sempre aberta à chegada da camioneta da carreira, a taberna do João Raulino, encerrada com a morte do genro Manuel (Faial) e o estabelecimento do Luís Ávila, junto do salão Paroquial. Abaixo da igreja o João Peixoto tinha uma mercearia e loja de fazendas. No Curral da Pedra, Aberto Faustino tinham um botequim e uma oficina de carpintaria e na estrada regional Piedade-Lajes, João Pimentel construiu um estabelecimento de fazendas e de produtos destinados à lavoura, que ainda hoje a família mantém.<br /> Mais tarde, o Sr. Francisco Xavier passou a sua loja a José Lima que nessa função foi ajudado pelo Virgínio.<br /> O Virgínio era também uma pessoa muito conhecida. <br /> Homem forte e jovial, conheci-o como sacristão no tempo do Pe Francisco V. Soares (o padre novo).<br /> Vivia sozinho e dedicava-se à agricultura. A sua agradável presença fazia-se anunciar pela forte gargalhada e simpatia que transmitia fosse a quem fosse.<br /> O Virgínio era uma figura da Piedade e no cargo de sacristão, desempenhava as funções com desvelo e piedade, pelo que era respeitado pelos fiéis. (foto Igreja da Piedade)</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh7RBpEDYFeaoEOLb4lNuKLkvPUG0esjiluJ3YpWx6qhU69Y3sm51aU4PnHeD2THjW-bwmoVI4e5rcNzEVvPrY1z4NvrSyFBXaOT2vi3iSwEcdr0oJigHAe-6VvtACst5kz5QRfF-npOzMKKpULUZqxedZq9R_xyiV6rJSGFhhXTJQGbIDqsbAQaNnmDs/s4096/igreja%20da%20Piedade.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="4096" data-original-width="3072" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh7RBpEDYFeaoEOLb4lNuKLkvPUG0esjiluJ3YpWx6qhU69Y3sm51aU4PnHeD2THjW-bwmoVI4e5rcNzEVvPrY1z4NvrSyFBXaOT2vi3iSwEcdr0oJigHAe-6VvtACst5kz5QRfF-npOzMKKpULUZqxedZq9R_xyiV6rJSGFhhXTJQGbIDqsbAQaNnmDs/s320/igreja%20da%20Piedade.jpg" width="240" /></a></div><br /><br /> Outros cidadãos recordo dos tempos de criança pelas funções públicas que desempenhavam: o regedor João Maria da Cunha, o regente da filarmónica e da capela Manuel Soares, Antonico Manha que foi Presidente da Junta de freguesia, o Dr Eduardo Machado Soares que foi médico no Corvo e o Eng. Simas Azevedo, responsável pelo Posto Agrícola Matos Souto e a quem a Piedade muito deve.<br /> Vem tudo isto a propósito das celebrações festivas que na Piedade ocorrem por estes dias.<br /> No dia 8, a festa em honra da padroeira, Nossa Senhora da Piedade. (foto da imagem antiga)<br /> <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUyIBkdVbx84d1TXQIkRJBc3HR9eRbY-S2P1TbWnLayqXGGpzIP08LT-pzfBpaBU2pbllIDGQITi9jUGro2-d2AyOyED3ufcqSWHZ2N_S_TWUJl_MG2GyiPwCowpNOpgcwUWwiJYkJ3mL7bm_KELTTzsLhrGKOeUIh_1wjX7SKXOo2TaxdDD0kVkahV4Q/s4096/N.Sra%20da%20Piedade.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4096" data-original-width="3072" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUyIBkdVbx84d1TXQIkRJBc3HR9eRbY-S2P1TbWnLayqXGGpzIP08LT-pzfBpaBU2pbllIDGQITi9jUGro2-d2AyOyED3ufcqSWHZ2N_S_TWUJl_MG2GyiPwCowpNOpgcwUWwiJYkJ3mL7bm_KELTTzsLhrGKOeUIh_1wjX7SKXOo2TaxdDD0kVkahV4Q/s320/N.Sra%20da%20Piedade.jpg" width="240" /></a></div><br /> Nos anos 60, era uma festividade muito concorrida, pois as populações da Ponta, do concelho das Lajes e do lado norte da ilha acompanhavam as suas filarmónicas aos arraiais e procissão.<br /> A primitiva imagem de Nossa Senhora da Piedade, colocada sobre o mesão de madeira preta do Brasil foi substituída, há cerca de uma década, por outra, alegando-se impossibilidade de reabilitação.<br /> As ofertas dos fiéis em bonecos de massa são uma característica desta e de outras festas da Piedade. “A massa (…) é geralmente igual à dos biscoitos e a sua origem deve vir de tempos muito antigos”1. Alguns bonecos atingem 70 cm ou mais de comprimento e representam pessoas, cabeças, braços, mãos, pernas, pés ou mesmo animais domésticos, consoante o beneficiário da graça recebida. <br /> Este domingo, realiza-se também na Ermida da Engrade, sob a invocação de São João Paulo II, a Festa em honra do Papa polaco, promovida pela Associação dos Amigos da Engrade. <br /> O templo foi inaugurado em 15 de setembro de 2014. (ver foto)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIRMkTVOKosYF5CBcmboJkRJDhQrSlSCnWzFkZVSJgpGHg6rFW0TERaS-n13Mw8f0SaayXqQuXAan9bik1AWrilIJwYrGbhdHKskuxHs4ivR4fMNweC27NqSIoZ6Cs43xMeJR4bZm-z8rYZ-MUFpy86Q53RxpCcmFDTdR1Xs7oToqfvhH6DPm9D--bkwc/s3840/ermida%20s.jo%C3%A3o%20paulo%20II.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="3840" data-original-width="2592" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIRMkTVOKosYF5CBcmboJkRJDhQrSlSCnWzFkZVSJgpGHg6rFW0TERaS-n13Mw8f0SaayXqQuXAan9bik1AWrilIJwYrGbhdHKskuxHs4ivR4fMNweC27NqSIoZ6Cs43xMeJR4bZm-z8rYZ-MUFpy86Q53RxpCcmFDTdR1Xs7oToqfvhH6DPm9D--bkwc/s320/ermida%20s.jo%C3%A3o%20paulo%20II.jpg" width="216" /></a></div><p><br /><br /> A devoção ao Papa que visitou os Açores em 11 de maio de 1991, tem expressão popular, pois é ainda recordada a atividade desenvolvida por Wojtyła na afirmação da igreja no mundo, através das 129 viagens realizadas. Lembro que as Jornadas Mundiais da Juventude foram iniciativa sua. <br /> Recordo também, do seu pontificado de 26 anos - o terceiro mais longo da História da Igreja -, as 14 encíclicas, 11 das quais dedicadas ao aprofundamento das verdades da Fé e três às questões sociais, nomeadamente, questões laborais (Laborem Exercens (1981) sobre o trabalho humano;(Sollicitudo rei socialis (1987)- no 20º aniversário da encíclica de Paulo VI Populorum Progressio; e a Centesimus annus (1991), no centenário da Rerum Novarum de Leão XIII.<br /> O pontificado de Wojtila não foi isento de críticas, sobretudo por a Sagrada Congregação da Fé, presidida pelo Cardeal Ratzinger, ter proibido antigos peritos conciliares, de reconhecida competência, de lecionarem disciplinas de teologia em universidades católicas.<br /> Essas páginas da História Eclesiástica foram, entretanto ultrapassadas, graças à abertura do Papa Francisco e à realização do Sínodo que ocorrerá a partir de outubro no Vaticano, visando encontrar respostas evangélicas à missão atual da Igreja e do Povo de Deus.<br /><br /> Engrade,7 de setembro de 2023<br /><br /> José Gabriel Ávila<br /> jornalista c.p. 239 A<br /><br /> http://escritemdia.blogspot.com<br /></p><p>
</p><p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: medium;"><b>As Festas
da Ponta (jornal Ilha Maior)<br /></b></span></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> A História das
localidades pequenas e grandes tem sempre espaço para pessoas que
desempenharam funções sociais de alguma relevância.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Não me refiro apenas às
chamadas “figuras típicas”.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Houve homens e mulheres
cuja notoriedade se ficou a dever ao comportamento humilde, simples e
à prestação de serviços à comunidade.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Nestas paragens da Ponta
da Ilha, por onde ando desde tenra idade, conheci pessoas que ainda
hoje recordo com admiração e estima.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Uma delas é o Senhor
Francisco Xavier – comerciante com estabelecimento no Curral da
Pedra, nos baixos da casa da professora Dona Ana Serpa.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Na loja do Sr. Xavier
havia um pouco de tudo:dos produtos alimentares mais usuais às velas
e equipamentos de iluminação, dos novelos de linhas para renda e
crochet aos medicamentos mais usuais como o popular Saridon ou
produtos de primeiros socorros.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Estou a vê-lo no
interior do minúsculo espaço, óculos descaídos até à ponta do
nariz, procurando satisfazer e agradar aos clientes com a amabilidade
e compreensão que todos lhe reconheciam.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Esse modo de ser e estar
adveio-lhe, certamente, de qualidades naturais e da experiência
adquirida quando empregado da farmácia da Vila. Os clientes e
utentes valorizavam esses dotes. Durante muitos anos, os
farmacêuticos produziam os próprios medicamentos, consoante
receituário médico, o que lhes dava uma certa experiência no
combate a determinadas maleitas. Na posse desses saberes, as pessoas
consultavam-nos na ausência de médico.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> No tempo não havia nem
enfermeiros, nem centros de saúde na ilha. Eram os farmacêuticos
que os substituíam, dando injeções, fazendo curativos e o mais que
a saúde das populações exigia.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O Sr. Francisco Xavier
executava esses serviços na freguesia da Piedade, como outros e
outras o fizeram noutras localidades, a bem do serviço e dedicação
ao próximo.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> No Curral da Pedra,
havia mais duas mercearias: a do Marcelino, sempre aberta à chegada
da camioneta da carreira, a taberna do João Raulino, encerrada com a
morte do genro Manuel (Faial) e o estabelecimento do Luís Ávila,
junto do salão Paroquial. Abaixo da igreja o João Peixoto tinha uma
mercearia e loja de fazendas. No Curral da Pedra, Aberto Faustino
tinham um botequim e uma oficina de carpintaria e na estrada regional
Piedade-Lajes, João Pimentel construiu um estabelecimento de
fazendas e de produtos destinados à lavoura, que ainda hoje a
família mantém e Leonel Soares um posto dos CTT e um serviço de
taxis.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Mais tarde, o Sr.
Francisco Xavier passou a sua loja a José Lima que nessa função
foi ajudado pelo Virgínio.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O Virgínio era também
uma pessoa muito conhecida. Forte e jovial, conheci-o como sacristão
no tempo do Pe Francisco V. Soares (o padre novo).</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Cuidava de duas idosas e
dedicava-se à agricultura. A sua agradável presença fazia-se
anunciar pela forte gargalhada e simpatia que transmitia fosse a quem
fosse.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O Virgínio, no cargo de
sacristão, desempenhava as funções com desvelo e piedade, pelo que
era respeitado pelos fiéis. (foto Igreja da Piedade)</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Outros cidadãos recordo
dos tempos de criança pelas funções públicas que desempenhavam: o
regedor João Maria da Cunha, o regente da filarmónica e da capela
Manuel Soares, Antonico Manha que foi Presidente da Junta de
freguesia, o Dr Eduardo Machado Soares que foi médico no Corvo e o
Eng. Simas Azevedo, responsável pelo Posto Agrícola Matos Souto e a
quem a Piedade muito deve.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Vem tudo isto a
propósito das celebrações festivas que na Piedade ocorrem até ao
final do mês.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> No dia 8, foi a festa em
honra da padroeira, Nossa Senhora da Piedade. Nos anos 60, era muito
concorrida, pois as populações da Ponta, do concelho das Lajes e do
lado norte da ilha acompanhavam as suas filarmónicas aos arraiais e
procissão.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> A primitiva imagem de
Nossa Senhora da Piedade, colocada sobre o mesão de madeira preta do
Brasil foi substituída, há cerca de uma década, por outra,
alegando-se impossibilidade de reabilitação.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> As ofertas dos fiéis em
bonecos de massa são típicas desta e de outras festas da Piedade.
“A massa (…) é geralmente igual à dos biscoitos e a sua origem
deve vir de tempos muito antigos”<sup><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote1sym" name="sdendnote1anc"><sup>1</sup></a></sup>.
Alguns bonecos atingem 70 cm ou mais de comprimento e representam
pessoas, cabeças, braços, mãos, pernas, pés ou mesmo animais
domésticos, consoante o beneficiário da graça recebida.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> No domingo a seguir
realizou-se na Ermida da Engrade, sob a invocação de São João
Paulo II, a Festa em honra do Papa polaco, promovida pela Associação
dos Amigos da Engrade.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O templo foi inaugurado
em 15 de setembro de 2014 e é o único com edifício próprio.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> No próximo domingo, no
lugar do Calhau- Piedade, onde fica uma das mais abrigadas baías da
ilha, realiza-se a festa de Nossa Senhora da Boa Viagem, promovida
pelo Centro Cultural e Recreativo. Do programa de três dias, fazem
parte uma noite de Chamarritas, serões com conjuntos musicais e
celebrações religiosas no domingo.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnm3ivGgTpnf_UHd4OVSamqskO5djW4cDI7oT3gbzTmlHEJ2MfYE4somh61Oqxd3yTfvtlaw-SSk62DEI4xf7XmQ_htL7VcIxcukbAP4Zqszi7jvaWr0DoY5ylfr2NisnvPptICTrLic6ORUyRqD2zgQ5AoAxIbcS1ngk3JGFHyYRNVP2AZHyHee5ODwg/s2048/ermida%20da%20manhenha-1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="1152" data-original-width="2048" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnm3ivGgTpnf_UHd4OVSamqskO5djW4cDI7oT3gbzTmlHEJ2MfYE4somh61Oqxd3yTfvtlaw-SSk62DEI4xf7XmQ_htL7VcIxcukbAP4Zqszi7jvaWr0DoY5ylfr2NisnvPptICTrLic6ORUyRqD2zgQ5AoAxIbcS1ngk3JGFHyYRNVP2AZHyHee5ODwg/s320/ermida%20da%20manhenha-1.jpg" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Estas festividades de
fim de verão terminam, na Piedade, no lugar da Manhenha. Dos dias 22
a 24 do corrente, realiza-se a Festa, em honra de Nossa Senhora das
Mercês, promovida pela Liga dos Amigos da Manhenha. Do programa
constam, no sábado, regatas de botes baleeiros a remo e à vela,
tourada à corda, chamarritas, espetáculos musicais e celebrações
litúrgicas. Em anos recuados, foi muito concorrida, apesar das
dificuldades de acesso. Então, as adegas abriam portas aos amigos e
forasteiros, sempre com mesa recheada de bons petiscos e do saboroso
vinho de cheiro.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> É assim. Os promotores
das festas de verão tudo fazem para recuperar as antigas práticas
das gentes da Ponta da Ilha, virada a São Jorge e à Terceira. É
que a alegria dá vida.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><strong><span style="color: black;"><span style="font-size: small;"><span style="font-style: normal;"><span style="text-decoration: none;"><span style="font-weight: normal;"> Engrade,12
de setembro de 2023</span></span></span></span></span></strong></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><strong><span style="color: black;"><span style="font-size: small;"><span style="font-style: normal;"><span style="text-decoration: none;"><span style="font-weight: normal;"> José
Gabriel Ávila</span></span></span></span></span></strong></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><strong><span style="color: black;"><span style="font-size: small;"><span style="font-style: normal;"><span style="text-decoration: none;"><span style="font-weight: normal;"> jornalista
c.p. 239 A</span></span></span></span></span></strong></p>
<div id="sdendnote1">
<p class="sdendnote"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote1anc" name="sdendnote1sym">1</a><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-weight: normal;">Coelho,
Manuel de Ávila, “A freguesia de Nossa Senhora da Piedade na ilha
do Pico”, Boletim do NC da Horta, vol.2,nº3, 1961, reedição:
set 2015, Junta de Freguesia da Piedade</span></span></p>
</div>
<p><style type="text/css">P.sdendnote { margin-left: 0.5cm; text-indent: -0.5cm; margin-bottom: 0cm; font-size: 10pt }P { margin-bottom: 0.21cm }A.sdendnoteanc { font-size: 57% }</style><br /><br /> <br /> <br /> <br /> <br /></p><p></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-70521209778418347862023-09-02T16:42:00.001+00:002023-09-02T16:42:10.315+00:00Luzeiros do Mar<p>
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> <b>Farol da Ponta da
Ilha </b></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Desde muito novo,
habituei-me à luz intermitente do Farol da Ponta da Ilha iluminando
a escuridão, quando os benefícios da energia elétrica ainda não
haviam chegado à costa leste da ilha do Pico.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><a name="MainContent_SubSiteContent_lblDescriptio"></a><a name="MainContent_SubSiteContent_lblSummary"></a>
O edifício foi construído em pedra, em 1946 em forma de U. Tem uma
torre quadrangular branca, com 19 m de altura, dispõe de lanterna
vermelha. É considerado pela Direção-Geral do Património Cultural
um “Farol costeiro, de 3ª ordem, possuindo uma característica de
grupos de 3 relâmpagos brancos com um período de 15 segundos, com
alcance luminoso de 24 milhas, situando-se o plano focal a 29 m de
altitude.“<sup><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote1sym" name="sdendnote1anc"><sup>1</sup></a></sup></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> No conjunto do edifício
existem habitações para três faroleiros da guarnição e
instalações e oficinas de apoio.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O imóvel, segundo a
mesma fonte, foi implantado numa propriedade de mil metros quadrados
de um prédio rústico sito ao Calvino, freguesia da Piedade,
adquirida em 1942 a Maria Adelaide Gomes e marido e Paulina Gomes
Ávila e marido, pelo preço de 200$00. (Foto anexa)</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUZVp5sxfP8ouZrrxFNgo_TagPc4BlSblqLW5QSDhNvBb_TkWz0HY_dk5zv1bRLyOvvT45hn2yHWKsZiV5wODg7TCfpuL9XWSPbphIaAGILy3lh9lIph_pnGeLeQyh1of8OXM3Dss8zzlcGTIrSh7HBv4O4ES6h88CIzikZ9aN3LnJFt9LlY3RkUy6Gho/s4096/farol%20manhenha.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="3072" data-original-width="4096" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUZVp5sxfP8ouZrrxFNgo_TagPc4BlSblqLW5QSDhNvBb_TkWz0HY_dk5zv1bRLyOvvT45hn2yHWKsZiV5wODg7TCfpuL9XWSPbphIaAGILy3lh9lIph_pnGeLeQyh1of8OXM3Dss8zzlcGTIrSh7HBv4O4ES6h88CIzikZ9aN3LnJFt9LlY3RkUy6Gho/s320/farol%20manhenha.jpg" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Em 1946 entrou em
funcionamento, com “um aparelho óptico de 5ª ordem (187.5mm de
distância focal), sendo a fonte luminosa a incandescência pelo
vapor de petróleo e como reserva possuía um candeeiro de nível
constante; o seu alcance luminosos era de 26 milhas.”
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Em Agosto de 1958,
procedeu-se à electrificação, passando a luz a ser fornecida por
uma lâmpada de incandescência de 3000 W, que lhe proporcionava um
alcance luminoso de 35 milhas. Em 1960, o aparelho óptico foi
substituído por outro igual, devido ao mau estado do existente. Em
1987, nova substituição do equipamento por um mais moderno, de
ópticas seladas montadas num pedestal rotativo, com reservas de
alimentação e fonte luminosa incorporadas.” <sup><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote2sym" name="sdendnote2anc"><sup>2</sup></a></sup></p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O Farol da Manhenha foi,
durante largos anos, uma referência para a população da Ponta da
Ilha. Em anos de seca, quando as cisternas privadas já não
respondiam às necessidades básicas dos veraneantes, a população
recorria ao tanque de água a céu aberto anexo ao edifício
central. Serviço preponderante prestava também o telefone do Farol,
estabelecendo comunicações com o exterior.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Essa função ia ao
ponto de o chefe do farol, Sr. Medeiros, mandar deslocar um faroleiro
para avisar alguém de uma chamada urgente, fosse oficial ou não.
Quantas vezes isso aconteceu a meu pai que tinha de deslocar-se 3 ou
4 Kms a pé e aguardar pelo telefonema?!...</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Outros tempos, sem
paralelo com a facilidade de comunicações de hoje.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O Farol da Manhenha,
também teve uma importância relevante na escassa oferta de emprego.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Muitos jovens picoenses
da Ponta e da Ilha em geral seguiram a profissão de faroleiros,
“seduzidos”,certamente, pelas competências formativas recebidas
para o desempenho da função, e pelo valor do salário e das
condições de habitabilidade. Este contributo deve ser reconhecido
como homenagem ao Farol da Ponta do Calvino e aos faroleiros que nele
trabalharam.
</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Nunca é demais
reconhecer a relevante integração da instituição no meio e o seu
contributo e apoio às atividades sócio-económicas. Tão importante
como o papel desempenhado pelo Posto Agrícola Matos Souto na
formação agrícola e na fixação e emprego da população juvenil.</p>
<p align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Estas são razões que
merecem ser conhecidas pelos mais novos e divulgadas às centenas de
visitantes do Farol da Manhenha que desempenha um papel essencial na
rota dos navios que circulam pela costa leste da ilha do Pico.</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> <b>Faróis dos Açores</b></p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><b> </b><span style="font-weight: normal;">Em
Portugal, o primeiro farol foi construído em 1520 no Cabo de São
Vicente.</span></p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> Nos Açores, só
passados três séculos, em 1870, é que os responsáveis do reino
entenderam que as ilhas tinham de possuir essas estruturas de apoio à
navegação marítima.</p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> O primeiro farol
a ser construído foi em 1876, na Ponta do Arnel, no Nordeste.</p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> Presentemente,
segundo dado da Autoridade Marítima Nacional, existem 16 faróis no
arquipélago. Em Santa Maria: Gonçalo Velho (na Ponta do Castelo);
São Miguel: Arnel, Ponta Garça, Santa Clara, Ferraria (na foto) </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOE6jsSECDwcX96AfxPjeueXI8j1MUIp4mt3fs_dPYOtwK2ApX2xF6xnp0m-Ddn0570SSyziJZV6rAmNsJvq-u6HhQK_PpesTT3G7nvdDTUJHY-fOgAzLRnmgIYKOD_NHj4goSCBp33wqLX0UOr-QsXmO55a_i6J4p7IHAw4if3FNjG1Gy80d9HAuoQfg/s4075/Farol%20ferraria.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3055" data-original-width="4075" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOE6jsSECDwcX96AfxPjeueXI8j1MUIp4mt3fs_dPYOtwK2ApX2xF6xnp0m-Ddn0570SSyziJZV6rAmNsJvq-u6HhQK_PpesTT3G7nvdDTUJHY-fOgAzLRnmgIYKOD_NHj4goSCBp33wqLX0UOr-QsXmO55a_i6J4p7IHAw4if3FNjG1Gy80d9HAuoQfg/s320/Farol%20ferraria.jpg" width="320" /></a></div><br />e
Ponta do Cintrão; na Terceira: Contendas e Serreta; em São Jorge:
Ponta do Topo e Rosais; Graciosa: Carapacho e Ponta da Barca, com 23
metros de altura; Pico: Ponta da Ilha; Faial: Ribeirinha; Flores:
Ponta das Lajes e Ponta do Abarnaz.<p></p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-weight: normal;"> Todos
eles se destacam na paisagem insular, como sucedeu no Mediterrâneo
com o primeiro Farol construído na ilha de Faros, Alexandria, no ano
de 280 antes de Cristo e destruído por um sismo em 1326. Segundo
estimativas, julga-se a torre que tivesse uma altura entre 120 e 137
metros. Era uma das sete maravilhas do mundo antigo, sendo que por
muitos séculos foi uma das estruturas mais altas, tal o movimento
marítimo registado naquela área.</span><sup><span style="font-weight: normal;"><a class="sdendnoteanc" href="#sdendnote3sym" name="sdendnote3anc"><sup>3</sup></a></span></sup></p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> As comunicações
inter-ilhas tiveram nas últimas décadas um desenvolvimento
apreciável. Mas há sete e oito dezenas de anos, entre o norte do
Pico e o sul de São Jorge, era frequente as famílias comunicarem-se
através de fogueiras para anunciar fatos importantes.
</p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> O mesmo faziam os
vigias da baleia que, na falta do meio rádio, usavam panos brancos
para indicar a movimentação e direção dos cetáceos. A exemplo
dos povos primitivos.</p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> Felizmente, as
comunicações tiveram um avanço incomparável e, ao falarmos desses
equipamentos, consideramo-los sobretudo como património histórico
que importa preservar.</p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> É o caso do
Farol da Ribeirinha, Faial, construído em 1919, fortemente afetado
pelo sismo de 1998.</p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> Foi prometida a
sua recuperação, mas, como diz o ditado: “verba volant...”-
palavras leva-as o vento...</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> Engrade, Pico, 30
de agosto de 2023</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> José Gabriel
Ávila</p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> jornalista c. p.
239 A</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-weight: normal;"> </span><span style="color: navy;"><span lang="zxx"><u><a href="http://escritemdia.blogspot.com/"><span style="font-weight: normal;">http://escritemdia.blogspot.com</span></a></u></span></span></p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> </p>
<p style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> </p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> </p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> </p>
<p style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> </p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> </p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> </p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> </p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"> </p>
<p style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<div id="sdendnote1">
<p class="sdendnote"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote1anc" name="sdendnote1sym">1</a><span style="font-size: xx-small;">http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=12774</span></p>
</div>
<div id="sdendnote2">
<p class="sdendnote"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote2anc" name="sdendnote2sym">2</a><span style="font-size: xx-small;">ibidem</span></p>
</div>
<div id="sdendnote3">
<p style="margin-bottom: 0cm;"><a class="sdendnotesym" href="#sdendnote3anc" name="sdendnote3sym">3</a><span style="font-size: xx-small;">
https://www.ancruzeiros.pt/far%c3%b3is-de-portugal</span></p>
</div>
<p><style type="text/css">P.sdendnote { margin-left: 0.5cm; text-indent: -0.5cm; margin-bottom: 0cm; font-size: 10pt }P { margin-bottom: 0.21cm }A:link { so-language: zxx }A.sdendnoteanc { font-size: 57% }</style></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8751547382951906448.post-80026672356007559412023-08-28T17:57:00.000+00:002023-08-28T17:57:08.465+00:00 A SENHORA DAS ILHAS<p><br /><br /><br /> Chamam-lhe Nossa Senhora de Agosto, mas ela personifica todas as invocações que a piedade popular lhe atribui desde os tempos mais remotos.<br /> Na ilha do Pico, na data de 15 de Agosto, também se celebra a Ascensão sob invocações diversas: Mãe de Deus, na paróquia da Silveira - Lajes do Pico, Senhora da Ajuda, na Prainha do Norte e Senhora da Ascensão em São Caetano, também conhecida por Prainha do Sul. Mas não se ficam por aqui as invocações que a piedade popular associa à Virgem: Senhora da Boa Viagem, em Santa Cruz das Ribeiras; Senhora da Piedade, na freguesia da Piedade; Imaculada Conceição, na Ribeirinha; Senhora do Carmo, em Santo Amaro; Senhora do Livramento, no Cais do Pico; Senhora da Boa Nova, nas Bandeiras; Senhora das Candeias, na Candelária; Senhora da Alegria, em São Mateus; Senhora do Rosário, em São João e Senhora de Lourdes nas Lajes.1<br /> Segundo Manuel Fidalgo2 “actualmente [1990] existem nas nove ilhas 171 igrejas e ermidas dedicadas a Nossa Senhora”, número bastante inferior ao publicado em Angra, em 1943, pelo picoense Dr Garcia da Rosa no seu livro Maria Santíssima e as Belas Artes.<br /> Seja como for, de Santa Maria ao Corvo e, nomeadamente na Ilha do Pico, “em todas as paróquias há uma muito especial devoção a Nossa Senhora”3<br /><br /> Devoção a Nossa Senhora de Lourdes<br /><br /> As aparições da Imaculada Conceição a Bernardette Soubirou ocorridas em 1858, entre 11 de fevereiro e 16 de julho, na gruta de Massabielle, em Lourdes, no sul da França, cedo se propagaram pela Europa. <br /> “A fama de Lourdes cresceu muito nos anos seguintes a 1858, quando mais de 2.000 curas sem explicações foram reconhecidas pelo posto médico instalado no local. Entretanto, a Igreja também reconheceu cerca de sete dezenas destas curas como sendo “milagrosas” e validou oficialmente as “aparições” logo em 1862.”4<br /> Não admira, pois, que os relatos das curas tenham chegado a estas ilhas e que os feitos prodigiosos tenham entusiasmado a piedade dos fiéis e dos seus pastores. <br /> Segundo José Carlos, citado por E.Avila (opus cit.) “são onze os templos dedicados nestas ilhas à Senhora Aparecida”.<br /> O Bispo D. João Paulino no artigo sob o título “A Imagem” publicado no jornal “Peregrino de Lourdes” de 13/07/1889, escreve: “A 4 de Setembro de 1883 chegou a imagem à vila das Lajes, onde era esperada com impaciente sofreguidão”. (Avila:2016,p.52)<br /> Outra imagem chegou em 16 de setembro de 1883 à paróquia da Feteira, Faial, onde esta semana se realizam também as solenidades em honra da Senhora de Lourdes. No ano seguinte, por influência do Pároco de Santo Antão do Topo, Francisco Xavier de Azevedo e Castro, irmão do lajense D. João Paulino, Bispo de Macau, a terceira imagem da Virgem de Massabielle foi introduzida na paróquia de Santo Antão do Topo.<br /> A devoção foi crescendo e, em 1901, a igreja da Criação Velha recebe uma imagem da Senhora de Lourdes e um ano depois a paroquial da Madalena. </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPeZqNCjJVLXJo7Loo4MtKl1dtciVFthWOPu_fmEGsf9uQPFsejaVDseAexlWBkjfU7Dom9rBUvTXfD78RS3JDWjojPl2C0o7md5s0gpJ1JyQMj_Ml3KjbZKXRmp-JYL6Z1gFNc3T8oE6v_HJOh7MuDdpJixMrxeGhkH4frJNm9X3Lie8jGLmxctBReM8/s4096/NS%20Lourdes%20Prainha%20do%20norte.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="4096" data-original-width="3072" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPeZqNCjJVLXJo7Loo4MtKl1dtciVFthWOPu_fmEGsf9uQPFsejaVDseAexlWBkjfU7Dom9rBUvTXfD78RS3JDWjojPl2C0o7md5s0gpJ1JyQMj_Ml3KjbZKXRmp-JYL6Z1gFNc3T8oE6v_HJOh7MuDdpJixMrxeGhkH4frJNm9X3Lie8jGLmxctBReM8/s320/NS%20Lourdes%20Prainha%20do%20norte.jpg" width="240" /></a></div><br /><br /> Anos depois, a devoção estende-se à Prainha do Norte (ver foto) e, na bonita e imponente igreja paroquial é dedicada à Virgem de Massabielle um altar lateral do lado norte. O mesmo aconteceu na paroquial da Piedade. <br /> <br /> Lourdes nas Lajes<br /> <br /> As tradicionais festas em honra de Nossa Senhora de Lourdes, nas Lajes, estiveram, desde sempre ligadas à atividade marítima e baleeira. Foi ali o principal centro baleeiro dos Açores, atividade que conheceu até à sua extinção, em 1982, um apreciável desenvolvimento. <br /> O primeiro bote baleeiro, como hoje o conhecemos foi obra de Francisco José Machado - o Experiente (ver foto). <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZJ3B4MiuJlarUB8BIGMWWHzHOdJ0dI1X42e2uXSQnV4A2p3HgIL20s0-FYZM4qPl_Ny90hanGVlsVDvEyPN0NMghExV0he0nsDPXL1gbOz_9MQHATBbByUbGdSO-Q0OHW8ntCZ2-eDpzI_r9kyMNeIpCk-PIh-xHSlHR3sCew6wQl8BLn9ItTDpkyudM/s743/Foto%20francisco%20Jos%C3%A9%20Machado-%20O%20Experiente_2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="743" data-original-width="481" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZJ3B4MiuJlarUB8BIGMWWHzHOdJ0dI1X42e2uXSQnV4A2p3HgIL20s0-FYZM4qPl_Ny90hanGVlsVDvEyPN0NMghExV0he0nsDPXL1gbOz_9MQHATBbByUbGdSO-Q0OHW8ntCZ2-eDpzI_r9kyMNeIpCk-PIh-xHSlHR3sCew6wQl8BLn9ItTDpkyudM/s320/Foto%20francisco%20Jos%C3%A9%20Machado-%20O%20Experiente_2.jpg" width="207" /></a></div><br /><br /> Aqui foi construída a Fábrica da SIBIL para transformação dos cetáceos em óleo, farinhas e adubos. Aqui existiu uma apreciável frota de embarcações a remos, à vela e a motor, a que estava associada uma interessante atividade de construção e reparação naval. <br /> Ainda no decorrer da atividade baleeira, algumas antigas embarcações foram transformadas em traineiras da pesca do atum, aproveitando-se o saber e experiência dos construtores locais.<br /> A atividade baleeira, através das várias armações, desde sempre, suportaram os encargos com o fogo e festejos externos, nomeadamente as regatas a remos e à vela que ainda perduram. Havia mesmo uma confraria dos marítimos que integravam as cerimónias religiosas.<br /> Ainda hoje, na tradicional procissão do Domingo, os últimos baleeiros e seus descendentes, à proa dos botes, com velas armadas, passam uma corda em redor do andor da Virgem, sinal de ligação à Senhora que, em momentos tormentosos, sempre protegeu os seus antepassados. <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZJm12dzMRiO0IMJcelT0OZuN2Ofqcd89Sz_UNrWxV3U1HE067t24hUfTK03lYEGQTiIgtzGV1Ia7bjn620q0q5G5y3vGThELLvlH42_ft_4JLOyohhknhMUY4pEjpS8vZxVm1I9Kdrl2g3NLCncKjPzNlTg8ppqbH5z78dUtOtCDdCD9pLUgJiJ7qqa0/s1158/2009-10-21%20Baleeiro%20Recil.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="868" data-original-width="1158" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZJm12dzMRiO0IMJcelT0OZuN2Ofqcd89Sz_UNrWxV3U1HE067t24hUfTK03lYEGQTiIgtzGV1Ia7bjn620q0q5G5y3vGThELLvlH42_ft_4JLOyohhknhMUY4pEjpS8vZxVm1I9Kdrl2g3NLCncKjPzNlTg8ppqbH5z78dUtOtCDdCD9pLUgJiJ7qqa0/s320/2009-10-21%20Baleeiro%20Recil.jpg" width="320" /></a></div><br /><br /> Não é correto dizer-se que a devoção à Senhora de Lourdes mantém a mesma dimensão de outros tempos, pese embora as celebrações terem integrado uma procissão de velas e no sábado, uma procissão marítima pela Baía das Lajes.<br /> As circunstâncias alteraram-se e a tradicional religiosidade popular confronta-se com o desinteresse e indiferença da juventude e de muitos adultos. Outros fatores e valores os movem que geram a apatia face ao fenómeno religioso.<br /> Há, no entanto, uma identidade e cultura religiosa que não se apaga, a par de questões pertinentes a que importa dar resposta. Saiba a Igreja compreender essas inquietudes, indo de encontro às preocupações mais profundas do ser humano.<br /> O povo fiel e simples mantém a Fé dos seus antepassados e não se deixa levar por propostas tentadoras que surgem por aí acenando com novos céus e nova terra. <br /> Neste final de agosto, que a Senhora das Ilhas nos traga saúde, alegria e paz!<br /><br /> Lajes do Pico, 23 de agosto de 2023<br /><br /> José Gabriel Ávila<br /> <br /> <br /><p></p>Unknownnoreply@blogger.com0